22/05/2008
- A 7ª Conferência Municipal de Produção
mais Limpa, realizada nesta quarta-feira (21/05)
abordou o tema “O etanol e a cidade de São
Paulo: suas perspectivas e oportunidades”, com três
mesas-redondas, que debateram as vertentes ambiental,
econômica e social do tema, concluindo o tripé
da sustentabilidade. Antes dos debates, Jonas Ericsson,
gerente de Projetos de Meio Ambiente, Saúde
e Transporte Limpo da cidade de Estocolmo, na Suécia,
apresentou o caso dos ônibus coletivos da
cidade, que em parte já são abastecidos
com etanol, e a previsão é que até
2025, 100% da frota use o combustível renovável.
“Com este projeto, já economizamos 17 milhões
de litros de diesel por ano com 400 ônibus
movidos a etanol”, declarou Jonas.
A primeira mesa-redonda, que debateu
as questões ambientais ligadas à produção
e o uso do etanol, contou com a participação
de Flávio de Miranda Ribeiro, gerente da
Divisão de Tecnologias Limpas e Qualidade
Laboratorial da CETESB, Paulo Saldiva, do Departamento
de Patologia da Faculdade de Saúde Pública
da USP, e Alfred Szwarc, da União da Indústria
de Cana-de-Açúcar – UNICA.
Segundo Flávio Ribeiro,
o setor sucroalcooleiro apresenta diversas oportunidades
de melhoria de desempenho ambiental. “Em todo o
ciclo de vida do etanol, é possível
aplicar a produção mais limpa, desde
a colheita da cana até a distribuição
do produto, como a eliminação da lavagem
de cana, sendo a limpeza feita a seco, o retorno
de águas de resfriamento, a geração
de energia com o bagaço e o uso da vinhaça
como ferti-irrigação”, exemplificou.
Paulo Saldiva apresentou diversos
gráficos resultantes dos experimentos realizados
em sua sala na Faculdade de Saúde Pública,
no bairro de Pinheiros. Segundo o patologista, os
veículos que trafegam na avenida Dr. Arnaldo,
onde está localizada a faculdade, são
responsáveis por 52% das emissões
de material particulado concentrados no local. “Já
constatamos que 8% dos casos de câncer de
pulmão em pacientes residentes na cidade
de São Paulo são causados pela poluição
atmosférica”, alertou.
Para Alfred Szwarc, o uso do etanol
é uma das soluções para combater
a poluição em geral. “Estudos realizados
pela UNICA em parceria com a Universidade de Campinas
– UNICAMP indicam que o dióxido de carbono
emitido com a queima da palha da cana é totalmente
absorvido pela gramínea em sua fase de crescimento.
Além disso, o setor sucroalcooleiro é
um dos que menos usa agrotóxicos, pois faz
o controle biológico de pestes”, esclareceu.
O consultor também mostrou o interesse do
setor nas questões ambientais, exemplificando
com a assinatura do Protocolo Agroambiental, no
qual as usinas e os fornecedores de cana se comprometeram
a acabar com a queima da palha da cana em 2014 e
recuperar as matas ciliares existentes nas áreas
de plantio.
Segundo o prefeito Gilberto Kassab,
presente na abertura do evento, a municipalidade
tem conseguido avançar com facilidade nas
questões ambientais por cota da consciência
da sociedade paulistana. “A cidade ganhou confiança
para avançar no combate à poluição,
um exemplo disso é o programa “Cidade Limpa”.
O vereador Gilberto Natalini,
organizador do evento, enfatizou a importância
do tema abordado na 7ª Conferência para
a qualidade de vida dos cidadãos paulistanos.”Queremos
debater profundamente a questão dos biocombustíveis
e propor aos gestores municipais, estaduais e federais
que adotem novas políticas de sustentabilidade
para a cidade”, afirmou.
O secretário municipal
do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, afirmou
que as políticas públicas de saúde
e meio ambiente estão cada vez mais interligadas
e que o principal problema ambiental que interfere
diretamente nessas agendas é a poluição
veicular. “A Secretaria (SVMA) procura com lanterna
engenheiros e arquitetos que entendam de ciclovia
para que a gente acabe com esse paradigma de que
não dá pra usar bicicleta em São
Paulo. Em Paris e Londres, é possível,
mas aqui não?”, questiona.
