A DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA CHEGA À ALEMANHA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2008

14 de Abril de 2008 A tora de tauari recolhida na Amazônia foi trabalhada pelo artista Siron Franco para expor ao público a destruição da floresta.
Berlim (Alemanha) — Greenpeace inicia exposição itinerante para denunciar uma triste realidade que ainda domina a maior floresta tropical do mundo: o desmatamento.

Duas grandes toras de tauari, espécie nativa da Amazônia, foram colocadas nesta segunda-feira em frente à Embaixada brasileira em Berlim, na Alemanha. As toras, partes de uma árvore centenária derrubada e queimada ilegalmente no sul do Amazonas, foram levadas pelo Greenpeace à Europa para mostrar o drama do desmatamento que ainda ameaça a maior floresta tropical do mundo.

Nove monitores de vídeo, instalados no interior dos troncos da árvore, exibiram imagens da floresta, sua biodiversidade e o horror da destruição, num trabalho realizado pelo artista plástico brasileiro Siron Franco, a pedido da organização ambientalista.

Ativistas abriram faixas com mensagens em alemão, português e inglês, alertando para a importância de acabar com o desmatamento na Amazônia e, assim, combater o aquecimento global.

O embaixador brasileiro em Berlim, Luiz Felipe de Seixas Corrêa, recebeu uma cópia do relatório "O Leão Acordou", do Greenpeace, mostrando que o governo brasileiro cumpriu apenas 30% das metas previstas no plano federal de combate ao desmatamento na Amazônia nos últimos quatro anos.

"O Brasil precisa e pode fazer mais do que está fazendo para proteger a Amazônia e o clima do planeta. A proteção ambiental tem que subir na lista de prioridades do governo brasileiro", disse André Muggiati, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, que está na Alemanha. Segundo Muggiati, o Brasil deve adotar metas anuais de redução para zerar o desmatamento na Amazônia até 2015 e aumentar urgentemente a governança na floresta, destinando recursos adequados ao fortalecimento das instituições públicas encarregadas de monitoramento e controle.

"Além disso, o governo Lula deve parar de adotar ações contraditórias, como a recente medida provisória que autoriza a legalização de áreas públicas invadidas na Amazônia, e barrar o projeto “Floresta Zero”, em discussão no Congresso, que modifica o Código Florestal e fragiliza a legislação que protege nossas florestas."

De Berlim, a instalação de Siron Franco deverá ser apresentado em diversas cidades alemãs, a caminho de Bonn, onde será uma das atrações do Greenpeace na 9a. conferencia da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que acontece em maio. A exposição da árvore pretende sensibilizar os participantes da CBD, em particular o Brasil e a Alemanha, para a necessidade de adoção urgente de medidas concretas para a preservação da biodiversidade e do clima, tais como a criação de um fundo global para financiar a proteção das florestas, a implementação de uma rede mundial de áreas protegidas e a de estratégias globais para zerar o desmatamento até 2015. O desmatamento, principalmente das florestas tropicais como a Amazônia, é responsável pela emissão de 20% dos gases que provocam o aquecimento global.

"Além disso, os países desenvolvidos devem proibir a entrada de madeira ilegal na Europa e contribuir com projetos que valorizem a floresta em pé", afirmou Corinna Hoelzel, do Greenpeace.

As toras chegaram à Europa depois de percorrer mais de 16 mil quilômetros no Brasil. No ano passado, foram exibidas no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, emocionando milhares de brasileiros que participaram de um abaixo-assinado pedindo ao presidente Lula o fim do desmatamento na Amazônia. Depois da expedição do Greenpeace, os troncos da árvore foram cedidos ao artista Siron Franco, para sua transformação em obra de arte.

Assim como o tauari, a CBD também está indo do Brasil para a Alemanha. A última reunião da convenção aconteceu em Curitiba, em 2006. Agora, o Brasil transfere a presidência da CBD para a Alemanha.

"Como anfitrião da Convenção, o governo alemão deve liderar não apenas as negociações, mas também dar o exemplo, destinando dois bilhões de euros para a proteção das florestas tropicais", completou Hoelzel.

