REATORES NUCLEARES DA ESTATAL FRANCESA AREAV CAUSAM INSEGURANÇA ENERGÉTICA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2008

16 de Abril de 2008 Centrais nucleares da Areva. Paris, França — Usinas em construção na Europa vêm apresentando atrasos, orçamentos estourados e problemas técnicos e de segurança.

Às vésperas da reunião anual geral da Areva, maior empresa nuclear do mundo, o Greenpeace alerta governantes e investidores que pretendem construir usinas nucleares de que os novos reatores da estatal francesa prejudicam o setor energético e as finanças.
Ao contrário do que divulga a Areva, a construção dos dois Reatores Pressurizados Europeus, (EPR, na sigla em inglês) na França e na Finlândia, tem apresentado sérios problemas. O reator de Olkiluoto 3, na Finlândia, que começou a ser construído em 2005, já está com o cronograma atrasado em dois anos e os acumula mais de US$ 1,5 bilhão em prejuízos. A obra também está marcada por problemas técnicos. A base do reator foi construída com concreto de má qualidade que produziu um contentor fraco. Além disso, as soldas e os componentes do reator são de baixa qualidade. Estas falhas na construção implicam riscos potenciais na segurança (1).

Parceiros no projeto finlândes, as empresas Siemens e Areva, estão sendo acusados de perdas econômicas e os custos adicionais serão cobrados dos seus clientes como a distribuidora TVO, apesar de terem definido um contrato de preço fixo. Há cerca de duas semanas, a Siemens reconheceu “perdas significativas” com o projeto de Olkiluoto 3 (2 – linkar com info nota blog). Como resultado dos atrasos para o início de funcionamento do novo reator e da falha em conseguir investimentos alternativos em energias renováveis ou economia de energia, o governo finlandês está enfrentando problemas para atingir suas metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e garantir suprimento energético para os próximos anos.

Evidências recentes confirmaram que o EPR em fase de instalação na França enfrenta dificuldades similares. Desde que a construção começou em Flamanville, na Normandia, em dezembro do ano passado, a agência de segurança nuclear francesa tem revelado uma série de problemas, como por exemplo, o uso de concreto de qualidade inadequada, trama de ferro mal disposta na base, soldas produzidas por fornecedor sem qualificação, controle de qualidade ineficaz ou inexistente, variações não autorizadas do projeto aprovado e falta de habilidade para corrigir os erros de forma satisfatória (2).

“O EPR da Areva está se revelando o mesmo pesadelo nuclear de sempre e quem vai pagar a conta são os consumidores de eletricidade”, disse Yannick Rousselet, coordenador da campanha de energia do Greenpeace da França.

A Areva, que tem 87% das suas operações controladas pelo governo francês, tem como prioridade a entrega dos dois projetos EPR na França e na Finlândia (3). A empresa também está em franca campanha para vender sua tecnologia e por isso vem promovendo ativamente a energia nuclear internacionalmente.

No caso do Brasil, a construção da usina nuclear Angra 3, autorizada pelo governo Lula em junho de 2007, deverá envolver diretamente a Areva nos 30% de financiamento externo do projeto. A estatal francesa também participou da substituição de uma turbina geradora de vapor da usina Angra 1, que aconteceu em março deste ano. “O interesse da Areva, e, portanto, do governo francês nos programas nucleares de países em desenvolvimento como o Brasil é tanto político quanto econômico”, afirma Rebeca Lerer, da campanha de energia do Greenpeace no Brasil. “Qualquer governo que fechar negócio com a Areva vai, de fato, criar uma dependência tecnológica e comercial do estado francês que é provedor de assistência técnica, além de fabricar combustível nuclear”.

Para o Greenpeace, apostar em energia nuclear é um erro para os governantes que se comprometeram em reduzir emissões de gases de efeito estufa. Os altos custos e a falta de tempo, além dos riscos inerentes de segurança e a inexistência de solução definitiva para o lixo radioativo, são os principais obstáculos para que ocorra uma renascença da energia nuclear, ao contrário do que prega a Areva. Com o objetivo comercial de vender seus projetos nucleares ao redor do mundo, a Areva e o governo francês estão participando de um jogo caro e perigoso que desvia a atenção das soluções energéticas viáveis e renováveis que já estão disponíveis aqui e agora”, completa Rebeca Lerer

Na Espanha

Enquanto alguns países insistem em investir em energia nuclear, outros sofrem com a falta de segurança destas instalações. No último dia 5 de abril, o Greenpeace denunciou um vazamento de material radiativo ocorrido durante uma troca de combustível realizada em novembro de 2007 na usina nuclear de Asco I, localizada em Terragona, nordeste da Espanha. A população só foi oficialmente informada sobre o acidente após a denúncia do Greenpeace. Mais de 800 pessoas foram examinadas em busca de indícios de contaminação radioativa.

Para saber mais:
[1] Greenpeace briefing ” Fact sheet: Olkiluoto 3“, March 2008
[2] ASN letters dated January 25, February 19 and March 12, 2008, ASN website
[3] Areva Business and Strategy Overview, Corporate Presentation, December 2007

+ Mais

Governo da Eslováquia quer viabilizar usina nuclear com subsídios ilegais

11 de Abril de 2008 - Bruxelas (Bélgica) — Greenpeace vai à Comissão Europeía para denunciar protecionismo atômico e práticas concorrenciais ilegais no país.

O Greenpeace entrou nesta sexta-feira com um protesto oficial na Comissão Européia denunciando o governo da Eslováquia por praticar subsídios ilegais para favorecer projeto da usina nuclear de Mochovce, na Eslováquia.

As medidas tomadas pelo governo eslovaco distorcem o mercado e tentam convencer a iniciativa privada do país a participar da construção da usina oferecendo vantagens. Sem elas, o projeto é inviável.

"O que esse caso mostra é simples: quando você retira os truques da equação, a energia nuclear se torna cara, não confiável e ineficiente", afirma Jan Haverkamp, da campanha de Energia Suja do Greenpeace Europa.

Algo muito parecido ocorre no Brasil, com a construção de Angra 3. Confira o nosso relatório Elefante Branco: os verdadeiros custos da energia nuclear.

O Greenpeace afirma que o estado eslovaco manipulou os dados para baixar artificialmente os custos de descomissionamento da usina e armazenamento de lixo atômico. Além disso, o governo eslovaco pretende aumentar as contribuições de todos os consumidores do país para pagar esses custos.

Como resultado, as empresas privadas envolvidas no projeto poderão operar a usina de Mochovce com custos artificialmente baixos.

"Não é apenas o desenho da década de 1970, pré-Chernobyl, dos reatores dessa usina nuclear eslovaca que causam preocupação em relação à sua segurança. As evidências coletadas pelo Greenpeace mostram que está havendo práticas de concorrência ilegal no país. Queremos que a Comissão Européia acabe com esse protecionismo nuclear na Eslováquia", afirma Haverkamp.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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