VARIEDADES DE MILHO TRANSGÊNICOS LIBERADAS SÃO SEGURAS PARA CONSUMO HUMANO, DIZ MINISTRO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2008

12 de Fevereiro de 2008 - Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Por sete votos a quatro, os integrantes do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) ratificaram a decisão da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) de liberar o plantio e comercialização de duas variedades de milho transgênico.

Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, as sementes liberadas são seguras para consumo humano e animal e também para o meio ambiente. “Esses dois milhos que foram aprovados tiveram estudos conduzidos por praticamente um ano, e finalmente temos a aprovação final do Conselho Nacional de Biossegurança", afirmou.

A aprovação havia sido contestada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Na reunião de hoje (12), foi apresentado o parecer que o conselho encomendou à Advocacia Geral a União, segundo oqual cabe à CTNBio a decisão sobre liberação dos transgênicos.

A reunião e a votação foram rápidas, disse o ministro Sergio Rezende. Durante as discussões, foram feitas duas propostas: uma de realizar mais estudos e outra de aprovar, uma vez que a CTNBio considerava suficientes os estudos já feitos.

De acordo com o ministro, agora cabe ao Ministério da Agricultura fazer o registro das variedade solicitadas para posterior comercialização.

Rezende admitiu, entretanto, que “há sementes que estão sendo utilizadas sem a devida autorização” e disse que agora cabe ao Ministério da Agricultura regular a questão, inclusive decidir se autoriza a venda do milho das lavouras plantadas com sementes geneticamente modificadas antes mesmo da autorização. “Agora essa autorização [de plantio e comercialização] está concedida, e o Ministério da Agricultura poderá autorizar oficialmente a venda dessas sementes.”

Sobre a terceira variedade de milho liberada pela CTNBio, da empresa Syngenta, o ministro explicou que ainda não será comercializada, a exemplo das outras duas, porque ainda há quatro dias para que sejam apresentados recursos. “Por isso é que nem foi discutido esse assunto. Se houver recursos, essa nova variedade terá também que ser analisada pelo Conselho.”

Perguntado se a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na reunião poderia ter conduzido a outro resultado, Rezende respondeu que ela tem "uma convivência democrática muito boa com todos" e que, por isso, não haveria diferença se estivesse presente ou não. Marina Silva acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à Guiana Francesa.

O ministro Sergio Rezende lembrou que foi a primeira liberação comercial de milho transgênico no Brasil - primeiro, houve liberação de soja, em 1997, depois de algodão, no ano 2000.

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Agrônomo defende benefícios ambientais e econômicos do plantio de transgênicos

4 de Fevereiro de 2008 - Kelly Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O plantio de soja e algodão transgênicos traz benefícios econômicos e ambientais, na opinião do presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), o engenheiro agrônomo Ywao Miyamoto. Para ele, com a maior resistência a pragas e doenças e, por conseqüência menor uso de agrotóxicos, o plantio de transgênicos ajuda a proteger o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores.

“Atualmente, o uso da soja transgênica permite que a agricultura use herbicida e inseticida de baixa toxicidade. Isso é bom para quem trabalha na lavoura", disse em entrevista à Rádio Nacional. Segundo ele, além disso usa menos trator no manejo, o que reduz a emissão de gás carbônico.

O diretor executivo da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), Ivo Marcos Carraro, também destaca que o plantio de transgênicos reduz entre 10% e 15% o custo total da lavoura. “Apesar disso, o agricultor leva em consideração outros fatores, como a redução do uso de produtos químicos”, afirmou em entrevista à Rádio Nacional.

Para Carraro, “a cada ano as pressões [contra o uso de soja transgênica] vão diminuindo”. Segundo ele, porque os produtos geneticamente modificados passam por vários testes para garantir a qualidade. “Os produtos que entram no mercado, depois de aprovados pelos órgãos de biossegurança, são mais seguros porque passam por muito mais testes do que qualquer produto convencional”, disse.

Carraro revelou que atualmente 60% da soja plantada no Brasil, segundo maior produtor mundial, é transgênica. “A tendência é de aumentar o uso”. Nos Estados Unidos, país que mais produz soja, o índice é de 90% e na Argentina, terceiro lugar em produção, cerca de 98%.

