ABRIL INDÍGENA VAI ANALISAR A SITUAÇÃO DOS DIREITOS DOS ÍNDIOS NO BRASIL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2008

12/04/2008 - O Acampamento Terra Livre, evento central do Abril Indígena, em sua quinta edição, será instalado nesta terça-feira, 15 de abril, e ficará montado até quinta-feira, 17 de abril. Para apresentar a programação e fazer um balanço da situação dos direitos indígenas, a partir das realidades vividas pelos povos, haverá uma entrevista coletiva à imprensa, dia 15/4 (terça-feira), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, às 10h30.

Cerca de 800 indígenas de todo o país devem se reunir no Acampamento Terra Livre entre os dias 15 e 17 de abril, o principal evento do Abril Indígena, conjunto de manifestações indígenas que ocorre no mês de abril, e que está em sua quinta edição. O tema central do evento será a análise da situação dos direitos indígenas e da política indigenista no Brasil, no contexto dos 20 anos da Constituição Federal. Serão priorizadas as discussões sobre a aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas (paralisado no Congresso há mais de 13 anos)e sobre a criação do Conselho Nacional de Política Indigenista.

Outro objetivo será avançar na consolidação da articulação do movimento indígena nacional para aprimorar o controle social das políticas públicas voltadas aos povos indígenas.

Eixos temáticos

Durante a apresentação da programação, serão também detalhados os eixos temáticos do Acampamento: saúde indígena; territórios indígenas (demarcação, proteção, desintrusão e sustentabilidade); educação indígena; regulamentação dos direitos indígenas (Conselho Nacional de Política Indigenísta, Estatuto dos Povos Indígenas e matérias correlatas); e violência e criminalização contra os povos indígenas.

A coletiva - marcada para as 10h30 desta terça-feira, 15 de abril, na Esplanda dos Ministérios - terá a participação de:

:: Marcos Xukuru – integrante da CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista)
:: Uilton Tuxá – representante indígena no Conselho Nacional de Saúde/ Coordenador da Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo)
:: Joênia Wapichana – CIR (Conselho Indígena de Roraima)
:: Jecinaldo Sateré-Mawé – Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira)
:: Saulo Feitosa – Cimi/CNPI (Conselho Indigenista Missionário e Comissão Nacional de Política Indigenista)
:: Gilberto Azanha – CTI/CNPI (Centro de Trabalho Indigenista / Comissão Nacional de Política Indigenista)
:: Ana Paula Caldeira Souto Maior – ISA (Instituto Socioambiental)

O Acampamento Terra Livre é organizado pela Articulação dos Povo Indígenas do Brasil – Apib (Coiab, Apoinme, Arpinsul e Arpipan) e pelo Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas – FDDI (Coaib, Apoinme, CIR, Foirn, CTI, Cimi, Inesc, Isa, Comin, Arpinsul, Arpipan, Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, Anai, ABA e Opan).

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Oficina em Ivaporunduva comemora a produção de 15 mil mudas de juçara

16/04/2008 - Representantes de comunidades quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e parceiros participam de evento na pousada do Quilombo de Ivaporunduva para festejar a primeira produção de mudas da palmeira e debater alternativas sustentáveis para sua utilização.

Associações de 16 comunidades quilombolas do Vale do Ribeira e do litoral norte do Estado de São Paulo participaram da primeira oficina de despolpa de Juçara, na última quinta-feira, 10 de abril, na pousada do Quilombo de Ivaporunduva, no município de Eldorado (SP).

A produção de mudas e a realização de atividades com o objetivo de criar alternativas sustentáveis e geração de renda a partir da palmeira Juçara fazem parte do Projeto de Repovoamento, Conservação e Uso sustentável da Palmeira Juçara nas Comunidades Quilombolas no Vale do Ribeira, que o ISA desenvolve na região com parceiros locais. Entre as atividades realizadas estão o repovoamento por semeadura a lanço nas florestas, a construção de viveiros de mudas comunitários, e o uso sustentável da espécie para que ela permaneça viva e valorizada em seu ambiente natural.

Além da oficina, os representantes das comunidades e participantes do evento receberam mudas, com a intenção de despertar o interesse pelo plantio da juçara e mostrar uma possibilidade futura de geração de renda, a partir do uso sustentável da palmeira. Instituições parceiras do projeto como o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), e a Fundação Florestal também participaram da oficina.

Em 2007, foram construídos três viveiros de mudas nas comunidades quilombolas de Cangume, André Lopes e Nhunguara e reformados outros dois em Ivaporunduva e Nhunguara. As 15 mil mudas produzidas a partir daí serão destinadas à 14 comunidades quilombolas para plantio nos quintais.

A oficina de despolpa foi realizada pelo ISA com a ajuda de Luciano Coberlini do Instituto de Permacultura e das comunidades quilombolas de Camburi (SP), Praia da Fazenda (SP), e Campinho da Independência (RJ), que executam projeto de produção de polpa de Juçara. Contaram ainda com o apoio da Cooperágua (cooperativa da comunidade do Guapiruvu) que levou diversas receitas com juçara que foram elaboradas para degustação, e do biólogo Leandro do Carmo, pós-graduando da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP), que estuda toda a cadeia produtiva da polpa de Juçara por comunidades tradicionais da Mata Atlântica.

