ÍNDICES DE MORTALIDADE INFANTIL E DESNUTRIÇÃO DIMINUEM ENTRE ÍNDIOS DE MATO GROSSO DO SUL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2007

22 de Dezembro de 2007 - Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O acompanhamento constante por agentes de saúde e políticas como distribuição de cestas básicas e realização de "sopões" nas aldeias proporcionaram a diminuição dos casos de mortalidade infantil e de desnutrição entre os índios do Mato Grosso do Sul, em sua maioria guarani. De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o índice de mortalidade infantil era de 140 por mil crianças nascidas vivas em 2000 e caiu para 38 no ano passado.

Nesta semana, foi criada uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar questões relacionadas à saúde indígena no Brasil, após mais de seis meses de negociação.

O coordenador técnico de saúde da Funasa no Distrito Sanitário Especial Indígena no Mato Grosso do Sul, Zelik Trajber, diz que, além da queda no índice, mudou o perfil das causas de óbito. “Nos primeiros anos, as mortes aconteciam mais por diarréia, desnutrição, desidratação, pneumonia. Hoje, as primeiras causas são más formações congênitas, prematuridade extrema e as patologias decorrentes disso”, afirma.

Entre 2004 e 2005, foi registrado o maior pico de mortes de crianças por desnutrição dos últimos anos em Dourados (MS). Na época, cerca de 50 crianças indígenas morreram na terra indígena. Trajber explica que problemas de gestão foram determinantes para o agravamento do quadro. “Houve uma mudança de coordenação em 2003 e, com isso, perdeu-se o enfoque das condutas e da organização dos serviços. Também tivemos muitos problemas de apoio, como a distribuição de cestas básicas, e a equipe ainda era muito pequena”, afirma.

Para reverter o problema, foi estabelecida uma padronização no acompanhamento das crianças desnutridas: semanalmente ou diariamente, de acordo com o quadro. “Também conseguimos distribuição universal de cestas básicas e suplementação de vitaminas”, diz Trajber.

Com essas ações, os índices de mortalidade caíram, mas ainda existem mortes de crianças indígenas por desnutrição na área de Dourados. Segundo Trajber, neste ano foram registradas três mortes de crianças que eram desnutridas. “Mas a causa de óbito diretamente não foi em decorrência da desnutrição”, afirma.

Segundo ele, em 2002, 15% das crianças menores de 5 anos eram classificadas como desnutridas, seja severa ou moderadamente. Atualmente, o índice é de 7%. “Hoje casos de crianças que vão a óbito diretamente por desnutrição são muito difíceis, mas há situações que acompanham a desnutrição e que acabam sendo a causa determinante”, afirma.

A queda nos casos de morte se deve ao acompanhamento constante das crianças pelos agentes de saúde, que são índios da própria comunidade. “Hoje a gente acompanha mensalmente todas as crianças menores de 5 anos. Se a desnutrição é moderada, ela é pesada pelo menos uma vez por semana. Quando é classificada como desnutrida severa, tem que ser acompanhada diariamente pelo agente de saúde”, explica.

Em novembro, foram registrados 18 casos de crianças com desnutrição severa e 136 com desnutrição moderada na terra indígena de Dourados – 334 estavam em situação de risco nutricional, 1.624 foram classificadas como normais e 27 como obesas.

Trajber também comemora o avanço na imunização das crianças indígenas. Segundo ele, hoje a cobertura média vacinal é acima de 95% em todas as vacinas. A Funasa também organiza "sopões" nas aldeias, conforme a necessidade nutricional de cada grupo.

Também há a distribuição de cestas básicas para as famílias indígenas. Mas, segundo Trajber, é preciso pensar na auto-sustentabilidade dos índios da região. “No meu modo de ver, a cesta básica é emergencial, mas necessária. No momento, é impossível falar em suspender. Mas é o momento de parar para pensar em programas estruturantes. Tem mil formas de pensar na auto-sustentabilidade. O que não pode é viver na dependência de cesta básica, que além de ser degradante, humilhante, não tem resultado prático satisfatório, acaba inclusive com a auto-estima”, avalia.

Segundo Trajber, a Funasa está montando uma equipe de saúde mental para cuidar dos casos de dependência de álcool e drogas, pensando especialmente na prevenção. Outra meta é chegar ao fim de 2007 com todas as casas atendidas com abastecimento direto de rede de saneamento básico. Hoje, ainda falta atingir cerca de 100 casas indígenas na região.

De acordo com a Funasa, neste ano foram registrados 51 casos de mortes de crianças indígenas por desnutrição em todo o país.

