A SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2007

Diretor diz que ocupação da sede da Funasa em Manaus prejudica PAC dos Povos Indígenas

23 de Novembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Wanderley Guenka, disse nesta sexta-feira (23) que a ocupação da sede da instituição no Amazonas está inviabilizando o processo de aplicação dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dos Povos Indígenas no estado.

"A paralisação das atividades da coordenação está inviabilizando todo o processo de licitação e aplicação dos recursos, que são volumosos para o Amazonas. Esses processos têm prazo a serem cumpridos e podem estar sendo perdidos em função da interrupção das atividades. O compromisso que a Funasa tem não é só com a saúde indígena. É preciso lembrar de quem vive nas aldeias mais distantes e precisa do saneamento básico, que será feito a partir de agora com o PAC", afirmou.

Guenka lembrou que os recursos do PAC vão beneficiar principalmente os municípios mais carentes, incluindo ações em saúde, saneamento básico e habitação.

"São muitos recursos, que vão para vários municípios, mas dependem da coordenação funcionando", alertou.

A sede da Funasa em Manaus está ocupada há dez dias por lideranças indígenas que reivindicam a mudança na coordenação do órgão no estado e a revogação da Portaria 2.656, que regulamenta a prestação de serviços de atenção à saúde dos indígenas.

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Indígena substituirá coordenadora da Funasa no Amazonas

21 de Novembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Nos próximos dias, a coordenadora da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Amazonas, Margareth Menezes, será substituída pelo indígena Sílvio Machado, da etnia Tukano. No mesmo período, a chefia do Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus será assumida por Isael Mundurucu, no lugar de Maurazina Sabóia.

As decisões foram anunciadas hoje (21), após audiência de conciliação promovida pela Justiça Federal entre representantes da Funasa e as lideranças indígenas responsáveis pela ocupação da sede do órgão federal no estado. Foi marcado um novo encontro para sexta-feira, quando poderá ser anunciada a decisão sobre o pedido de reintegração de posse do prédio, protocolado na segunda-feira (19), na 1ª Vara da Justiça Federal.

"Os indígenas vão continuar no prédio, mas com uma observação, que trata do início de uma negociação com a presidência da Funasa e com o Ministério Público. Creio que na sexta-feira vamos fechar essa história de forma satisfatória, no sentido de avançar e melhorar a saúde indígena na região", disse o presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré, que acompanhou a audiência.

O diretor de secretaria da 1ª Vara da Justiça Federal do Amazonas, Ronaldo Souza, informou que somente hoje foi concluído o processo para a juíza Jaiza Fraxe, responsável pela ação. "Ainda não há nenhuma decisão, apesar de alguns veículos de comunicação terem divulgado que a juíza havia mandado retirar os indígenas do local", afirmou.

O delegado da Polícia Federal, Scarpellini Vieira, explicou que desde o início a ocupação é acompanhada por policiais federais. E destacou que uma ação de retirada dos indígenas dependeria de decisão judicial. Neste caso, ressaltou, a Fundação Nacional do Índio (Funai) será convidada a acompanhar a atividade.

"A reintegração não é feita de uma hora para outra. Depois que a gente receber a decisão judicial, os indígenas serão intimados pelos oficiais de Justiça e notificados para desocupar o prédio, com prazo para uma saída pacífica. Caso não seja feita a desocupação, os oficiais vão solicitar à Polícia Federal que promova a desocupação. Os funcionários da Funai têm que estar no local, acompanhando o processo que pode ser muito difícil, já que há mulheres e crianças no prédio", avaliou.

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Em nota, Funasa acusa presidente da Coiab de irregularidades

21 de Novembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em nota divulgada hoje (21), acusa o presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré, de praticar irregularidades na instituição, incluindo fuga aos procedimentos de licitações e prática de agiotagem. Segundo a nota, um relatório de auditoria independente teria constatado desfalques que ultrapassam R$ 1 milhão na Coiab.

Jecinaldo Sateré rebateu as acusações, dizendo que ainda irá se pronunciar oficialmente sobre as denúncias – no momento em que concedia entrevista à Agência Brasil ele ainda não havia lido a nota. Ele garantiu integridade em todos os processos realizados.

"Querem jogar o movimento indígena contra a Coiab. Fui eleito por 95% das lideranças indígenas da Amazônia e reeleito no ano passado para trabalhar até 2009. Minha análise é de que o movimento indígena ainda precisa de mim. Tenho lutado pelo movimento, no sentido de buscar políticas públicas e por isso preciso continuar cumprindo meu mandato. Fui sondado para assumir a presidência da Funai e cuidar de outros projetos que o movimento indígena queira ampliar. Vou continuar nessa luta", declarou.

Jecinaldo Sateré foi um dos indicados pelas lideranças indígenas para assumir a direção da Funasa em Manaus. Em resposta, ele disse que ainda tem muito a fazer como presidente da Coordenação.

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Ocupação de sede da Funasa em Manaus por indígenas completa uma semana

20 de Novembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - A ocupação da sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) por indígenas de etnias e localidades diversas do Amazonas completa uma semana hoje (20). A assessoria de comunicação do órgão, em Brasília, informou que os servidores estão impossibilitados de realizar suas atividades devido à presença dos índios. Segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), são mais de 400, incluindo cerca de 50 crianças.