As mil e uma utilidades da Juçara

A palmeira Juçara (Euterpe edulis) é considerada espécie-chave para a conservação da Mata Atlântica por ser a principal fonte de alimentação para vários animais ameaçados de extinção, e por ser a espécie não-madeireira mais importante do Bioma. Desde 1950, tem sido alvo de intensas explorações que a colocaram na lista de espécies ameaçadas de extinção. Dada sua grande importância na dinâmica das florestas e no sustento das comunidades tradicionais da Mata Atlântica, pesquisas estão sendo aprofundadas e projetos de valorização de sua polpa vem sendo executados, já que se trata de um produto de potencial comunitário legalmente reconhecido, que no futuro poderá ser alternativa ao corte ilegal do palmito.

A Juçara é parente do Açaí da Amazônia (Euterpe oleracea), e poderá também ser comercializada e apreciada em restaurantes, lanchonetes e mercados. Além de um alimento super nutritivo possui características medicinais, com alto teor de cálcio.
ISA, Renata Moreira Barroso.

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Índios denunciam o descaso do governo com seus direitos

15/04/2008 - Primeiro dia do Acampamento Terra Livre, evento central do Abril Indígena 2008, é marcado por denúncias, mobilização e retrospectiva da luta dos povos indígenas desde a Constituição de 1988. Até 18 de abril, cerca de 700 índios de 20 estados ficam acampados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

A tenda de circo, em frente ao Congresso Nacional e em meio a dezenas de barracas de lona, serve de palco para a articulação de estratégias que visam a garantir os direitos dos povos indígenas no Brasil e aprimorar o controle social das políticas públicas. A conversa inclui temas como direitos indígenas e política indigenista, o Estatuto dos Povos Indígenas e a criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, além de outros assuntos polêmicos, como o caso da Terra Indígena (TI) Raposa-Serra do Sol, em Roraima.

Na abertura do quinto Acampamento Terra Livre, nessa terça-feira (15/4), Jecinaldo Sateré-Mawé, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), afirmou que um dos grandes objetivos da mobilização é alertar a sociedade brasileira sobre as diversas violações dos direitos dos povos indígenas no País e o quanto a questão indígena não recebe a devida prioridade. Citou como exemplo a TI Raposa-Serra do Sol, em Roraima, onde arrozeiros, que deveriam ter deixado o local há 3 anos - quando a demarcação da área foi homologada - ainda ali permanecem. Na semana passada, em 9/12, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu suspender a desintrusão da TI, que havia sido iniciada pela Polícia Federal, no final de março. Segundo ele, é um retrocesso, que mostra que “o STF cedeu a meia dúzia de terroristas”. Mas ele afirma que os indígenas não vão ceder: “Se o Supremo decidiu isso, quer dizer que teremos de lutar – até o último índio, se for preciso – pela nossa terra, nossa mãe. Nós vamos continuar resistindo a esse descaso. Não podemos ficar calados”, declarou.

A assessora jurídica do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Joênia Wapichana, explicou que, na visão dos povos indígenas, uma decisão do STF que suspenda ou reduza a área da demarcação já homologada será inconstitucional e poderá, ao retroagir sobre direitos já conquistados e criar esse tipo de jurisprudência, afetar outras Terras Indígenas que estejam em análise pela Corte: “É uma violação de direitos, se isso ocorrer. A decisão sobre a Raposa-Serra do Sol vai atingir todos os povos indígenas do país e o movimento indígena espera que as autoridades não dêem um direcionamento político ao caso. Nós não aceitamos que uma decisão política venha a interferir em direitos alcançados, principalmente em um caso emblemático como este, que se arrasta há tantos anos”.

Foram colocadas na pauta do primeiro dia do acampamento, a questão da saúde indígena – que afeta principalmente as crianças, já que, segundo as lideranças, a taxa de mortalidade infantil nas aldeias é 4 vezes maior que a média da população nacional –, da violência contra os índios e da criminalização, resultado do preconceito e de interesses particulares e econômicos.

Também foi abordada a importância do Estatuto dos Povos Indígenas, parado há 13 anos no Congresso, além da necessidade de adoção dos instrumentos internacionais, como a Convenção 169 da OIT – da qual o Brasil é signatário desde 2004 – e a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas – aprovada em setembro de 2007, para subsidiar as discussões sobre o Estatuto.

Marcos Xukuru, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoime), denunciou o descaso do governo no que diz respeito à saúde - destacando o interesse do movimento indígena em adotar a gestão autônoma, política e financeira, para resolver o problema - e à educação indígena, para a qual sugeriu a criação de um subsistema de ensino para atender aos índios.”Só assim teríamos recursos destinados diretamente para o desenvolvimento da escola indígena, sendo mais fácil acompanhar, avaliar e fazer o controle social dessas ações“.

Marcos também falou sobre a necessidade da instalação do Conselho Nacional de Política Indigenista, formado por representantes indígenas e governamentais, para deliberar concretamente sobre políticas públicas de interesse dos povos, mas tem consciência de que será um desafio: “Vai haver uma resistência muito grande. Se for o caso, teremos de repetir o que fizemos durante a Constituinte: manter grupos permanentes de indígenas dentro do Congresso articulando com os políticos. Nós não podemos recuar. Se conseguirmos garantir que o Conselho tenha esse poder deliberativo na discussão da política indigenista, nós vamos ser protagonistas da história dos povos indígenas do país”, definiu.
ISA, Katiuscia Sotomayor.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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