COCAÍNA ESTÁ EM QUASE TODAS COMUNIDADES INDÍGENAS DA REGIÃO DE TABATINGA, DIZ FUNAI

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2008

17 de Março de 2008 - Vladimir Platonow - Enviado especial - Valter Campanato/Abr - Terra Indígena Tukuna Umariaçu - Rua da área do povo Tikuna. Segundo a Funai, a cocaína está disseminada nas comunidades indígenas da região de Tabatinga (AM), que faz fronteira com a Colômbia
Tabatinga (AM) - O administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Tabatinga, Davi Félix Cecílio, afirmou hoje (17) que a cocaína está presente em praticamente todas as 230 comunidades indígenas sob sua jurisdição, que corresponde a um total de 54 mil índios.

Em entrevista à Agência Brasil e à TV Brasil, ele admitiu que em determinadas comunidades, como Umariaçu, um em cada cinco jovens indígenas está viciado em cocaína, e que os traficantes estão usando os índios como “mulas” para o transporte da droga.

O administrador da Funai afirmou já ter procurado a Polícia Federal para coibir o tráfico em Umariaçu. Segundo ele, a PF realizou uma rápida operação sem resultados efetivos.

Segundo Cecílio, a Funai não tem conseguido combater esse tipo de problema, pois não tem competência legal para isso. “O governo brasileiro, por meio da Funai, tem que criar um mecanismos para a população indígena, senão eles vão se envolver nas drogas. Tem que oferecer alternativas como cursos profissionalizantes”, disse o administrador da Funai.

"Nós estamos no fim do Brasil, na faixa de fronteira. A invasão dos nossos companheiros dos países vizinhos, colombianos e peruanos, é constante. São traficantes. As pessoas envolvidas com drogas, estão usando os índios tikuna, kokama, kanbeba, kaixana, kanamari, vitota como mulas, transportando as drogas."

Cecílio informou que quatro índios kokama estão presos em Manaus, desde a semana passada, por causa do tráfico de cocaína. "Quando o índio se envolve na cocaína, abandona o estudo, não trabalha na agricultura, porque o mandante oferece dinheiro para ele passar de canoa ou de barco pequeno. Aí eles são pegos."

Ele manifestou também preocupação com a situação dos outros índios. "Eu, como administrador da Funai regional, trabalho preocupado com a situação que os meus parentes enfrentam hoje, porque estão envolvidos nas drogas. Cada pai de família está preocupado com os filhos, porque eles estão se matando com a força da droga."

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Índios da região de Tabatinga são vítimas do tráfico, afirma Coiab

18 de Março de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A utilização de índios da região de Tabatinga (AM) como “mulas” - responsáveis pelo transporte de drogas, entre os países da América do Sul - é uma realidade reconhecida pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). Entretanto, para a entidade, a penalização dos nativos envolvidos não deve ser prioridade dos órgãos de Estado.

“Repressão tem que existir, mas os chefões do tráfico estão soltos e apenas usam os indígenas da região. Eles são vítimas e o problema não será resolvido com medidas punitivas. Se não promover o desenvolvimento sustentável, vai continuar”, defendeu em entrevista à Agência Brasil o coordenador geral da Coiab, Jecinaldo Barbosa Cabral.

Ele argumentou que a falta de perspectivas de vida é a principal responsável por tornar jovens indígenas vulneráveis ao narcotráfico na fronteira.

O diretor de Assistência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Aloysio Guapindaia, afirmou hoje (18) que os índios da região de Tabatinga que trabalharam a serviço do tráfico podem responder a processo ou ser penalizados por seus atos, mas desde que seja dado a eles um tratamento diferenciado garantido por lei.

“Eles não podem ficar em celas comuns, pois sofrem processo de assédio, agressões e intimidações de outros presos por preconceito. A Funai sempre pede que a custódia do índio fique a cargo dela e não da polícia”.

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Governo apresenta substitutivo a projeto que regulamenta mineração em área indígena

18 de Março de 2008 - Marco Antônio Soalheiro* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Representantes do governo federal anunciaram hoje (18), em audiência pública na Câmara dos Deputados, um substitutivo ao Projeto de Lei 1610/96 que regulamenta a exploração mineral em terras indígenas.

Segundo a proposta, será feita uma consulta prévia aos indígenas, para saber se eles querem ou não extrair minério em suas áreas – se a extração for aceita pela comunidade, uma licitação definirá qual empresa ficará com a concessão de extração. Também está previsto que associações indígenas participem das licitações para a exploração de minério em suas áreas. Pela lei atual, os recursos minerais podem ser explorados por identificou sua existência.

A comunidade receberia também um percentual do lucro sobre o minério extraído, mas o valor desse lucro (royalties) não foi estabelecido. Ele seria negociado antes do início do período licitatório e a concessão se daria por prazo determinado.

Para o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, a proposta do governo garante uma retribuição justa aos indígenas. "Temos que legalizar, de forma que os povos indígenas sejam muito bem remunerados pela exploração dessas riquezas. A idéia é transformar em real uma riqueza potencial, em benefício dos indígenas e do país”, afirmou.

A representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Valéria Kaxuyana, acompanhou a apresentação do projeto na audiência e se disse surpresa. Ele alegou que em nenhum momento o governo propôs uma discussão do tema no âmbito da Comissão Nacional de Política Indigenista

“Não tem diálogo neste espaço, porque a proposta não está sendo construída em conjunto com o movimento indígena”, criticou Kaxuyana, que acrescentou: "Os índios têm vários exemplos de que mineração em suas terras não é uma atividade positiva”, por causar degradação ambiental e doenças.

O diretor de assistência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Aloysio Guapindaia, disse ser favorável à regulamentação da exploração mineral em terras indígenas, desde que ela ocorra no âmbito de um projeto mais amplo, que resulte em um novo Estatuto do Índio.

“Estamos assistindo a comunidades que exploram madeira e minério de forma irregular, criminalizando a atividade Mas queremos ir além. É preciso aliar desenvolvimento econômico e promoção de autonomia para as populações”, destacou Guapindaia, ao argumentar que a proposta do governo ainda precisará ser debatida em seminários regionais com as comunidades indígenas.

Segundo a Funai, as terras indígenas ocupam atualmente 12% do território nacional. Nelas vivem aproximadamente 400 mil índios de 225 etnias. O Departamento de Produção Mineral (DNPM) informou que desde a década de 80, mais de 5 mil pedidos de análise mineral em terras indígenas foram feitos no órgão.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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