PARANÁ LIDERA PROPOSTAS DURANTE CONFERÊNCIA DO MEIO AMBIENTE

Panorama Ambiental
Curitiba (PR) – Brasil
Abril de 2008

A votação das propostas apresentadas na III Conferência Estadual do Meio Ambiente, realizada em Praia de Leste, no litoral do Paraná atravessou a madrugada deste domingo (30). A participação maciça dos delegados durante os três dias de evento surpreendeu os representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que acompanhavam as discussões.

A primeira votação (propostas que serão levadas à Conferência Nacional do Meio Ambiente) foi encerrada às 4h30 deste domingo.

Segundo o articulador da região Sul da Conferência Nacional do Meio Ambiente, Jeferson Pereira, este foi o evento com a votação mais extensa da região. “E o melhor: com quórum e com qualidade de debates. A plenária era composta por cerca de 80% dos delegados que estavam presentes e credenciados. Foi uma excelente participação dos paranaenses”, elogiou.

“Apesar de ter sido cansativo, foi louvável”, disse um dos representantes do MMA, Mauro Soares. Segundo ele, a interação e o nível de participação dos delegados é resultado do trabalho integrado entre MMA e Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídrico – que estava simbolizado na condução da mesa, feita pelas duas instituições. A segunda votação (propostas para as políticas públicas paranaenses) continua na tarde deste domingo (30). O término das discussões está previsto para esta noite.

Outro aspecto destacado por Mauro foram as apresentações culturais que ajudaram a equipe a relaxar e dar continuidade aos trabalhos. “Além de enriquecer os debates, isso fortificou a participação dos delegados neste processo todo. Esta foi uma iniciativa diferenciada das outras conferências realizadas em todo o Brasil e assim o Paraná se destacou em todo o processo nacional”, afirmou.

GRUPOS DE TRABALHO – Não foram apenas os representantes do MMA que ficaram satisfeitos com a Conferência; seus participantes que representavam os Movimentos Sociais também aprovaram a forma como o evento foi realizado.

“Essa bela receptividade nos mostra que garantimos que o principal objetivo da Conferência, que era dar oportunidade de participação na formulação de políticas públicas aos mais diversos segmentos da sociedade, foi atingido”, destacou o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.

Para Antônio Laiola, que mora no assentamento Emiliano Zapata (em Ponta Grossa) e representa o MST, o direito de todos apresentarem suas idéias foi respeitado. “As discussões foram muito produtivas e, em determinados assuntos, polêmicas. Mas o que realmente importou é que todos tiveram a chance de expressar suas opiniões”, afirmou.

O calor das discussões simbolizou o exercício da democracia, de acordo com a representante de 25 mil famílias associadas à Via Campesina, Indianara Pires. “As discussões foram polêmicas, assim como devem ser em um evento destes onde setores antagônicos se confrontam ideologicamente. Afinal, são pessoas de diversos segmentos e diferentes pontos de vista que colocam seus argumentos para, juntos, decidir o que é melhor para a sociedade”, disse.

Segundo a ambientalista Leni Jesus de Oliveira da ONG Povo Novo, de Guapirama, a abertura para os mais diversos segmentos sociais participarem das conferências já havia se consolidado nos eventos regionais. “Ali começou a chance de entidades como a nossa deixarem de apenas criticar, o que é fácil. Esta foi a hora de participarmos do processo de decisão. O governo só ganha pontos com iniciativas como esta”, comentou.

Mas, além de discutir políticas públicas, a conferência foi também um espaço de educação ambiental, lembrou Márcio Kokoj, da reserva de Mangueirinha, que representou as comunidades indígenas. “Nós, indígenas, nascemos sabendo que dependemos da natureza para sobreviver e nossa relação com os rios e a floresta, por exemplo, é muito diferente. De maneira instintiva, nós cuidamos destes recursos naturais. Foi isso que tentei mostrar nas discussões em que participei”, destacou.

Já Pablo Melo, da Organização Não-Governamental Tudo Verde, de Londrina, fez uma comparação entre a Conferência Estadual do Meio Ambiente paranaense e a realizada pelo estado de São Paulo. “Acompanhamos as conferências nos dois lados do Rio Paranapanema e no lado paulista eles não conseguiram metade do que o Paraná conseguiu, como os debates consistentes”, ressaltou. Segundo ele, em São Paulo as propostas foram “simplesmente colocadas na tela e as aprovadas, sem discussões ou novas idéias”.

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Proposta polêmica é vetada na Conferência do Meio Ambiente

A proposta apresentada por um cidadão, durante a Conferência Regional de Meio Ambiente de Antonina – que contou com a participação de moradores dos sete municípios do Litoral - de “Promover a sustentabilidade entre comunidades alternativas liberando o cultivo de ervas medicinais, incluindo a canabis sativa, entre outras” foi vetada por 404 delegados presentes a plenária da III Conferência Estadual do Meio Ambiente, no ultimo sábado (29).

Além de não aprovar a proposta, os participantes do evento estadual também redigiram uma moção de repúdio à forma como a Conferência vem sendo divulgada na mídia paranaense. Com isso, esta não será uma das idéias a ser apresentada pelo Paraná na Conferência Nacional do Meio Ambiente, que acontece em Brasília no mês de maio.

