GOVERNO QUER IMPEDIR CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMOS PARA QUEM DESMATA A AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2008

11 de Fevereiro de 2008 - Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O governo quer impedir a concessão de empréstimo oficial para quem desmata a Amazônia ilegalmente. Os instrumentos para que essa proibição seja efetiva começaram a ser discutidos hoje (11) em uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ministros da área econômica e presidentes dos bancos oficiais.

Depois do encontro, no Palácio do Planalto, Marina Silva afirmou que os bancos públicos só podem conceder financiamentos para empresários que cumprem a legislação ambiental.

“Não temos qualquer tipo de financiamento que possa favorecer práticas ilegais, apoio a práticas produtivas insustentáveis. A decisão é que os bancos públicos só irão financiar projetos que estejam de acordo com legislação ambiental, no que se refere à reserva legal, áreas de preservação permanente e propriedade licenciada”, disse a ministra, acrescentando que representantes da área econômica se reunirão nos próximos dias para definir o conjunto de medidas que irá tornar mais rígida a concessão de empréstimos.

A legislação atual determina que o produtor preserve 80% da propriedade na Amazônia Legal para conseguir um empréstimo.

Segundo Marina Silva, o governo estuda que os bancos privados também adotem regras rígidas de concessão. “Em relação aos bancos públicos, temos uma governabilidade de 100%. Em relação aos outros agentes financeiros, estamos estudando a legislação para ver quais devem ser tomadas”, explicou a ministra.

Marina ressaltou ainda que quem compra, vende ou transporta matéria-prima produzida em área embargada (desmatada ilegalmente) é considerado “contraventor solidário”. Ela quer impedir que essas atividades também consigam crédito.

“Se uma região tem uma grande quantidade de produção ilegal, por que você vai financiar um frigorífico naquela região? Por que você vai financiar um outro empreendimento para processar uma matéria-prima de uma área irregular?”

Participaram da reunião no Palácio do Planalto os presidentes dos bancos do Brasil, da Amazônia, do Nordeste e da Caixa Econômica Federal

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Para Greenpeace, anistia ampla a desmatadores seria “inaceitável”

11 de Fevereiro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, disse concordar com o estabelecimento, pelo governo, de um tratamento diferenciado entre fazendeiros que desmataram mais de 20% de suas propriedades na Amazônia antes de 1996 (quando medida provisória determinou a reserva legal de 80%) e aqueles que o fizeram depois, com o conhecimento da lei.

Entretanto, Adário condenou qualquer iniciativa para garantir uma “anistia ampla, geral e irrestrita” a todos os desmatadores. “Isso é inaceitável”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

O Greenpeace não admite a visão de que seria necessário se conformar com o desmatamento já consolidado. “Do ponto de vista ambiental, não existe isso de que o que foi perdido, perdido está . Replantar as áreas é uma grande contribuição climática, absorve carbono e recupera a biodiversidade ameaçada”, argumentou Adário, ao lembrar que a recuperação das áreas desmatadas de forma ilegal representaria novas alternativas de locomoção para espécies em extinção.

O coordenador do Greenpeace ressaltou que quem preservou 80% de sua propriedade não pode competir com outro fazendeiro que desmatou 90% de sua área. “Se uma mudança da legislação igualar os dois, o que respeitou a lei vira otário.”

Em defesa do respeito à lei vigente, Adário criticou ainda a impunidade no Brasil em relação aos crimes ambientais. “A maioria das multas não são pagas e não temos casos famosos de fazendeiros que estejam na cadeia por terem desmatado de forma ilegal”, destacou.

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ONGs vão discutir com ministério ações de combate ao desmatamento

12 de Fevereiro de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Organizações não-governamentais (ONG´s) que atuam em defesa da preservação da Amazônia vão passar a discutir com o Ministério do Meio Ambiente ações permanentes de combate ao desmatamento.

“Nos dispusemos a trabalhar juntos para fazer uma avaliação do plano de combate ao desmatamento. A participação da sociedade pode reforçar aspectos de sua construção e aplicação”, enfatizou o coordenador do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da WWF-Brasil, Mauro Armelin.

Em um encontro realizado hoje (12) entre representantes da sociedade civil e governo, o coordenador do Núcleo Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA), André Lima, voltou a afirmar que não existirá anistia para desmatadores. A assessoria do MMA informou que o objetivo foi esclarecer o posicionamento da pasta em relação ao cumprimento do Código Florestal. De acordo com participantes, os encontros passarão a ser freqüentes.

“Essas reuniões devem se tornar mais comuns, mensais pelo menos, e não apenas em momentos emergenciais”, informou Adriana Ramos, coordenadora de iniciativa amazônica do Instituto Sócio-Ambiental (ISA).

Ela considerou “positivo” o governo ter assegurado o cumprimento do Código Florestal e destacou outros benefícios que encontros permanentes de representantes do MMA e das ONGs podem gerar.

“O primeiro objetivo é intercâmbio de informação para que as organizações ambientais saibam os passos do MMA, de forma a não serem surpreendidas por notícias na imprensa que não reflitam necessariamente o pensamento do ministério”, disse em alusão à suposta proposta de anistia aos desmatadores, que acabou desmentida pela ministra Marina Silva.

A WWF-Brasil avalia que já existem no Código Florestal aternativas para trazer áreas ilegais para a legalidade. Uma delas seria a compensação da reserva legal em outra área. “Se ele [fazendeiro] não pode aumentar a área florestada na sua propriedade, pode adquirir outra área e tratá-la como servidão florestal, compensando o que ele não tem na primeira. É algo previsto em lei e pode ser executado”, explicou Armelin.

O ISA entende que a solução para o controle eficaz do desmatamento no Brasil virá a médio e longo prazo, mas não depende apenas da área ambiental do governo. “É uma questão nacional, que tem que ser assumida pela sociedade e por todos setores de governo”, defendeu a coordenadora do instituto, ao alegar que faltam na região amazônica ações amplas de fomento à produção sustentável da agricultura familiar e de extrativistas.

O diretor do Programa Amazônia da Conservação Internacional do Brasil, Adrian Garda, considera que as ações de combate e controle do desmatamento já anunciadas pelo MMA não serão suficientes se não forem acompanhadas da implantação de políticas de compensação para quem ajudar a manter a floresta de pé.

“Um dos instrumentos é o crédito de carbono. Você evita o desmatamento em certa região e vende os créditos no mercado internacional, com o dinheiro sendo distribuído para os municípios e comunidades. Então os donos das propriedades e os pequenos produtores vão ganhar algum tipo de benefício”, argumentou Garda.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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