Os participantes do evento também
tiveram a oportunidade de conhecer diversas ações
sociais de sustentabilidade, como os projetos de
uso de bagaço de cana para a confecção
de luminárias e o reaproveitamento de latas
de alimentos e condimentos como porta-lápis,
ambos produzidos por moradores de rua. A Conferência
também contou com a participação
de José Ignácio Siqueira de Almeida,
diretor presidente da Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos de São Paulo – EMTU, Silvia Velazquez,
coordenadora técnica do Centro Nacional de
Referência em Biomassa da USP – CENBIO, Wagner
Palma Moreira, economista do Sindicato das Empresas
de Transporte Coletivo de Passageiros de São
Paulo, Alcides Lopes Leão, consultor de Gestão
Ambiental do Serviço de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas de São Paulo – SEBRAE,
Carlos Eduardo Fredo, pesquisador científico
do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria
de Agricultura e Abastecimentos, e Maria Luiza Barbosa,
coordenadora de Responsabilidade Social Corporativa
da UNICA.
Texto: Valéria Duarte Fotografia: Pedro Calado
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DEPRN realiza novo curso de capacitação
para operação do DOF
21/05/2008 - O Departamento Estadual
de Proteção de Recursos Naturais –
DEPRN e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
- IBAMA realizaram a segunda fase do curso de capacitação
para utilização do sistema DOF - Documento
de Origem Florestal, nos últimos dias 12
e 13 de maio, para 60 técnicos do DEPRN,
inclusive diretores regionais e supervisores de
Equipes Técnicas, conforme previsto no Termo
de Cooperação Técnica para
Gestão Florestal Compartilhada, firmado pelo
secretário do Meio Ambiente e o presidente
do IBAMA.
A realização do
curso foi promovida pelo DEPRN sob coordenação
da geógrafa Adriana Matrangolo – diretora
da Divisão de Desenvolvimento e Apoio Técnico
do DEPRN. Durante o curso ministrado por Markus
Otto Zerza, engenheiro agrônomo e gerente
estadual DOF, e por Sônia Regina Carvalho,
da Diretoria de Uso Sustentável da Biodiversidade
e Florestas (DBFLO), ambos analistas ambientais
do IBAMA, os técnicos do DEPRN tiveram contato
com o histórico e concepção
do DOF, base legal, principais sistemas atrelados
como o CTF – Cadastro Técnico Federal, inserção
de dados, consultas de empresas e de movimentação
de produtos e sub-produtos florestais, entre outros.
Através do curso, o IBAMA repassou para os
técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente
as principais informações teóricas
e práticas, para poderem operar o sistema
DOF.
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O Sistema DOF é uma ferramenta
informatizada de controle de transporte de produtos
e sub-produtos florestais instituída em setembro
de 2006 pelo governo federal. O DOF substituiu as
antigas ATPF’S – Autorização de Transporte
de Produtos Florestais - documentos em papel e facilmente
fraudados, que acompanhavam as cargas de madeira
e eram, até então, controlados exclusivamente
pelo IBAMA. A transferência da responsabilidade
pela operação do sistema DOF aos Estados
tem por objetivo impedir a entrada de madeira nativa
ilegal proveniente de outros Estados principalmente
os da Amazônia Legal. O Estado de São
Paulo é hoje um dos maiores consumidores
de madeira nativa proveniente da Amazônia,
segundo dados do primeiro balanço do setor
florestal de base nativa, realizado por meio do
controle eletrônico de fluxo de produtos florestais
do Sistema DOF, consumindo 23% de toda a madeira
serrada vinda da Amazônia.
O monitoramento das empresas comerciantes
ou grande consumidoras de madeira e produtos florestais
será repassado paulatinamente ao governo
do Estado de SP. A partir de então, as empresas
do setor deverão dirigir-se às Agências
Ambientais Unificadas da CETESB/DEPRN para resolverem
pendências ou orientações referentes
ao DOF. O repasse será gradativo e tanto
as empresas quanto os órgãos estaduais
serão oficialmente notificados das mudanças.
