PESQUISA AJUDA A CRIAR LINHA DE CRÉDITO PARA ÁREAS DEGRADADAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2008

(12/05/2008) Os resultados de uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Roraima (Boa Vista-RR), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vão servir para orientar e subsidiar políticas públicas para recuperação de áreas degradadas e desflorestadas na Amazônia, utilizando modelos de Sistemas Agroflorestais (SAFs), sem o uso do fogo.

Sistemas agroflorestais são cultivos que combinam o plantio de espécies de ciclo curto - grãos e hortaliças, por exemplo - com culturas perenes, como frutíferas e espécies florestais, permitindo obter produtos e usos diversificados na mesma área.

As informações sobre os indicadores financeiros dos SAFs, que servirão de referência para a elaboração da linha de crédito, estão contidas na tese de doutorado do pesquisador da Embrapa Roraima, Marcelo Francia Arco-Verde, sobre “Sustentabilidade Biofísica e Socioeconômica de Sistemas Agroflorestais na Amazônia Brasileira”.

Os resultados serão apresentados na terça-feira ( 13) , em Belém (PA), durante a “Oficina para calibração de dados financeiros de SAFs para a Amazônia”, e para a presidência do Banco do Brasil, em Curitiba (PR), na segunda-feira(19) com a finalidade de subsidiarem a abertura de linhas de crédito para financiar a recuperação de áreas desflorestadas na Amazônia com a implantação modelos agroflorestais que diversificam a produção da agricultura familiar e conciliam a agricultura com a floresta.

Nos sistemas estudados, em área experimental e em área de produtores, foram cultivados no primeiro ano arroz, milho, soja e mandioca e a partir do segundo ano, banana, cupuaçu, pupunha, espécies madeiráveis, além de árvores para melhorar a fertilidade do solo, como o ingazeiro e a gliricídia.

O pesquisador Marcelo Francia Arco-Verde, doutor em Ciências Florestais, mostrou em sua tese que os sistemas agroflorestais, quando são implantados e manejados corretamente, oferecem sustentabilidade sócio-econômica e ambiental, proporcionando produção de culturas perenes e anuais por um longo período, além de contribuir para evitar as queimadas e o desflorestamento na Região Amazônica.

A tese foi defendida na Universidade Federal do Paraná, orientada pelo professor Dr. Ivan Crespo Silva. Foram analisados o crescimento das plantas, a produtividade, a variação da fertilidade dos solos, a produção de biomassa e calculados os indicadores financeiros, como a taxa interna de retorno, relação benefício custo, valor presente líquido e tempo de retorno do investimento, para cada cultivo, com projeção dos dados econômicos para o período de 20 anos. Com base nisso, foram elaborados modelos de sistemas agroflorestais otimizados.

Os resultados da pesquisa mostram que além de viáveis financeiramente e rentáveis, os sistemas agroflorestais dão condições aos agricultores para permanecer cultivando a mesma área por mais tempo, gerando serviços ambientais. Essa é uma das características da sustentabilidade dos Sistemas Agroflorestais que os diferenciam da agricultura tradicional praticada na Amazônia, que leva ao rápido esgotamento dos nutrientes do solo.

O pesquisador explica que um agricultor que planta cultivos individuais usando derruba e queima consegue produzir por no máximo três anos, enquanto nos sistemas agroflorestais, em que não se utiliza o fogo para o preparo da área e se diversifica a produção, obtém-se rendimentos por mais de 20 anos.

A pesquisa envolveu a participação de agricultores familiares durante a implantação e acompanhamento dos sistemas agroflorestais. Foi feita em campo experimental e na propriedade de agricultores familiares, adaptando-se às dificuldades que eles enfrentam. Com o trabalho, foi iniciada uma nova abordagem junto aos produtores sobre a visão e uso da propriedade, considerando áreas de proteção ambiental e reserva legal. E, na pesquisa, os agricultores foram envolvidos acompanhando cada fase do que estava sendo feito e interagindo com diversos profissionais da área de solos, fruticultura, manejo florestal e controle de pragas.