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Ibama apreende madeira ilegal que embarcava para Europa

11 de Abril de 2008 Navio BSLE Express deixa o porto de Santarém, no Pará, depois de ficar retido pelo Ibama por carregar madeira ilegal para a Europa.
Manaus (AM), Brasil — Apreensão da carga, que estava sendo embarcada no navio BSLE Express, no porto de Santarém, comprova denúncia do Greenpeace.

O navio BSLE Express, de bandeira do Chipre, deixou na quinta-feira o porto de Santarém, no Pará, depois de ficar retido pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) desde o dia 27 de março por carregar madeira ilegal para a Europa. Segundo o instituto ambiental, 732 metros cúbicos de madeira serrada foram apreendidos. O carregamento já havia sido liberado pela Receita Federal.

Todas as cargas de madeira apreendidas apresentavam documentação com informações falsas sobre as espécies realmente embarcadas. As empresas exportadoras RainbowTrading Importação e Exportação Ltda., Sabugy Madeiras Ltda, Madeireira Lider Ltda., U.T.C Madeiras Ltda., Batista e Farias Transf. de Madeiras Ltda. e Eco-Log Exportação de Madeiras Ltda. foram multadas em R$ 290 mil. Os compradores identificados nos documentos eram: United Timber Company LLC, Rodenhuis Holding BV (Holanda), Etablissements Peltier (França) e Fernando Martins Coelho (Portugal).

Várias razões levam a este tipo de fraude, a principal delas é porque a empresa não tem saldo suficiente da madeira que é encomendada, então ela adquire e processa madeira ilegal e exporta usando o nome de outras espécies nos documentos, que porventura a empresa tenha saldo para exploração. Este tipo de fraude acontece no final da cadeia produtiva e é apenas um dos muitos utilizados atualmente.

Há cerca de um mês (17/03), ativistas do Greenpeace bloquearam por mais de 24 horas, na França, navio que transportava madeira amazônica para chamar atenção sobre a falta de controle sobre o setor madeireiro no Brasil e a carência de um sistema de fiscalização por parte da União Européia sobre a origem da madeira que abastece seus mercados. A falta de uma legislação mais rígida nos países consumidores permite que empresas que atuam de forma clandestina abasteçam o seu mercado com madeira ilegal ou vinda de desmatamento.

Na oportunidade divulgamos o relatório Financiando a Destruição (arquivo em PDF para download), que revela como a produção ilegal de madeira da Amazônia continua sendo um problema crônico, não resolvido pelo governo brasileiroe pelos estados amazônicos, apesar do tema ter sido incluído no Plano de Ação para Controle e Prevenção do Desmatamento, lançado em março de 2004.

“As empresas importadoras européias justificam estarem comprando madeira com documentos legais quando, na realidade, estão financiando a exploração ilegal que segue destruindo grandes áreas de florestas, promovendo o desmatamento, facilitando a grilagem de terras e incentivando a corrupção e a violência contra comunidades”, disse Marcelo Marquesini, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Ao abrirem as portas para a madeira de origem ilegal e predatória, os países europeus se tornam co-responsáveis pela destruição dos remanescentes de floresta tropical, como a Amazônia. E se as empresas importadoras não têm conhecimento da espécie de madeira que estão comprando, então, no mínimo, elas estão comprando gato por lebre.”

A atual gerência do Ibama em Santarém está comprometida em combater a produção ilegal de madeira na região e já havia sinalizado que retomaria as fiscalizações no porto da cidade, paralisadas há mais de dois anos. Porém, aguardava os recursos necessários para isso. A operação “Made in Brazil”, foi iniciada no dia 26 de março e, no dia seguinte, reteve a madeira embarcada no BSLE Express. “Como as inspeções portuárias estavam paradas, muita madeira ilegal deve ter sido exportada para a União Européia, maior importador de madeira amazônica”, disse Marquesini. “As inspeções deveriam ocorrer em todos os portos que embarcam madeira da Amazônia para evitar que este tipo de crime continue acontecendo”.

Estima-se que 80% da madeira explorada na região sejam produzidos de forma ilegal. O governo Lula assumiu que pelo menos 63% da produção anual – 40 milhões de metros cúbicos – sejam ilegais. Porém, a madeira sai dos portos brasileiros totalmente legalizada graças às falhas no sistema de controle e monitoramento da produção.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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