O presidente da Coiab, Jecinaldo Sateré, disse que a ocupação resulta de problemas gerados pela insatisfação dos indígenas quanto aos serviços prestados. E acusou o Ministério da Saúde de camuflar interesses políticos na Portaria nº 2.656, de 17 de outubro. A portaria regulamenta a prestação dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas no país e passa para os municípios as responsabilidades que hoje são da Funasa.

"Nós somos favoráveis ao que os indígenas fizeram, porque nas comunidades eles continuam sofrendo com a inoperância da Funasa, que não assume de fato o papel de executar as políticas de saúde indígena. É preciso fazer uma lei para acabar com essa pouca vergonha de prefeitos que não prestam contas com a saúde indígena. Paciência tem limite. As lideranças estão corretas, principalmente quando questionam uma portaria que vem embrulhada em vários interesses partidários e politiqueiros", afirmou.

O dirigente disse ainda que as lideranças estão revoltadas com o presidente da Funasa e dispostas a reagir para resolver o que consideram uma injustiça. Em entrevista à Agência Brasil, Jecinaldo Sateré revelou ter conversado com o senador João Pedro (PT-AM) para pedir apoio à questão. "Não existe qualquer interesse por parte dos indígenas em negociar com a direção da Funasa. Agora, nossa conversa terá que ser com o ministro da Saúde. O senador se comprometeu em falar com o ministro Temporão para ver como intermediar essa negociação. O movimento indígena cansou de ouvir os desmandos de quem cuida da saúde indígena. A Funasa mandou pedir reintegração de posse e a Justiça vai decidir, mas os índios vão reagir. No local estão mais de 300 guerreiros, equipados para enfrentar o que puder vir", disse.

Enos Munduruku, um dos líderes na ocupação, informou que além do protesto eles exigem a nomeação de um indígena para assumir a coordenação regional da Funasa e a criação da Secretaria dos Povos Indígenas do Amazonas. Munduruku garantiu que eles só sairão após o atendimento das exigências.

"Queremos preservar nossos direitos. Não queremos brigar, mas nossa revolta é tão grande com a Funasa que não queremos conversar com nenhum deles, porque eles não fazem o que devem fazer para garantir a qualidade da saúde dos índios. E já desviaram rios de dinheiro, que seria para nós, em benefício próprio", denunciou.

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Começa nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas em Pernambuco

25 de Novembro de 2007 - Isabela Vieira - Enviada especial - Valter Campanato/Abr - Olinda (PE) - Recife - Adornados com óleo de massaranduba e penas de gavião, os guerreiros andam à frente das mulheres e crianças. Na cabeça, cocares de penas vermelhas e azuis. Junto ao peito, uma espécie de colar de linha branca. Amarrados aos calcanhares, chocalhos. A pintura do corpo, vermelha e preta, feita de urucum e jenipapo, não deixa dúvida. A noite é de festa.

Assim chegaram os índios Assurini, do sul do Pará, para a abertura da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas, ontem (24), na Praia do Bairro Novo, em Olinda (PE). Sob a lua cheia, pois, a competição segue o calendário lunar indígena e coincide com essa fase da lua, os Assurini cantaram o Hino Nacional. E deram ritmo à melodia com batidas de tacos de madeira chamados por eles de taoarí.

“É a primeira vez que participamos da competição”, disse o jovem Trakajé, 25 anos. Tímido, ao arrumar o adorno de madeira que usa na orelha chamado botoque, fala que está ansioso para o início das disputas. E conta que quer participar das competições de arco e flecha, corrida de 100 metros e, claro, futebol. “Essas são as que a gente sabe mais”.

Trakajé promete empenho. Mas sabe que o importante não é vencer. “A gente fica muito tempo na nossa aldeia e aqui vamos saber um pouco como vivem os parentes”. Ele quer aproveitar também para discutir com outras etnias questões como saúde, preservação do meio ambiente e demarcação de terras. Haverá durante a competição ciclos de debates.

Do povo Paresi Haliti, habitante de Mato Grosso, Zenazokenaé, nome indígena, Evandro na língua dos brancos, aos 18 anos participa dos jogos pela primeira vez. Ele pretende se inscrever na competição de cabo de guerra e na apresentação de xikunahity, uma espécie de futebol com bolas de látex em que os gols são feitos por cabeceios.

Ontem, Zenazokenaé acendeu tochas em torno da arena onde serão realizadas provas de algumas da dez modalidades em disputa por cerca de 30 etnias. A cada tocha, o público que lotou as arquibancadas aplaudia de pé. Como ocorreu durante uma prévia da corrida com toras, apresentada pelo povo Xavante. Com habilidade e força, os homens revezaram uma tora de buriti de120 quilos. As mulheres carregaram troncos de 100 quilos.

Para o ministro do Esporte, Orlando Silva, que esteve na abertura do evento, a participação do público será fundamental durante os dias de competição. “A beleza estará no que acontece nas arenas, nas manifestações culturais dos povos que aqui estão, mas, sobretudo na vibração da torcida”, disse. “Muitas pessoas terão contato com culturas de povos tradicionais pela primeira vez. O que para muitos era história, será vivenciado aqui”.

Um dos organizadores dos jogos, Marcos Terena, que é presidente do Comitê Intertribal-Memória e Ciência Indígena, disse que o importante na competição não é ganhar, mas valorizar as tradições. “Não vamos transformar os jogos em um campeonato de índios, mas sim celebrar o meio ambiente, a terra, a natureza e, principalmente, demonstrar que o Brasil tem 220 povos, 180 línguas e quer ter o direito à terra, que é sagrado”, diz. Sem a proteção dos territórios, Terena avalia que os índios correm o risco de serem extintos.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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