PR É O PRIMEIRO DO PAÍS A PROTEGER MANGUES, VÁRZEAS E BANHADOS

Panorama Ambiental
Curitiba (PR) – Brasil
Outubro de 2007

O Paraná é o primeiro Estado brasileiro a criar uma regulamentação para proteger e recuperar as chamadas ‘áreas úmidas’ – espaços de grande valor ecológico que sofrem influência de cheias sazonais ocasionadas por rios e riachos que freqüentemente os inundam, como banhados, várzeas e manguezais.

Por meio da resolução conjunta número 45 - assinada no início deste mês pelo secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, pelo presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, e pelo superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Paraná, Hélio Sydol - estas áreas agora passam a ser consideradas prioritárias para preservação ambiental no Estado.

“Desta forma, licenciamentos e autorizações para intervenções que alterem as características naturais destas áreas, como drenagens, atividades agrícolas e instalação de empreendimentos ou atividades potencialmente poluidoras, estão proibidos no Paraná”, explicou o secretário.

Ele ainda destacou que era urgente e necessária uma legislação para proteger as áreas úmidas que já foram impactadas pela expansão da fronteira agrícola e outras atividades relacionadas. “Com esta resolução, freamos essa devastação que interferia na dinâmica hídrica e impedia a retenção da água da chuva para os períodos de estiagem”, completou Rasca.

Para o superintendente do Ibama, o pioneirismo do Paraná e a visão das pessoas que hoje estão à frente das instituições refletem um novo posicionamento perante a realidade. “Os banhados, por exemplo, sempre foram olhados como áreas sem valor, áreas para colocar detritos, lixo. A partir do momento que reconhecemos a sua importância ambiental, nada mais certo do que regulamentar seu uso pensando na proteção desses espaços”, comentou Hélio.

O presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, comentou que a resolução representa um avanço no sentido de se promover o equilíbrio entre a proteção e o uso sustentável. “Estamos definindo a regra do jogo para utilização destas áreas, compatibilizando o uso racional com preservação ambiental”, afirmou.

Apenas na região Noroeste, o Paraná conta com mais de 68 mil hectares de várzeas. No Litoral, são outros 23 mil hectares de mangue. “Sem contar os banhados da região dos Campos Gerais, que abastecem os aqüíferos, e demais várzeas espalhadas pelo Estado”, completou o secretário Rasca, lembrando que o reconhecimento destas áreas como prioritárias não depende somente do governo do Estado. “Depende também da conscientização da sociedade sobre sua importância para conservação da biodiversidade. Afinal, elas acrescentaram riqueza à sociedade humana e assim devem seguir para as futuras gerações”, destacou.

Nas áreas onde já foram realizadas intervenções, os empreendedores ou proprietários deverão adotar práticas ambientalmente sustentáveis – como eliminar o uso de agrotóxico e não abrir novos canais de drenagem; restringir a adubação e o uso de calcário para corrigir a acidez do solo; promover a retirada dos animais domésticos da área e recuperação imediata de áreas mineradas, por exemplo.

Outro aspecto regulamentado pela resolução é a incorporação das áreas úmidas à Reserva Legal. “Quando a área úmida não estiver caracterizada como Área de Preservação Permanente (APP), ela poderá ser utilizada para complementar os 20% de cobertura florestal que cada propriedade deve ter conforme o Código Florestal de 1965”, explicou Rasca. “Mas depois de assim registradas, não poderão sofrer outras intervenções”, alertou.

BENEFÍCIOS - As áreas úmidas são ecossistemas frágeis, de alta complexidade ecológica, importantes para o processo de estabilidade ambiental e manutenção da biodiversidade. Como se encontram em relevos planos ou abaciados, freqüentemente estão \'encharcadas\' - fixando carbono, retendo água e íons no solo, e aumentando a capacidade de filtragem das águas e de regularização da vazão dos rios.

Os banhados ajudam a diminuir os efeitos das secas e das enchentes, reduzem a erosão e mantêm a vida de diversos animais e plantas, além de trazer vários outros benefícios diretos e indiretos ao homem.

Além disso, a economia das comunidades que habitam próxima das zonas úmidas – principalmente mangues - está diretamente relacionada ao uso de seus recursos. “Portanto, sua conservação é fundamental para a sustentabilidade da pesca artesanal e comercial tradicional”, comentou o secretário Rasca. Outro exemplo da associação entre as comunidades e as áreas úmidas são as atividades tradicionais de ribeirinhos no rio Paraná - que incluem pesca artesanal, artesanato de juncos, coleção de frutos, madeira, lenha e outros produtos sustentáveis.

CONVENÇÃO DE RAMSAR – Em 1971, sete países assinaram no Irã a Convenção de Ramsar com o objetivo de promover ações para a conservação e o uso sustentável das áreas úmidas e seus recursos naturais. Na década de 90, o Brasil passou a fazer parte do tratado internacional - que até o ano passado contava com 150 países signatários.

A maior área úmida continental do Planeta ocorre em território brasileiro: o Pantanal, que abrange parte dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e estende-se ainda pela Bolívia e Paraguai. Além do Pantanal, o Brasil ainda possui outros sete sítios Ramsar – como são chamadas áreas úmidas reconhecidas e protegidas internacionalmente. No Paraná, uma das maiores extensões de áreas úmidas se encontra na Área de Proteção Ambiental Federal das Ilhas e Várzeas do rio Paraná.