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Decisão sobre milho transgênico é irresponsável, diz representante da Via Campesina

12 de Fevereiro de 2008 - Luciana Melo - Da Agência Brasil - Brasília - A decisão do Conselho Nacional de Biossegurança de liberar o plantio e a comercialização de duas variedades de milho transgênico foi "irresponsável", na avaliação da diretora nacional de Pequenos Agricultores da Via Campesina, Maria Costa.

"Deveriam ter sido feitos mais estudos, considerando que os apresentados pela Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia [CTNBio] não foram suficientes para comprovar que o milho transgênico não faz mal à saúde ou ao meio ambiente”, afirmou.

Maria Costa lembrou que cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avaliar as conseqüências para a saúde. "Se a Anvisa diz ao ministro da Saúde que pode haver algum risco, que deveriam ser feitos mais estudos e o Conselho não considera isso, no mínimo foi uma decisão irresponsável", afirmou.

Segundo ela, o fato de não estar comprovada a contaminação ambiental também traz o risco de "perda da biodiversidade, contaminação de sementes crioulas cultivadas pelos pequenos agricultores, indígenas e quilombolas". A área de 100 metros a partir da qual é permitido o plantio de transgênicos, acrescentou, não é suficiente para evitar a contaminação: "O pólen pode ser levado por quilômetros, pelo vento, pelos insetos."

Maria Costa alertou também para o ressarcimento dos prejuízos aos agricultores: "Ninguém sabe a quem eles vão recorrer neste caso, se à Justiça, à CTNBio, a quem plantou a semente transgênica ou a quem vendeu essa semente. E ainda existem os royalties que quem planta transgênicos tem que pagar, hoje, às empresas multinacionais."

Já Goran Kuhar, presidente da Associação Brasileira de Obtentores Vegetais (Braspov), elogiou a ratificação de uma decisão "tomada com base em dados técnicos, ao aprovar dois produtos que dão mais uma opção de manejo ao agricultor". E concluiu: "Ninguém é obrigado a plantar transgênico. O agricultor planta se quiser.”

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Manifestantes pró e contra liberação de milho transgênico aguardam decisão de conselho

12 de Fevereiro de 2008 - Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Manifestantes favoráveis e contrários à comercialização do milho transgênico dividiram espaço em frente ao Palácio do Planalto no início da tarde de hoje (12), quando o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) se reúne para tomar uma decisão sobre o assunto.

Movimentos sociais encabeçados pela Via Campesina exibiam faixas que firmavam a posição contrária à liberação: “Milho transgênico, a tragédia do governo Lula” e “CNBS = biossegurança ou biotecnologia?”.

Do outro lado, as faixas de produtores rurais de Cristalina (GO), pediam a comercialização. “Milho transgênico, melhor para o meio ambiente, melhor produtividade”.

A integrante da Via Campesina, Maria Costa, afirma que não há estudos suficientes sobre os benefícios ou malefícios de produtos transgênicos e que "a liberação comercial não oferece segurança para a saúde nem para o meio ambiente”.

Ela afirma também que o milho transgênico irá colocar em risco as espécies tradicionais da semente, já que a polinização do milho é aberta e, portanto, o pólen pode viajar quilômetros - transportado pelo vento ou por pássaros - e contaminar a plantação de outros produtores.

Já o integrante da Associação dos Produtores Rurais de Cristalina, Geraldo Figueiredo, afirma que o milho transgênico será mais resistente a pragas. “Hoje tem que fazer muitas pulverizações com inseticidas e a maioria não tem um êxito muito grande devido ao clima”.

Para ele, a espécie será benéfica para os pequenos produtores e para os assentamentos. “Eles que têm poucas máquinas e não têm tecnologia mais avançada será melhor ainda por que eles plantam o milho e vão ter que cuidar do mato, não vai ter pragas.”

Na última reunião do CNBS, em janeiro, os ministros adiaram a decisão e pediram à Advocacia Geral da União (AGU) um parecer sobre a competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Os dois órgãos apresentaram recursos para impedir a liberação comercial do milho transgênico.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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