DECLARAÇÃO PREVÊ CONSULTA A INDÍGENAS ANTES DA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2007

13 de Setembro de 2007 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Declaração dos Povos Indígenas, aprovada hoje (13) pela Organização das Nações Unidas (ONU), propõe que os países criem mecanismos para discutir impactos e benefícios da instalação de grandes empreendimentos e da exploração de recursos naturais em terras originais.

“Antes de se instalar um complexo hidrelétrico ou de se autorizar a exploração de minério em terras indígenas, o Estado brasileiro terá agora que escutar as etnias afetadas”, destacou a socióloga Azelene Kaingang, integrante do Warã Instituto Indígena do Brasil.

A medida está em outros acordos internacionais relacionados à proteção da biodiversidade, dentro do princípio do consentimento prévio informado. A meta, explicou, é preservar o meio ambiente e a diversidade cultural dos povos indígenas.

Segundo a socióloga, além de garantir o processo de consulta, será função do Estado assegurar mecanismos de participação "plena e efetiva dos povos indígenas na discussão dos empreendimentos".

A Declaração dos Povos Indígenas, que tem 46 artigos, recomenda medidas para assegurar o direito de participação política dos índios, o acesso à terra e aos recursos tradicionais. Também sugere aos países membros da ONU o respeito à autonomia dos indígenas.

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Projeto de lei prevê estudos do solo antes de demarcação de território indígena

11 de Setembro de 2007 - Leandro Martins - Da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei (o 3.519) que pode mudar os critérios de demarcação dos territórios indígenas. De autoria do deputado João Pizzolatti (PP-SC), o projeto prevê a obrigatoriedade da realização de estudos do solo, antes da demarcação de uma área como território indígena.

O objetivo do parlamentar é evitar conflitos entre indígenas e garimpeiros. O projeto também prevê um mapeamento geológico do país para identificar as riquezas minerais do solo. Segundo o deputado, a idéia é que o país possa aproveitar as riquezas minerais de seu solo, e evitar que se repitam conflitos entre indígenas e garimpeiros, como o ocorrido em abril de 2004 na reserva Roosevelt, em Rondônia.

Na ocasião, 29 garimpeiros foram assassinados por indígenas. O conflito dos Cintas Largas teve como causa a disputa pela ocupação do local, onde se encontra uma das maiores jazidas de diamante do mundo. A exploração de minerais está proibida na área, que é fiscalizada pela Polícia Federal. Paralelamente, lideranças indígenas e o governo federal também discutem uma forma de regulamentar a mineração dentro das reservas.

A deputada Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) é contrária a proposta do projeto de lei. A parlamentar diz que o país precisa aprovar com urgência uma regulamentação de atividades em terra indígena de forma sustentável. Ela teme que a aprovação do projeto possa prejudicar novas demarcações de terras indígenas.

"Se ficar comprovada, por exemplo, a incidência de minério de ferro em terra indígena, a terra não poderá ser demarcada por conta disso?", indagou a parlamentar. O coordenador do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), Raul Silva Telles do Vale, teme que um projeto como esse condicione a demarcação de uma reserva territorial indígena às potencialidades do solo da região a ser demarcada.

O ambientalista adverte que o alto custo e o longo tempo necessários para se fazer um levantamento desse nível pode prejudicar regiões com necessidade imediata de criação de demarcações, sobretudo em regiões amazônicas que estão sofrendo desmatamentos.

"Demarcação de terra indígena, ao contrário do que pressupõe o projeto, não é criação de uma área. O poder público não usa um suposto livre arbítrio e define a localização e o tamanho de uma determinada terra. Pelo contrário, a demarcação de terra indígena é um processo de reconhecimento de uma situação de fato", explica.

A Constituição Federal prevê, no terceiro parágrafo do artigo 231, que é necessária autorização do Congresso Nacional para explorar recursos minerais em terras indígenas.

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Comissão do Senado acompanhará retirada de não-índios de terra indígena em Roraima

9 de Setembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Uma comissão temporária externa do Senado vai acompanhar a retirada dos moradores não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no norte de Roraima. A operação de retirada será executada pela Polícia Federal (PF).

A instalação da comissão foi proposta pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e aprovada na última quarta-feira (5).

O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), indicou Morazildo Cavalcanti como um dos três senadores que integrarão a comissão. Os outros dois nomes ainda serão escolhidos.

Na úlima terça-feira (3), quando assumiu a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o ex-diretor da PF, Paulo Lacerda, informou que a Polícia Federal já tem um planejamento para cumprir ordem judicial de retirada dos não-índios da terra indígena Raposa Serra do Sol.

"De fato, já houve iniciativas para a ação naquela área, mas até o último dia em que eu estive na Polícia Federal, não se executou a medida. Volta e meia, as assessorias jurídicas têm que analisar a situação para saber se podemos dar cumprimento. Mas o fato é que planejamento houve sim, eu confirmo, para a retirada dos não-índios. E lembrando, essa não é uma ação da Polícia Federal, nós apenas somos chamados para cumprir uma ordem judicial", disse.

Para o coordenador do Conselho Indígena de Roraima, Dionito de Souza, a operação é justa, mas deve ser feita com respeito e sem violência.

