HIDRELÉTRICA TEM MAIS DE 20 ANOS DE HISTÓRICO CONTROVERSO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2008

12 de Março de 2008 - Paulo Montoia - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - O projeto de construção da usina hidrelétrica do Tijuco Alto, nas montanhas do Vale do Rio Ribeira do Iguape e na divisa entre São Paulo e Paraná, tem um histórico controverso de 20 anos relatado no próprio endereço eletrônico (www.usinatijucoalto.com.br) do empreendimento. Esse histórico é também utilizado como argumentação pelas entidades civis que lutam contra a construção da usina, cuja viabilidade ambiental foi aprovada em fevereiro pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) .

O projeto é da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), única empresa nacional de grande porte desse setor, que utiliza energia em grande escala para fundir a alumina mineral em alumínio. De acordo com o histórico registrado no portal na internet, a posssibilidade de construção é legalmente aberta com a concessão para a exploração dos recursos hídricos do Decreto Federal 96.746, publicado em 21 de setembro de 1988 – 15 dias antes da promulgação da nova Constituição Federal. O decreto ancorava-se no Código de Águas de 1934 e em outro decreto federal, de 1957.

“Sua outorga ocorreu poucos dias antes da promulgação da nova Constituição Federal, que passou a exigir concorrência pública para a exploração de potenciais hidrelétricos. Além de haver sido publicada coincidentemente pouco antes da vigência do novo texto, mas quando todos já sabiam seu conteúdo, a concessão não cumpriu todos os passos exigidos à época, razão pela qual o Ministério Público Federal ingressou com uma ação na justiça, para anulá-la”, afirma a organização Instituto Sócioambiental (ISA), uma das entidades que se opõem à construção da usina, também em portal na internet.

A CBA informa no endereço eletrônico do empreendimento que em 1997 protocolou pedido de licenciamento no Ibama e, no mesmo ano, o Ministério Público Federal encaminhou ao instituto documento definindo a necessidade de estudos complementares antes da autorização ambiental. Seguem-se ações civis movidas tanto pelo ministério Público Federal quanto pelo Ministério Público do Estado do Paraná. Em 1999, como resultado dessas ações, “a Justiça Federal julga procedente os pedidos (...) declarando nulas e sem efeito as licenças concedidas pelas Secretarias Estaduais de Meio Ambiente de São Paulo e Paraná” e transfere as decisões ao Ibama.

Outro amparo legal contestado refere-se à dispensa de solicitação de nova autorização de outorga por parte da Agência Nacional de Águas (ANA) para projetos de usinas hidrelétricas. Na resolução número 131, de 11 de março de 2003, em seu 7º e último artigo, dispensa da necessidade dessa autorização todos os que já a receberam até aquela data. A ANA está atualmente revendo essa autorização, em razão de alterações no projeto da usina.

Em resposta à Agência Brasil, por meio de seu escritório central de Marketing, a CBA informa que “no último dia 26 de fevereiro de 2008, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), empresa do Grupo Votorantim, recebeu do Ibama o parecer técnico sobre a viabilidade da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto. A CBA tem a concessão para implantar essa usina através do Decreto Federal n° 96.746. O órgão definiu que a emissão da Licença Prévia para o empreendimento está condicionada a resolução de duas pendências: uma solução técnica para a inundação de cavernas na região, cuja competência para avaliação é do Instituto Chico Mendes e a outra se refere à revalidação pela Agência Nacional de Águas – ANA – quanto ao direito de uso dos recursos hídricos do Rio Ribeira. A CBA, uma empresa 100% brasileira e que há mais de 50 anos cresce de forma responsável, encontra-se neste momento trabalhando para atender as solicitações do Ibama, que realizou uma análise extensa e cuidados acerca da viabilidade deste empreendimento, concluindo, num parecer assinado por oito analistas ambientais, que ‘os impactos positivos do empreendimento tendem a superar os negativos’".

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Manifestantes protestam em SP contra construção de hidrelétrica no Vale do Ribeira

12 de Março de 2008 - Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - Integrantes de movimentos sociais, ambientalistas, quilombolas, agricultores familiares e pescadores promovem hoje (12) uma manifestação em frente ao prédio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em São Paulo. Eles protestam contra o parecer técnico do instituto que apontou a viabilidade ambiental da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, no Vale do Ribeira, em São Paulo.

De acordo com os manifestantes, se a usina foi construída gerará energia exclusivamente para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). “Não há interesse público na construção da usina, porque ela beneficiará apenas uma pessoa, que é o proprietário da CBA, Antônio Ermírio de Moraes. Não estão avaliando o impacto social que isso irá causar para as famílias da região”, disse um dos organizadores da manifestação, Cleber Rocha Chiquinho. Ele integra o Coletivo Educador do Lagamar, grupo que faz parte da Campanha em Defesa do Rio Ribeira.