O sistema permite avaliar o que
acontece no país com os produtos madeireiros
e os resultados são surpreendentes. O setor
movimentou nada menos que R$ 6,4 bilhões
no período de um ano e quatro meses. Tudo
isso considerando o que foi transportado de madeira,
carvão vegetal, lenha, dentre outros de forma
legalizada. São informações
atualizadas em tempo real, de tudo que foi movimentado
e informado no DOF. Foram 13,5 milhões de
metros cúbicos de madeira transportada em
um ano e mais de 10 milhões de metros de
carvão vegetal nativo
A diretora do DEPRN e também
gerente do Projeto Ambiental Estratégico
“Desmatamento Zero”, engenheira agrônoma Renata
Inês Ramos Beltrão, entende que o controle
da operação do DOF pelo Estado de
São Paulo também possibilitará
maior domínio e entendimento sobre as rotas
de transporte de madeira interestaduais e dos fluxos
de comércio de produtos e sub-produtos florestais
com origem no próprio Estado. O Estado de
São Paulo tem características diferenciadas
dos Estados do Norte do Brasil em relação
ao uso da madeira que é suprimida em seu
território. A supressão de florestas
e árvores isoladas ocorre não pelo
valor da madeira em si, mas para uso alternativo
do solo, ou seja, substituição por
culturas agrícolas, loteamentos e obras hidráulicas
e viárias. Boa parte da madeira obtida é
transformada em lenha ou tem como destino as olarias
cerâmicas que utilizam essa madeira como combustível.
Texto: Adriana Matrangolo Fotografia: Adriana Matrangolo
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Seminários da CRHi apresentaram
nova proposta de elaboração de relatórios
com base em indicadores
21/05/2008 - A Coordenadoria de
Recursos Hídricos – CRHi, da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente – SMA, promoveu nos meses de abril
e maio ciclos de seminários para orientar
os secretários-executivos e demais representantes
dos Comitês de Bacia Hidrográfica –
CBH na elaboração dos relatórios
de situação das Unidades de Gerenciamento
de Recursos Hídricos – UGRHI com base em
indicadores.
Os seminários foram realizados
nas cidades de Araraquara, Ribeirão Preto,
Taubaté, Santos, Garça e São
Paulo e contaram com a participação
dos comitês dos rios Piracicaba-Capivari-Jundiaí,
Tietê-Sorocaba, Tietê-Jacaré,
Tietê-Batalha, Baixo-Tietê, São
José dos Dourados, Turvo-Grande, Baixo-Pardo-Grande,
Pardo, Mogi-Guaçu, Paraíba do Sul,
Serra da Mantiqueira, Baixada Santista, Ribeira
de Iguape-Litoral Sul, Litoral Norte, Aguapeí-Peixe,
Pontal do Paranapanema, Médio Paranapanema,
Alto Paranapanema e Alto Tietê.
A finalidade dos indicadores (pressão,
força motriz, estado, impacto e resposta)
é estabelecer números que propiciem
o acompanhamento da evolução dos recursos
hídricos em cada bacia. O indicador pressão
aponta as pressões diretas que a sociedade
exerce sobre os recursos hídricos, a força
motriz indica as pressões indiretas da sociedade,
o estado é o fator resultante da pressão,
o impacto são as conseqüências
decorrente do estado e a resposta são as
ações da sociedade em resposta às
modificações do estado. “Os indicadores
selecionados devem ser aplicáveis, de fácil
compreensão, oriundos de fontes confiáveis
e com caráter desafiador”, esclareceu Rosa
Mancini, coordenadora de Recursos Hídricos
da SMA.
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“O relatório com base em
indicadores será um instrumento de gestão,
que possibilitará a avaliação
da qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos
e da funcionalidade das políticas públicas,
cumprindo o que determina a lei”, afirmou Rosa.
Os indicadores e a metodologia geo-cidades foram
apresentadas aos representantes dos comitês
no primeiro período do seminário e
na seqüência eles receberam mapas e tabelas
com dados das bacias, matriz de correlação
e o roteiro do relatório de situação.
Com o material em mãos,
os representantes dividiram-se em grupos de trabalho,
definiram um representante e iniciaram a análise
detalhada dos indicadores, identificando aqueles
que são os mais importantes para caracterizar
a situação da bacia em termos de qualidade
e quantidade. Ao final do seminário, cada
grupo apresentou a matriz de correlação
dos indicadores, destacando as potencialidades e
dificuldades dos resultados obtidos. Os grupos de
trabalho ou as câmaras técnicas de
cada comitê terão o prazo de 60 dias
para finalizar as atividades e entregar o relatório
de situação, contados a partir da
data de realização do seminário.
Texto: Valéria Duarte Fotografia: Pedro Calado