ÍNDIOS DA RESERVA RAPOSA SERRA DO SOL LEVARÃO CARTA-COMPROMISSO AO PRESIDENTE DA FUNAI

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2007

4 de Setembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Representações indígenas das cinco etnias que vivem na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, não querem mais se envolver nos conflitos pela retirada dos não-índios que ainda permanecem no local. Esse é teor da carta-compromisso que será entregue na próxima semana ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília.

Ainda não foi definido o grupo que viajará à capital federal, mas a iniciativa, segundo o assessor da Casa Civil da Presidência da República em Roraima, Nagib Lima, contribuirá para reduzir os conflitos na região.

Nagib explicou que após encontros, nos últimos 40 dias, entre os indígenas e o comitê gestor, que representa o governo federal no estado, eles concordaram em elaborar a carta-compromisso, "onde reafirmam a disposição de não mais entrar em atrito pela reserva e de apoiar projetos comuns de etno-desenvolvimento na região, a partir da realidade deles".

A lei determina que os 1,7 milhão de hectares da Raposa Serra do Sol são de direito dos 18 mil indígenas que vivem na região. O decreto de homologação da área foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2005.

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o processo de reassentamento dos não-índios da reserva vem sendo realizado desde o ano passado. Para atendê-los, o Incra destinou 31,3 mil hectares de terras da União e 188 famílias estão em processo de reassentamento.

Nos próximos dias, informou ainda o Incra, deverá ser iniciado o georreferenciamento de mais duas áreas para atender aos remanescentes da reserva. Uma força-tarefa composta por pessoal local e mais sete técnicos fará o trabalho, e a expectativa é que sejam atendidas 48 famílias, com parcelas de aproximadamente 430 hectares, e mais 41 com lotes de até 100 hectares.

Os peritos federais agrários do Incra também identificarão mais duas áreas, que totalizam 22 mil hectares, para atender à demanda restante.

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Funcionários da Funai e índios sofrem ameaças em cidade de onde ativistas foram expulsos

4 de Setembro de 2007 - Erich Decat - Da Agência Brasil - Brasília - O clima de tensão instaurado na cidade de Juína (MT) em razão do processo de reavaliação das terras dos índios enawenê nawê é “bastante preocupante”. A constatação é do chefe da Fundação Nacional do Índio (Funai), na cidade, Antônio Ferreira de Aquino.

Aquino conta que a sede da fundação no município foi invadida por fazendeiros contrários à ampliação das terras indígenas um dia depois (21) de um grupo de ativistas e jornalistas estrangeiros terem sido forçados a deixar a cidade, sob escolta policial.

Na ocasião, Aquino, que estava em reunião com o engenheiro florestal Fabrício Estephanio, diz que foi ameaçado. “Eles [os fazendeiros] deixaram a mensagem de que, se a terra indígena for demarcada, nós [os servidores e os indígenas] teremos problemas”, relata.

Estephanio, que trabalha desde 1998 com os Enawenê Nawê, é um dos postulantes a uma vaga no grupo que fará o estudo antropológico e ambiental na área em disputa, que tem aproximadamente 200 mil hectares e fica na região noroeste do Estado, sendo conhecida como Gleba do Rio Preto.

Após as ameaças, o engenheiro se diz temeroso caso venha a ser chamado para preparar o laudo: “Acho interessante que fosse alguém de fora. Moro numa cidade ao lado de Juína e realmente se corre esse risco de retaliações no decorrer do processo ou mesmo após”. Apesar do receio, Estephanio diz que vai aguardar a resposta final da Funai quanto à formação do grupo para tomar alguma decisão.

O temor de algum incidente é compartilhado com Aquino, que sugere que os integrantes do futuro grupo de estudo realizem a análise acompanhados da polícia: “Sugiro que os técnicos que irão fazer a revisão de área dos índios em Juína venham escoltados. Não recomendo que venha só”.

Segundo o funcionário da Funai, também há grande preocupação com a generalização da violência contra os indígenas: “Muitos fazendeiros não distinguem uma etnia da outra, por isso pode ocorrer problemas com os outros índios”.

Os possíveis problemas relatados por Aquino foram vivenciados ontem (3) pelo presidente do Conselho de Saúde Indígena de Juína, Jaime Zehmay, da etnia Rikbatsa. “Recebi uma ligação dizendo que era para eu tomar cuidado com a minha mão e com a minha língua”, relata. “Por estar à frente da saúde indígena na região, os fazendeiros acham que sou eu que estou fazendo os documentos e divulgando-os.”

O prefeito de Juína, Hilton Campos, nega que exista um "ambiente de tensão" na cidade. “A cidade de Juína não é terra sem lei, nunca existiu esse clima e nem vai existir” afirma. “Ninguém vai mexer com ninguém”, acrescenta. Indagado sobre a possibilidade de o grupo de técnicos da Funai ser proibido de ter acesso à área em disputa, como aconteceu com a equipe de jornalistas e ativistas, ele respondeu: “Primeiramente é preciso que seja feita uma audiência pública para debater o assunto”.

Segundo a assessoria do Greenpeace, outros ativistas e lideranças indígenas também estão sofrendo ameaças de morte, por isso a entidade tomou a iniciativa de pedir apoio do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, para tentar solucionar os conflitos.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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