Os sistemas agroflorestais, em área de produtor, foram implantados na área rural de Roraima, no município de Mucajaí, região do Apiaú, uma área situada numa região onde predomina o uso do fogo na agricultura para cultivos itinerantes que depois são substituídos por pastagens. Porém, onde foram implantados os sistemas agroflorestais, no projeto em parceria com a Embrapa Roraima, os agricultores ligados a Associação de Proteção Ambiental do Apiaú (APAA) adotaram essa forma alternativa de trabalhar a terra e estão há dez anos sem utilizar o fogo no preparo da área. Um exemplo concreto de que é possível estabelecer formas de agricultura familiar mais sustentáveis na Amazônia.
Síglia Regina

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Embrapa doa mudas para indígenas

(15/05/2008) Por meio do projeto Quintais Orgânicos de Frutas, resultado da parceria entre a Embrapa Clima Temperado, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) foram entregues 5 mil mudas de araucária e 5 mil mudas de erva-mate para a comunidade indígena de Cantagalo, localizada no município gaúcho de Viamão.

Para o supervisor da Área de Intercâmbio Tecnológico da Embrapa Clima Temperado e coordenador do Projeto Quintais, Fernando Costa Gomes, a entrega dessas mudas poderá contribuir com o resgate da produção tradicional da comunidade, recuperação do meio ambiente, diminuição da fome e melhoria da qualidade de vida dos mesmos.

“O trabalho começou há três anos, com a coleta de pinhões na região dos Campos de Cima da Serra Gaúcha, nos municípios de Vacaria e Muitos Capões, produção das mudas na Estação Experimental da Cascata e posterior entrega aos indígenas, viabilizando o aproveitamento alimentar dos frutos, resgate da fauna silvestre e contribuindo com a ampliação das áreas com presença de araucária e erva-mate no Brasil”, destacou Fernando.

O cacique da tribo, Mario Karaí, ficou satisfeito com a doação das mudas. “A fruta para o índio é um alimento interessante, pois ainda hoje nós somos coletores e esse trabalho da Embrapa chegou no momento certo. Vamos viabilizar, junto com a FUNAI, a redistribuição de mudas de erva-mate para 31 comunidades guaranis do Estado”, salientou.

O técnico da CGTEE, José Basségio, também esteve presente no ato de entrega das mudas de erva-mate e de araucária e explicou que “essa ação é extremamente importante e contribui com o resgate da cultura indígena, pois foram os índios que descobriram o potencial da erva-mate, sendo que eles a utilizam principalmente com a finalidade medicinal”.

Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupem o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas pelo governo. “A Embrapa fica satisfeita de viabilizar um trabalho como esse, que contribui diretamente com a manutenção da cultura e da identidade dessa etnia.

O projeto Quintais continuará acompanhando os trabalhos de reintrodução da erva-mate e da araucária na comunidade guarani, objetivando viabilizar a produção, através de orientações agrícolas especializadas”, concluiu Fernando.

Histórico – O trabalho dos quintais teve inicio em 2003, através do Programa Fome Zero. O projeto Quintais Orgânicos de Frutas tem como objetivo viabilizar a produção de 16 tipos de espécies de frutas, ao longo do ano de forma continua e atende agricultores familiares, assentados, escolas urbanas e rurais, comunidades quilombolas e indígenas, entre outros. A partir de 2005, com o ingresso da CGTEE ganhou um novo impulso, devido ao substancial acréscimo de recursos. Isso permitiu que fossem implantados 547 quintais nos três Estados do Sul e no Uruguai, proporcionando uma nova dimensão internacional ao trabalho. O projeto beneficia diretamente mais de 24 mil pessoas e, por isso, em 2007 recebeu da Fundação Banco do Brasil, a certificação de Tecnologia Social.
Christiane Rodrigues Congro Bertoldi

 
 

Fonte: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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