"Quanto à operação, espero primeiro que os arrozeiros saiam, como já foi determinado, apesar de não terem saído, mas quero que saim logo, com muito respeito e sem machucar ninguém", enfatizou.

O presidente da associação dos arrozeiros de Roraima, um dos fazendeiros remanescentes na terra indígena, Paulo César Quartiero, é contrário à operação.

"Acho que na realidade estão querendo fazer na força o que legalmente não foi cumprido, mas nós, evidentemente, não podemos aceitar isso porque ainda achamos que estamos num país democrático. Se tiver alguma ordem judicial, vamos acatar, mas se vier só na força das armas não vamos aceitar", afirma.

Mesmo com as informações do ex-diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, sobre os preparativos da operação, o superintendente da PF em Roraima, Cláudio Lima, não confirma a informação de que está havendo uma preparação para retirada dos não-índios da reserva em Roraima. Lima disse que oficialmente não recebeu nenhuma orientação para desencadear ações dessa natureza na área indígena.

De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), desde que o governo federal determinou a destinação da área para os 18 mil indígenas que vivem na região, pelo menos 114 famílias receberam uma indenização e um novo lote de terra para sair do local. Outras 188 famílias estão em processo de reassentamento.

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Lideranças indígenas debatem formas de proteger conhecimentos tradicionais

10 de Setembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A Rede Grumin de Mulheres Indígenas e o Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual (Inbrapi) realizam esta semana, em Paraty, a terceira edição do Seminário sobre Acesso e Proteção de Conhecimentos Tradicionais e Biodiversidade. O evento integra a consulta pública do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente.

A presidente da Rede Grumin e também diretora do Inbrapi, Eliane Potiguara, diz que o objetivo do seminário é levantar as medidas necessárias para defender os direitos dos povos indígenas. "Esses direitos estão sendo muito manipulados por artistas, fotógrafos, cineastas, escritores, toda uma gama de pessoas até bem intencionadas voltadas para a arte”, afirma Eliane Potiguara.

“Acaba que todos os recursos que esse grupo de artistas levanta não voltam para os indígenas. E os povos estão preocupados com isso porque enquanto as pessoas que utilizam a cultura indígena estão crescendo na sua qualidade de vida, os índios não são beneficiados. Precisa haver uma repartição de benefícios."

Na avaliação da presidente da Rede Grumin de Mulheres Indígenas, os povos necessitam de conhecimentos jurídicos tanto no que se refere à assinatura de um contrato de direitos indígenas, como na indicação para gerenciamento de projetos. “Tudo deve passar por um procedimento de permissão, de aprovação da comunidade indígena, para haver uma repartição de benefícios. É um passo muito importante que nós estamos dando.”

O Inbrapi e o Grumin foram credenciados pelo Ministério do Meio Ambiente para realizar, por meio de seminários, as audiências públicas sobre proteção de conhecimentos tradicionais e biodiversidade. Até o final deste ano, as sugestões coletadas em cinco seminários programados para este mês devem ser incorporadas à medida provisória já existente, que visa a criação de uma lei de proteção dos direitos e conhecimentos indígenas tradicionais, associados ou não à biodiversidade.

Os seminários estão inseridos nas discussões sobre Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas e incluem a aplicação de leis nacionais e internacionais para proteção da propriedade intelectual indígena.

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Documento aprovado pela ONU propõe a autonomia das etnias indígenas

13 de Setembro de 2007 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Declaração dos Povos Indígenas aprovada hoje (13) pela Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) traz como princípio a livre determinação dos povos, ao reconhecer que os índios têm o direito de decidir como dispor da autonomia e de estabelecer instituições políticas, econômicas, sociais e jurídicas próprias. E que cabe ao Estado estimular a criação e financiar o funcionamento desse mecanismos.

A livre determinação é destaque entre os 46 artigos do texto, segundo a socióloga Azelene Kaingang, para quem esse ponto trata do reconhecimento da influência da colonização sobre os índios de todo o mundo e é uma maneira de resgatar as tradições históricas das etnias.

“A colonização tem conseqüências até hoje. Por esse ter sido um processo nocivo, de imposição de uma nova cultura, a Declaração vem para propor medidas e corrigir, minimamente, essas seqüelas”, afirmou.

O vice-presidente da Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Saulo Feitosa, também disse acreditar que a com a Declaração os índios terão mais autonomia para desenvolver formas próprias de governo e reafirmar suas instituições jurídicas, por exemplo.

“Isso sempre foi motivo de questionamento. As formas próprias de exercer justiça sempre foram confrontadas com as formas tradicionais construídas pelo Estado, que muitas vezes busca punir quem já cumpriu pena de acordo com as normas da etnia – não cabe uma nova condenação", comentou.

Para Feitosa, apesar de a Declaração não ser um marco legal obrigatório, ela avança no sentido de intensificar o diálogo com o Estado: "No Brasil a legislação contempla vários temas incluídos no documento, mas sugere várias interpretações que, na Declaração, foram expostas de uma maneira clara e definitiva”.

A socióloga Azelene Kaingang destacou ainda que com a Declaração a perspectiva é de que os países apliquem, gradativamente, os princípios ratificados, já que as violações pode ser denunciadas à ONU. E que o documento “é uma das bases" para a aprovação da Convenção Internacional para os Povos Indígenas, de aplicação obrigatória pelos países membros das Nações Unidas.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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