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Índios querem direito de registrar filhos com sobrenomes da própria etnia

23 de Dezembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Milhares de indígenas, de povos e regiões distintas do Amazonas, estão reivindicando o direito registrar seus filhos de forma organizada, respeitosa e ainda com os sobrenomes que caracterizam suas etnias. A constatação foi feita durante a reunião de encerramento da primeira fase do Projeto Registro Civil dos Povos Indígenas do Amazonas, realizada na semana passada em Manaus.

Pelo projeto, que teve início em setembro deste ano, 17 líderes indígenas estiveram em 44 comunidades situadas nas regiões do Alto Rio Negro, Alto e Médio Solimões, Vale do Javari, Purus, Juruá e Manaus para aplicar os questionários de avaliação sobre a atual situação dos registros civis entre os indígenas e coletar dados que possam contribuir na elaboração de um relatório.

O documento, que deve ser apresentado em março de 2008, incluirá o resultado geral das avaliações e as sugestões dos povos indígenas para esse tema. No total, foram mais de 1,4 mil questionários aplicados em 325 comunidades, o equivalente a 43 etnias visitadas.

Segundo o consultor do projeto e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Raimundo Nonato da Silva, existem diversos fatores que dificultam a obtenção do registro civil pelos indígenas. Ele destacou a distância entre as comunidades e os cartórios, a discriminação dos índios por causa de sua origem e o despreparo dos cartórios.

"Em praticamente todos os questionários, os índios reclamam de discriminação na hora em que vão solicitar o registro de nascimento de seus filhos. Percebemos que isso tem a ver com o despreparo de muitos profissionais que atuam nessa área e também com a barreira lingüística criada por causa dos idiomas falados pelos índios", disse o professor.

Raimundo Nonato afirmou que muitos indígenas têm vontade de colocar o nome étnico na certidão de seus filhos, mas lembrou que existem cartórios que não estão preparados e acabam não aceitando o sobrenome indígena, e impondo ou sugerindo outros nomes. "O nome indígena tem um significado e um valor, mas infelizmente algumas pessoas que trabalham nos cartórios não têm esse entendimento e a dimensão do que isso representa."

Segundo a assessoria de comunicação do Projeto Rondon, o relatório previsto para março do ano que vem será apresentado ao poder público, de forma geral, com o objetivo de melhorar as condições para realização dos registros civis dos povos indígenas do Amazonas e, em breve, dos indígenas de Mato Grosso do Sul. O relatório deve sugerir a elaboração de um glossário de nomes indígenas, que seria feito por líderes escolhidos pelas organizações indígenas existentes na região e a capacitação dos profissionais que trabalham em cartórios.

O Projeto Piloto Registro Civil dos Povos Indígenas do Amazonas tem duração prevista de 11 meses. O objetivo é diagnosticar as práticas de registro civil desses povos no estado e sensibilizar a população em geral para o assunto, já que, historicamente, segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos, quem trabalha fazendo as certidões de nascimento alega não poder registrar os nomes indígenas por falta de conhecimento de sua grafia.

O projeto é realizado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, em parceria com o Projeto Rondon, a Secretaria de Estado de Assistência Social do Amazonas e a Universidade Federal do Amazonas.

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Delegada desmente denúncia sobre abuso sexual de crianças indígenas no Amapá

20 de Dezembro de 2007 - Verônica Soares - Da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - Em audiência fechada na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Amapá, a delegada da Polícia Civil Janete Picanço negou hoje (20) denúncia supostamente feita por ela mesma de que meninas indígenas estariam sendo exploradas sexualmente por garimpeiros na Serra do Navio.

As meninas indígenas seriam da etnia Aramirã, da comunidade Tucano 2. A denúncia foi levada à Assembléia Legislativa na última sexta-feira (14) pelos deputados estaduais Paulo José (PR) e Camilo Capiberibe (PSB).

Segundo Capiberibe, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, os parlamentares pedirão que a Polícia Federal investigue o caso mesmo após o desmentido da delegada.

"A delegada negou parte do que disse, mas confirmou outra parte da história. Ela confirma ter recebido uma denúncia de estupro de uma criança, mas negou que seria uma criança indígena”, explicou o deputado. “Como em um momento, a denúncia tem consistência, e em outro não, vamos pedir que a Polícia Federal investigue o caso."

Janete alegou ter comentado com o deputado estadual Manoel Brasil (PMN) que havia recebido um telefonema em dezembro de 2006 denunciando o abuso sexual de uma menina. Como não houve provas, ela não investigou o caso na época.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) e agentes da Polícia Civil do Amapá foram acionados para averiguar a denúncia. Em diligência à aldeia, os policiais não encontraram indícios de que indígenas estariam sofrendo abuso sexual.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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