RIO +15, OS AVANÇOS E OS ENTRAVES

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2007

Para pesquisadora, desenvolvimento limpo avançou pouco nos 15 anos após a Rio-92

20 de Setembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O balanço de 15 anos da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92) revela poucos avanços em termos de transferência de tecnologia e investimentos em projetos de desenvolvimento limpo. A avaliação foi feita à Agência Brasil pela pesquisadora Suzana Kahn, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Em termos de transferência de tecnologia, praticamente não há (avanço). O que há em termos de transferência de tecnologia acaba sendo por outras razões que não climáticas”, disse Khan. Ela participou, ontem (19), da Conferência Internacional Rio + 15, promovida pela empresa EcoSecurities, especializada em iniciativas internacionais de mitigação dos gases do efeito estufa.

A pesquisadora advertiu que a questão de transferência de tecnologia na área de biocombustíveis, por exemplo, está mais ligada à criação de um mercado e ocorre mais entre os países em desenvolvimento (“países do Sul”) e não entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Ela afirmou, entretanto, que não vê isso como um mau sinal. “Quinze anos são uma escala de tempo relativamente grande para nós, mas para mudanças dessa ordem é pouco tempo. É natural que isso demore a acontecer, porque o nível de incerteza é muito grande acerca do fenômeno do efeito estufa, da relação do aquecimento global com as atividades humanas”, afirmou.

Tudo isso faz com que a negociação se torne mais difícil, analisou a pesquisadora. Ela avaliou, porém, que com a agilização das negociações a tendência é haver um fluxo maior de investimentos e de transferência tecnológica nessa área.

No dizer de Suzana Khan, é positiva a inauguração do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Gases do Efeito Estufa (MBRE), programada para quarta-feira (26), com a realização de um leilão internacional a partir de projeto com aterro sanitário da prefeitura de São Paulo na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

Segundo Khan, a Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, já negocia uma série de papéis associados à redução de emissões. Trata-se de um mercado voluntário, que não está sob o âmbito da Convenção do Clima das Nações Unidas e que se apresenta mais ativo também por não ter a regulamentação e o “engessamento” que o Protocolo de Quioto dá em projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), explicou. “Esse mercado avança muito mais rapidamente”.

A pesquisadora avaliou que tudo que se faz no sentido de criar mercado e também trazer a discussão do assunto de mudanças climáticas e de carbono para a sociedade sempre traz benefícios, “nem que seja para difundir a informação”.

Isso faz com que as pessoas comecem a se dar conta do problema, favorecendo inclusive sua mudança de comportamento e passando a exigir das empresas uma produção mais eficiente, um processo ambientalmente mais correto, afirmou. “E até mesmo o comprometimento que as pessoas começam a esperar dos seus governantes, o que é muito importante. Então, na hora de eleger um representante, você já procura ver se há um comprometimento daquela pessoa com a questão do aquecimento global. Isso é uma novidade”, manifestou.

Suzana Khan diz que não se deve esperar a solução de todas as questões pendentes, em termos globais, com a realização em dezembro, na Indonésia, de encontro dos ministros do Meio Ambiente dos países signatários da convenção da ONU. No evento, os ministros deverão definir metas de redução de emissão de gás carbônico (CO2) para os próximos anos.

“Para mim, é positivo. Mas, se as pessoas criam às vezes uma expectativa muito grande, elas acabam se frustrando”, frisou. No dizer da pesquisadora do IPCC, se a reunião em Bali for encarada como um processo e não um fim, “há um avanço”.

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Especialistas divergem quanto a resultados do Protocolo de Quioto

19 de Setembro de 2007 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A efetividade dos mecanismos do Protocolo de Quioto na redução das emissões de gases do efeito estufa não é um consenso entre autoridades de organismos internacionais e especialistas em mudanças climáticas, que participaram hoje (19) da Conferência Internacional Rio + 15, promovida por uma empresa do mercado de carbono.

Na avaliação do presidente do Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), Hans Jürgen Stehr, o balanço do desenvolvimento do mecanismo desde sua implantação é positivo, mas é preciso começar a pensar em novas possibilidades para o MDL.

“Em cinco anos já temos tudo funcionando, dos projetos às RCEs [reduções certificadas de emissões]. Concordo que é um sucesso, mas é preciso avaliar em que medida, porque o MDL está envolvido em uma série de medidas, não faz nada sozinho”, pondera.