INDIGNAÇÃO - Muitos participantes foram desrespeitados e ofendidos devido à distorção dos objetivos da Conferência. Carlos Eduardo da Silva, que coordenou um grupo de trabalho, estava revoltado. “Em uma das reportagens, apareço conversando com o grupo, dando a falsa impressão de que estávamos discutindo a tal questão. Estávamos em debate, sim, mas sobre temas muito mais importantes e relacionados às Mudanças Climáticas”, disse. “Foi uma falta de respeito e de consideração com os participantes, uma vez que a conferência não trata sobre o plantio de maconha”, completou.

A conferencista Rafaela Cristine Sela foi ofendida quando se deslocava do local do evento – utilizando a camiseta da Conferência - à sua pousada. “Não sabia o que estava acontecendo porque passei o dia inteiro envolvida nas discussões do grupo de trabalho. Ao chegar à pousada, pessoas me chamaram de maconheira na rua apenas por estar vestida com a camiseta da conferência”, lamentou.

A engenheira agrônoma de Andirá, Monica Gerke, também relatou sua indignação à organização da Conferência. “Fiquei escandalizada com o foco que a imprensa deu para o evento. Me senti desrespeitada porque eu não vim discutir isso e sabia que não seria aprovada a proposta. Estou aqui para defender algo que diz respeito ao futuro de todos os paranaenses que é o meio ambiente e medidas para conter o aquecimento global”, destacou.

Entre as propostas prioritárias para a região de Andirá, está o incentivo ao reaproveitamento e reuso da água nos meios rural e urbano. “Esta sim uma ação de adaptação às Mudanças Climáticas imprescindível. O que o cultivo de maconha influenciaria no combate ao aquecimento global?”, questionou.

O apicultor de São José da Boa Vista (Norte Pioneiro), Pedro Panichek, lembrou que cada uma das 1,3 mil propostas apresentadas em cada uma das regiões paranaenses seria uma ‘boa matéria’ para os jornais.

“Isso porque representam os anseios daqueles que se preocupam realmente, em garantir o meio ambiente para as futuras gerações. Entre as realmente necessárias e as polêmicas, optaram por divulgar justamente a polêmica e que não foi aprovada”, destacou.

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Participação popular marca abertura da Conferência Estadual do Meio Ambiente

A diversidade de grupos e propostas marcou a abertura da IIIa Conferência Estadual do Meio Ambiente, promovida pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos realizada a noite da ultima quinta-feira (27), em Praia de Leste, no Litoral do Paraná. Mais de 1,5 mil pessoas – entre representantes de movimentos sociais e comunidades tradicionais, ambientalistas, estudantes, empresários e autoridades – compareceram à solenidade que deu início a mais importante oportunidade de participação popular na definição de políticas públicas para o setor.

A expectativa do Ministério do Meio Ambiente para a conferência paranaense é grande, segundo a secretária nacional de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Brito, que representou a ministra Marina Silva no evento. “O governo do Paraná, desde o início, tem auxiliado e participado fortemente desse compromisso nacional. Entendemos que a conferência, embora seja uma iniciativa do Ministério, deve ser apropriada pelos Estados e municípios. E o Paraná fez isso com firmeza”, afirmou.

O coordenador executivo da Conferência Nacional, Geraldo Vitor de Abreu, reforçou que o grande número de propostas é fruto do trabalho desenvolvido pelo governo estadual. “Tivemos uma receptividade muito grande da Secretaria do Meio Ambiente, o que acabou levando a um grande sucesso as conferências no Paraná. Prova disso é o número expressivo de participantes e propostas, pois quando existe esse envolvimento do governo estadual a sociedade responde”, analisou.

Até domingo (30), mais de mil propostas estarão em debate. Neste ano, o tema sugerido pelo Ministério do Meio Ambiente é Mudanças Climáticas – discutido a partir de cinco eixos temáticos: Redução das Causas, Adaptação aos Impactos, Educação Ambiental, Pesquisa, e também Controle Social e Fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).

Durante a abertura, o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, destacou a importância da variedade das propostas apresentadas. “A conferência é um exercício de cidadania e democracia, onde a sociedade é maioria justamente para espelhar suas demandas”, disse. “Afinal, o futuro das próximas gerações depende dos compromissos que todos nós assumimos no presente”, completou.

As mais de mil sugestões de políticas públicas – que não contemplaram apenas propostas relacionadas às mudanças climáticas, mas também outras anseios da população com a implantação de calçadas ecológicas e pesquisa de formas de mineração menos impactantes ao meio ambiente, entre outras - foram reunidas nas conferências regionais realizadas em cada uma das 13 Unidades Hidrográficas paranaenses no ano passado, que juntas reuniram mais de 7 mil pessoas.

Para o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida, presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná, a conferência se tornou uma grande consulta popular. “Até o mais simples cidadão paranaense teve oportunidade de dizer o que pensa e seu pensamento será traduzido em leis e iniciativas governamentais que serão legitimadas pelas discussões desta grande consulta”, afirmou.

Além da elaboração de propostas, nos eventos regionais também foram eleitos 1000 delegados que serão responsáveis por aprová-las na plenária da Conferência Estadual. Já neste final de semana, serão eleitos os 60 delegados que irão defender as propostas paranaenses na Conferência Nacional do Meio Ambiente, que acontece em Brasília em maio deste ano.

 
 

Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Paraná
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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