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IAP incentiva averbação de reserva legal em parceria com consórcio de municípios

O presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vitor Hugo Burko, entregou na terça-feira (16) um veículo e uma moto ao Consórcio Intermunicipal para a Conservação da Biodiversidade da Bacia do Rio Xambrê (Cibax). Os veículos serão utilizados para visitar propriedades e estimular a averbação da Reserva Legal nos sete municípios do noroeste paranaense que compõem o consórcio. Conforme determina o Código Florestal brasileiro, toda propriedade deve possuir, até 2019, 20% de sua área coberta com mata nativa preservada - é a chamada de Reserva Legal.

“Este consórcio serve de exemplo aos demais municípios. Queremos que ele seja um modelo que possa ser seguido quando se trata de mapeamento e monitoramento das reservas legais e áreas de preservação permanente”, disse Burko. “Pois é por meio de parcerias como essa que conseguimos efetivamente realizar o processo de conservação ambiental de forma ampla e capilarizada, com a participação dos municípios neste processo”, acrescentou.

Segundo a secretária-executiva do Cibax, Veranice Paulino, os veículos – que foram cedidos por meio de um convênio entre a organização e o IAP - irão ampliar o trabalho já realizado em conjunto com o órgão ambiental na região. “Assim aumentaremos significativamente os trabalhos e acredito que em até cinco anos tenhamos as áreas de reserva legal e mata ciliar dos municípios consorciados já consolidadas e averbadas”, disse. Umuarama, Xambrê, Perobal, Pérola, Cafezal do Sul, Iporã e Francisco Alves são os municípios que integram o consórcio.

O prefeito de Xambrê, Rodrigo Jarento Ziliotto, que também esteve presente ao evento, destacou que a averbação da reserva legal é fundamental para a regularização ambiental da propriedade. “Desta forma damos oportunidade ao pequeno produtor de legalizar sua propriedade gratuitamente e baixamos o custo dos procedimentos para médios e grandes produtores, o que deverá atrai-los para a legalidade”, comentou.

Com iniciativas como esta, o Paraná já garantiu a recomposição de 13,4% dos 20% de reflorestamento necessário para cumprir a legislação referente à reserva legal. O número foi alcançado através da soma das áreas já cadastradas no Sistema Estadual de Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas de Preservação Permanente (Sisleg).

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Internos de centro de socioeducação se formam em educação ambiental

Nova oportunidade, aprendizado de uma nova profissão e esperança foram as palavras mais pronunciadas por quatro adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, ao receber o certificado de conclusão do curso de Manejo de Viveiros e Espécies Vegetais. A formatura foi realizada na manhã desta sexta feira (19), no Centro de Socioeducação São Francisco, em Piraquara. Esta foi a primeira turma a concluir o curso de educação ambiental, a próxima começa na semana que vem.

O projeto, desenvolvido em parceria com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), faz parte do Pro-Eduse (Programa de Educação nas Unidades Socioeducativas) com disciplinas complementares como ciências, que gerou o curso de viverista. O curso livre de Educação Ambiental tem 144 horas/aula e fornece o certificado de Manejo de Viveiros e Espécies Vegetais.

Gilberto tem 18 anos, veio de União da Vitória e está há um ano e um mês na instituição. Ele foi o orador da turma e estava entusiasmado com o que aprendeu. “Mexendo com a terra, a gente descarrega a energia negativa. E, quem sabe lá para frente, aparece uma oportunidade de emprego”, disse o adolescente, que pretende fazer dessa experiência uma atividade profissional.

Oportunidade para ingressar no mercado de trabalho também é a esperança de Marcos, 19 anos, internado há 11 meses. “Na minha cidade, Clevelândia, já trabalhava na terra, mas aqui aprendi muito, inclusive como preservar o meio ambiente.” Já o adolescente D. de 17 anos, de Curitiba, nunca tinha lidado com plantações ou atividades rurais. “É algo interessante para fazer lá fora. Espero conseguir uma vaga no IAP.” Ele ainda tem 5 meses de internamento e vai ensinar os alunos da próxima turma.

Marcelo, 18 anos, está no educandário há 10 meses. Ele veio de Almirante Tamandaré e disse que sempre gostou de mexer com a terra. “Lá fora, eu trabalhava com jardinagem e, aqui, aprendi mais”. Ele também comentou que, com conhecimento, se trabalha com mais vontade e que, futuramente, espera fazer uma faculdade. “Temos que seguir em frente e ter mais consciência. Com o aquecimento global, cada um tem que fazer a sua parte”, disse.

PROGRAMA – A primeira turma produziu 18 mil mudas de espécies nativas, como gurucaia e araçá, e que serão aproveitadas na reposição da mata ciliar do Estado. Além disso, foram produzidas, experimentalmente, mudas de espécies ornamentais, como crisântemo, rosa e orquídea. Quando atingem 30 centímetros, as mudas são transferidas para o viveiro central do IAP e, dali, distribuídas para os agricultores.

O viveiro de mudas foi instalado num espaço que antes servia de depósito de lixo. “Hoje, é um espaço de transformação e mais uma vitória nessa caminhada”, comemorou o diretor do centro de socioeducação, Nilson Domingos.

“O principal foco do curso é a mata ciliar”, explica o professor Lucio Sérgio Ferracin, “mas estamos também aproveitando a identificação dos meninos com a terra, uma vez que a maioria vem de cidades com economia predominantemente agrícola”. Grande parte dos internos vem do interior e já trabalhava na lavoura. Depois de cumprir a medida socioeducativa, o adolescente é encaminhado ao seu município de origem e a instituição entra em contato com Conselho Tutelar e serviço social das prefeituras, que podem encaminhá-los para trabalhar nos hortos municipais.

 
 

Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Paraná (www.pr.gov.br/meioambiente)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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