Hoje representantes do Ibama e de entidades que promovem o protesto devem discutir a questão em reuniões em Brasília e em São Paulo. Mas, de acordo com a assessoria de imprensa do instituto em São Paulo, qualquer decisão sobre o assunto sairá de Brasília, onde as questões são deliberadas.

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Via Campesina e MAB iniciam protestos contra hidrelétricas em oito estados

11 de Março de 2008 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) iniciaram hoje (11) uma série de protestos contra a construção de hidrelétricas. As ações, que aconteceram em oito estados, antecipam manifestações agendadas para a próxima sexta-feira (14), considerado o Dia Internacional de Luta contra as Barragens.

Os manifestantes protestaram em Minas Gerais, no Espírito Santo, em Rondônia, no Ceará, no Pará, em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul. A maior parte dos manifestações se concentrou em frente as barragens, em canteiros de obras de hidrelétricas e diante de prédios de empresas estaduais de energia.

De acordo com a representante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MAP) - que integra a Via Campesina - Maria da Costa, as ações de hoje "estão focadas nos estados onde estão as grandes bacias e que concentram grandes projetos hidrelétricos".

Até sexta-feira, os protestos do MAB e da Via Campesina deverão estender a crítica a outros pontos da política energética brasileira e chegar às capitais, de acordo com Maria da Costa.

"Queremos promover um debate maior sobre a questão da energia. Mostrar à sociedade que quem mais paga são os consumidores e não as grandes empresas", disse.

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Justiça mantém posse de usina hidrelétrica na divisa entre Tocantins e Maranhão

12 de Março de 2008 - Juliana Maya - Repórter da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília - O juiz da comarca de Estreito, do Tribunal de Justiça do Maranhão, Gilmar de Jesus Everton Vale, concedeu na noite de ontem (11) liminar de manutenção de posse da Usina Hidrelétrica de Estreito, na divisa entre os estados de Tocantins e do Maranhão. O local foi ocupado por cerca de 400 pessoas que impedem a passagem dos funcionários e, por causa disso, as obras estão paralisadas desde a manhã de terça-feira.

De acordo com a liminar, a polícia poderá ser chamada para garantir a retirada dos manifestantes. O grupo, formado por ribeirinhos, agricultores, pescadores, barqueiros e barraqueiros, reivindica um fórum de discussão sobre os impactos da construção da hidrelétrica para a população da região.

O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens no Maranhão, Cirineu Rocha, disse, entretanto, que a notícia da liminar ainda não chegou ao acampamento e que as pessoas só sairão de lá depois de concretizadas as discussões. Segundo ele, na noite de ontem, um dos manifestantes foi atingido na perna por um tiro disparado por um dos seguranças da obra. O ferido está no Hospital Municipal de Estreito para retirada da bala.

Segundo os manifestantes, as obras da Usina Hidrelétrica de Estreito exigem a retirada das famílias que ocupam áreas próximas ao Rio Tocantins, e elas não aceitam a proposta feita pelo Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável pelo empreendimento. Cirineu informou que a Ceste ofereceu a cada família R$ 35 mil ou 12 hectares de terra em outra área.

Os manifestantes afirmam que a indenização é muito inferior a outros acordos realizados em casos semelhantes, como o da Usina Hidrelétrica de São Salvador, no sul de Tocantins.

O antropólogo Jaime Siqueira, coordenador da organização não-governamental (ONG) Centro de Trabalho Indigenista, acenou com a possibilidade de índios das etnias Krahô e Apinajé se juntarem ao movimento, por causa da preocupação com os impactos ambientais e culturais da obra.

"Há uma grande quantidade de pessoas chegando a Estreito, não só para trabalhar na obra, mas também por conta dos serviços que estão surgindo em função da [construção da] barragem. Então, esse será certamente o principal impacto para as terras indígenas: um aumento do número de invasões e a pressão de gente no entorno das terras", disse o antropólogo.

Em nota, o Ceste afirma que cerca de 200 manifestantes bloquearam a entrada de acesso ao canteiro de obras, pondo em risco a segurança de aproximadamente 2 mil trabalhadores. A Ceste diz também que grande parte dos ativistas é de outro município, fora da área de abrangência do empreendimento.

A usina faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo em janeiro do ano passado.

O Consórcio Estreito Energia (Ceste), responsável pela obra, é formado pelas empresas Vale, Alcoa Alumínio, Billiton Metais (BHP), Camargo Corrêa Energia e Tractebel.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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