Apesar de afirmar que as respostas sobre a efetividade do MDL em relação ao desenvolvimento sustentável cabem aos países que hospedam essas iniciativas – nações em desenvolvimento, como Brasil e China – Stehr defendeu o mecanismo: “Ele permite a emissão de RCEs, que contribuem para a redução das emissões e portanto, para o desenvolvimento global”, enumerou.

O representante da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Brice Lalonde, também defendeu o Protocolo de Quioto. Para Lalonde, que é ex-ministro do Meio Ambiente da França, o acordo estimulou a criação de uma governança global para enfrentar os problemas das mudanças climáticas.

Na avaliação do pesquisador Gylvan Meira, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e ex-membro do Comitê Executivo do MDL, o mecanismo ainda depende de aperfeiçoamentos para funcionar conforme as expectativas. Segundo ele, aprofundar a redução de emissões por meio do MDL é uma opção política. “É um mecanismo de mercado, o governo é quem o induz através de impostos ou empréstimos”, avalia.

Para o presidente da Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável, Israel Klabin, o protocolo ainda não conseguiu resultados satisfatórios. “Os mecanismos estabelecidos pelo protocolo são diminutos. O MDL, por exemplo, deve responder por somente 1% da redução de emissões”, calcula.

Klabin prevê que o aprofundamento das questões relacionadas ao futuro das emissões após o primeiro período do compromisso de Quioto terá foco nas florestas e na revisão das matrizes energéticas. Em dezembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) começará a discutir o período pós-Quioto, em uma conferência em Bali (Indonésia).

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Aquecimento global não pode passar de dois graus, alerta conselho

19 de Setembro de 2007 - Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O presidente executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Fernando Almeida, disse hoje (19) na Conferência Intwernacional Rio + 15 que os países já aceitam algum nível de aquecimento atmosférico no planeta, mas reconhecem a necessidade de se estabelecer um teto. “Não pode passar de dois graus", argumentou.

Ele considerou fundamental acelerar o processo de “descarbonização” do mundo, via mudança de matriz energética, reposicionamento de energias difíceis e revisão também da questão automobilística. “Isso significa dar rapidez e escala a esse processo, ou não haverá tempo – conviveremos com catástrofes como o [furacão] Katrina, no sul dos Estados Unidos, ou o Catarina, no sul do Brasil”, indicou.

Para Almeida, a meta conjunta estabelecida pelo Protocolo de Quioto de redução de 5,2% das emissões de gás carbônico até 2012 é "irrisória". Ele comentou que “naquele momento, tinha que ser 60% e por isso hoje nós já estamos com emissão em torno de 7,8 gigatoneladas de carbono, podendo chegar a 16 gigatoneladas de carbono de gases supostamente causadores do efeito estufa, o que geraria uma concentração de mil partes por milhão (ppms) em 2050".

Com as medidas sugeridas por ele, esse teto seria de cerca de 9 gigatoneladas de carbono, produzindo uma concentração na atmosfera abaixo de 550 partes por milhão, o que daria um aquecimento de dois graus, no máximo.

“Nós necessitamos de operadores para fazer isso, de lideranças que saibam o que estão fazendo e tenham a capacidade de operar essa mudança para um mundo muito menos poluído", disse. Na comemoração da Rio + 15, acrescentou, o que se espera são compromissos e resultados.

O executivo avaliou que a participação das empresas e sua conscientização nesse processo de mudança global não é homogênea. Ele informou que existem setores que já perceberam que a sua própria sobrevivência depende de uma postura ética e correta em relação à questão do aquecimento global e a outras questões, como a realização de contratos adequados, a não-utilização de crianças em trabalho escravo.

Os setores que mais têm problemas nessas áreas são os que apresentam mais risco de desaparecer, alertou, e listou aqueles relacionados à área de petróleo como os mais poluentes. Em contrapartida, disse, o setor de seguros está entre os mais preocupados com o aquecimento global, assim como os ligados à inovação tecnológica, à informática.

Almeida lembrou ainda que as montadoras automobilísticas já procuram criar modelos híbridos e poderão passar, em seguida, para os carros movidos a células de energia.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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