TRABALHADOR RURAL É O MAIS ATINGIDO POR CONTAMINAÇÃO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2008

23 de Abril de 2008 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Se os novos dados sobre contaminação de alimentos por agrotóxicos, divulgados hoje (23) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária preocupam os consumidores, o perigo é ainda maior para quem trabalha nas lavouras. O risco de toxicidade para os trabalhadores rurais é apontado no relatório do Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) e reconhecido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura (Contag).

“O produtor é quem se contamina primeiro”, afirma o secretário de assalariados da Contag, Antônio Lucas. Segundo ele é grande freqüência de casos de contaminação por agrotóxicos recebidos em sindicatos e associações de trabalhadores de todo o país. “E não é só no caso de hortaliças. A gente encontra na cana-de-açúcar e em outras lavouras, principalmente durante o plantio e na preparação para a colheita”, acrescenta.

De acordo com o relatório da Anvisa, o uso de práticas agrícolas incorretas e o desrespeito à legislação são os principais agravantes para a saúde do trabalhador. “Os trabalhadores com menos recursos financeiros e menor nível de instrução geralmente utilizam equipamentos de aplicação manual, pouco ou nenhum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ficando mais expostos às intoxicações agudas e crônicas por eles causados”, mostra o documento.

O representante da Contag argumenta que a responsabilidade da proteção da saúde do agricultor cabe ao patrão, mas reconhece que nem sempre as convenções trabalhistas chegam às lavouras. “A lei obriga o treinamento, os Equipamentos de Proteção Individual e a realização de exames médicos periódicos. Têm previsão legal e multa para quem não cumprir, mas a gente sabe que a realidade do Brasil é complicada”

No caso de tomate, alface e morango, produtos que apresentaram os maiores índices de contaminação em 2007, Lucas reconhece que uma parte significativa da produção vem de pequenas propriedades. Nesses casos, a estratégia da Contag é orientar os produtores para a adoção de novas técnicas agrícolas, como a utilização de defensivos alternativos e a produção orgânica.

“Mas isso é complicado pelo seguinte: você faz uma campanha e diz que isso [o agrotóxico] é proibido e que não se pode usar esses produtos. A pergunta é sempre a seguinte: o que nós devemos usar no lugar do veneno?”, relata Lucas, ao questionar a falta de incentivos e políticas públicas para orientar e facilitar o acesso do pequeno produtor a técnicas alternativas aos agrotóxicos químicos.

O coordenador do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Francisco Caporal, admite “algumas carências em alguns cultivos, no sentido da substituição de insumos tradicionais, agrotóxicos, por outros tipos de controle”, mas argumenta que já existem experiências de produção orgânica em quase todos os cultivos

“Estamos capacitando técnicos e produtores para que possam fazer uma transição de sistemas tradicionais para agricultura de base ecológica e as experiências se multiplicam no Brasil inteiro”, afirma Caporal.

Além da atuação mais presente das equipes de assistência técnica e da liderança dos agricultores, Caporal defende a informação como uma das ferramentas para evitar prejuízos à saúde com os resíduos de agrotóxicos.

“Precisamos de um trabalho de conscientização de agricultores sobre os efeitos nocivos dos pesticidas agrícolas. E também esclarecer os consumidores da necessidade de escolher produtos com menor possibilidade de contaminação e isso já é possível nas feiras, nas Ceasas, supermercados”.

“Com certeza, o Brasil não pode ser inserido na declaração dele [Jean Ziegler]", afirmou Beltrão.

"O país ainda tem muitas áreas para plantio, preservando-se tanto o Pantanal e a Amazônia quanto áreas de Cerrado ainda virgem. O Brasil não se encaixa nesse contexto de limitação de área ou de uma concorrência nefasta para o setor alimentar”, ponderou o diretor.

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Ribeirinhos discutem uso de recursos naturais em reserva no Amazonas

22 de Abril de 2008 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Representantes de 30 comunidades ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus iniciaram hoje (22) um ciclo de cinco reuniões que contarão com a participação do poder público municipal e estadual, a fim de discutir o zoneamento da região e, com isso, definir as regras para o uso racional dos recursos naturais, sobretudo o pescado.

A reserva existe desde 2003, está localizada em área central do estado, perto dos municípios de Beruri, Anori, Tapauá e Coari, e tem cerca de 800 mil hectares. A expectativa é de aproximadamente 2 mil pessoas participem das reuniões.

De acordo com Gelson Batista, especialista em manejo de recursos pesqueiros, a preocupação com o uso racional dos recursos naturais da reserva "é acentuada nesta época do ano, quando a região é 'invadida' por pescadores comerciais que podem desconhecer os desrespeitar os períodos de reprodução e desova dos peixes lá existentes, como jaraqui e matrinxã".

As reuniões, explicou, buscarão viabilizar, a médio e longo prazo, a definição de um plano oficial que deverá ser validado pelo governo estadual: "Só assim é possível impedir a ação irregular na área da reserva. Com esse documento, as áreas de preservação estarão bem definidas, bem como onde podem ocorrer a pesca de subsistência e a comercial, por exemplo."

Um dos responsáveis pela reunião de hoje, o engenheiro de pesca José Gurgel, do Instituto Piagaçu – organização não-governamental que atua na reserva buscando aliar o saber tradicional aos conhecimentos técnicos para o desenvolvimento sustentável –explica que o objetivo é consolidar o plano de gestão, levando em consideração o diagnóstico da situação realizado pelo instituto com o apoio das colônias de pescadores.

Ele lembrou que também serão realizadas reuniões para escolha dos membros da população local que comporão o conselho gestor da reserva. "O plano que irá definir as regras de uso da reserva deve conter também o diagnóstico da situação da área e o conjunto de regras em si. Tudo isso tem que ser aprovado pelo conselho gestor da reserva. Esse conselho, que deve ser deliberativo, está em construção atualmente. Até o fim do ano espera-se que o grupo esteja definido e que já tenhamos o plano de gestão para submeter à análise desse conselho", informou.

As unidades de conservação no Amazonas estão sob a responsabilidade do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc) que, no caso da RDS Piagaçu Purus, dividiu a tarefa das pesquisas sobre a localidade com o Instituto Piagaçu, a fim de coletar as informações necessárias à elaboração do plano.

"Esperamos sair dessas reuniões setoriais com pelo menos um plano de gestão para o uso dos recursos pesqueiros bem adiantado. Daí poderemos fazer vários encaminhamentos para trabalharmos em busca da consolidação das regras de uso sustentável da reserva", concluiu Gurgel.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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