FOGO EM ÁREAS FLORESTAIS PODE DIZIMAR ESPÉCIES DE FAUNA E AFETAR EQUILÍBRIO ECOLÓGICO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2007

14 de Setembro de 2007 - Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Os impactos dos incêndios florestais para a fauna e a flora dos locais afetados têm preocupado pesquisadores e entidades que trabalham no combate ao fogo. Segundo o coordenador do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Elmo Monteiro, os incêndios de grandes proporções vêm dizimando algumas espécies da fauna, especialmente no cerrado.

“Alguns animais conseguem se afugentar, dependendo da dimensão da unidade e o que está no entorno da unidade. Mas animais de grande porte e alguns que estão ameaçados de extinção morrem carbonizados”, lamenta Monteiro. Ele lembra que, em Brasília, já foram identificadas mortes de antas e tamanduás-bandeira, que, por serem animais lentos, acabam ficando ilhados e morrem queimados.

Segundo Monteiro, o cerrado é uma vegetação acostumada ao fogo, e em outras épocas havia grandes áreas que podiam suprir os locais queimadas. “Hoje, com o processo de ocupação do cerrado, o pouco que queima já é danoso”, comenta.

De acordo com ele, essas áreas conseguem ter uma recuperação natural, e as regiões compostas por campos (um dos tipos de vegetação do bioma cerrado) se recuperam mais rápido, em cerca de dois meses. Mas as árvores e matas demoram décadas para se recuperar. Monteiro cita o exemplo de até árvores que guardam até hoje vestígios de uma queimada no Parque Nacional de Brasília, que consumiu 70% do parque em 1994.

O coordenador da Embrapa Cerrados, Roberto Alves, destaca os prejuízos das queimadas para o equilíbrio ecológico. “Toda vez que se queima um local, afeta-se a biodiversidade desse local, que envolve todas as plantas, os animais, os microorganismos”, destaca.

Alves explica que o fogo pode afetar a cadeira alimentar de um local: “Por exemplo, um animal que se alimentava de uma planta já não vai ter mais aquela planta para se alimentar, ou um animal que é predador e se alimenta de outro também não vai ter essa facilidade de encontrar o seu alimento”.

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Queimadas podem afetar abastecimento de água, diz diretor do Ministério do Meio Ambiente

12 de Setembro de 2007 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - As queimadas em curso no cerrado nos últimos dias podem trazer prejuízo ao abastecimento de água do país. A avaliação é do diretor de Conservação e Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, que classifica o cerrado como “a caixa d'água do Brasil”, por causa do grande número de nascentes concentradas na região central do país.

“Mais da metade de todo o potencial hidrelétrico do Brasil depende dos rios que vêm do cerrado, e a qualidade e quantidade de água que boa parte do país utiliza para abastecimento urbano, para agricultura e para geração de energia vem dos planaltos do Brasil Central”, afirma Dias, em entrevista à Agência Brasil.

O desmatamento da região, causado pelas recentes queimadas, pode provocar o assoreamento e a diminuição da vazão dos rios, além da poluição da água. “Isso vai prejudicar consumidores e usuários de água no Brasil inteiro”, calcula.

Apesar de estar sujeito a um “ciclo de fogo” natural, o cerrado não consegue se recuperar de grandes incêndios no auge no período seco. Segundo Bráulio Dias, a ocorrência de queimadas em intervalos curtos prejudica a capacidade da vegetação de rebrotar.

“O regime de queima natural está associado à ocorrência de raios de tempestades na estação das chuvas, quando o incêndio começa e logo a seguir vem a chuva para apagar. Quando vem um incêndio nessa época [seca], destrói todo o esforço de investimento que as árvores fizeram na refolha, o impacto é enorme e a mortalidade é muito maior”, explica.

Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostram que de junho a setembro deste ano foram detectados mais de 21 mil focos de incêndio no país.

De acordo com Dias, o combate às queimadas exige capacitação e treinamento de pessoal para atuar perto das áreas de risco, como grandes parques, por exemplo. “O Brasil tem bom sistemas de monitoramento por satélite, isso dá uma idéia geral do que está acontecendo, mas é preciso ter um trabalho de vigilância, de monitoramento mais presente localmente”, avalia.

O especialista participou ontem (11), Dia do Cerrado, de uma audiência pública sobre esse bioma e sobre mudanças climáticas na comissão mista criada pelo Congresso Nacional para debater o aquecimento do planeta.

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“Ano do fogo” tem 30% mais incêndios florestais, afirma diretor de prevenção

12 de Setembro de 2007 - Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A estiagem prolongada, a vegetação seca e a baixa umidade relativa do ar fazem com que 2007 seja considerado o “ano do fogo”, de acordo com o coordenador do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Elmo Monteiro. Segundo ele, neste ano já foi registrado um número 30% maior de queimadas em áreas florestais que no mesmo período do ano passado.

“Em 2006 tivemos algumas chuvas no período de estiagem, o que não tivemos este ano, e isso tem prejudicado bastante o controle do incêndio no país”, explica.

Em agosto, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) registraram 16.592 focos de incêndio em todo o país. O número é mais que o dobro do constatado no mesmo período do ano passado (8,2 mil focos). Os estados que mais registraram focos foram Pará (5.020), Mato Grosso (4.665) e Rondônia (1.663).

Monteiro apontou a utilização de fogo fora de época, especialmente por pequenos agricultores, como outro fator que preocupa as equipes que trabalham no combate a incêndios florestais: “Isso tem nos preocupado muito porque, por mais que você tenha um trabalho de prevenção, com as questões climáticas associadas à atuação dessas pessoas realmente fica muito difícil para nós controlar essas unidades”.

Ele disse que o Prevfogo faz, anualmente, convocação nas comunidades que residem no entorno das unidades de conservação para selecionar e treinar brigadistas, que depois são contratados para prevenção e combate ao fogo. “As unidades são dotadas de equipamentos de combate, veículos, quando necessários, aeronaves, caminhões-pipa, equipamentos individuais”, disse. Segundo Monteiro, o contingente soma 950 brigadistas, e a meta é chegar ao final do ano com 1.288.

“Com o nível dos incêndios que estão ocorrendo este ano, os brigadistas do Prevfogo não são suficientes, então temos que recorrer ao apoio de outras instituições, como militares do Corpo de Bombeiros, Exército, voluntários, além de outras instancias, como a Polícia Federal. Quando foge a esse controle trabalhamos em parceria com instituições estaduais e municipais”, acrescentou.

Segundo ele, a vegetação do cerrado é a mais atingida pelos incêndios. A maior área florestal queimada até agora neste ano foi registrada no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Lá, pelos dados do Inpe, o fogo consumiu 40,7 mil hectares, o que representa quase 60% da área total do parque. O incêndio foi debelado no último fim de semana, mas degradou o equivalente a meia Goiânia (ou 40 mil campos de futebol).

No Parque Nacional de Brasília, também conhecido como Água Mineral, o estrago também foi grande: 11 mil hectares atingidos pelo fogo. Também foram registrados incêndios no Parque Nacional do Itatiaia, no Rio de Janeiro, no Parque Nacional da Serra do Cipó e no Grande Sertão Veredas, ambos em Minas Gerais, mas os focos já estão controlados.

No momento, os brigadistas tentam conter o fogo no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, que já atingiu 3 mil hectares. Também há incêndios em fase inicial no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, e na Floresta Nacional de Carajás, no Pará.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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