ENERGIA NUCLEAR E CAPTURA DE CARBONO, AS ‘BOLAS FORA’ DO RELATÓRIO DO AIE

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2008

06 de Junho de 2008 Ativista do Greenpeace instala turbina eólica próximo a uma usina nuclear. Apesar de termos inúmeras opções mais baratas, limpas e seguras, ainda há países que insistem em gastar bilhões em reatores atômicos.
Tóquio, Japão — Greenpeace rejeita apoio da Agência Internacional de Energia a tecnologias que não contribuem no combate às mudanças climáticas.

O novo relatório Perspectivas de Tecnologias Energéticas 2008, publicado nesta sexta-feira pela Agência Internacional de Energia (AIE), vai do céu ao inferno em poucas linhas. Se por um lado reconhece as fontes renováveis podem suprir metade da energia mundial até 2050, por outro insiste em apostar numa expansão da energia nuclear e na vaga tecnologia de captura e armazenamento de carbono para atingir metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. Uma distração cara e perigosa, por afastar as discussões da reais soluções para o problema climático.

O lançamento do documento da AIE acontece às vésperas da reunião de ministros de Energia dos países do G8, que acontece em Aomori, no Japão.

Para contrapor a visão da AIE sobre o futuro energético do planeta, o Greenpeace também lançou um relatório: [R]evolução Energética: Panorama de um Japão Energeticamente Sustentável (sumário executivo para baixar em pdf, com texto em inglês).

Elaborado em parceria com o Instituto Japonês para Políticas de Energia Sustentável (ISEP, na sigla em inglês), o estudo mostra como a combinação entre tecnologias de energia renovável e programas de eficiência energética pode providenciar uma segurança energética com um mínimo impacto no clima. O relatório revela ainda como o Japão poderia conquistar sua independência do mercado de combustíveis fósseis e suas flutuações bem como dos perigos da energia nuclear, que corresponde a cerca de 30% da geração de energia elétrica do país.

"A combinação de fontes renováveis de energia e programas de eficiência energética é o meio mais inteligente, seguro e barato para se combater as mudanças climáticas e melhorar a segurança energética de um país. O cenário energético do relatório do Greenpeace bate com o documento da AIE sobre o potencial da energia renovável, mas deixa claro que a energia nuclear e o armazenamento de carbono não são necessários e só atrapalham, porque desviam recursos das soluções genuínas para enfrentar a crise climática", afirma Sven Teske, especialista em energia do Greenpeace Internacional e co-autor do estudo.

De acordo com o cenário elaborado pelo Greenpeace, o Japão pode gerar mais de 60% de sua eletricidade de fontes renováveis até 2050, tornando o país menos dependente da importação de combustíveis fósseis e garantindo eletricidade mais barata para a população. O relatório do Greenpeace também convoca o governo japonês a abraçar uma alternativa de baixa emissão de carbono para o desenvolvimento de seu setor de energia.

"Todos os setores da sociedade devem agir para evitar o agravamento do aquecimento global. A prioridade dos governos deve ser a de mudar a política energética”, afirma Manami Suzuki, especialista em energia do Greenpeace Japão. "O Greenpeace exige que os ministros de energia reunidos no encontro do G8 invistam seu tempo em decidir como alcançar um futuro limpo e renovável."

Para Marcelo Furtado, diretor de Campanhas do Greenpeace Brasil, está mais do que na hora dos países do G8 agirem.

"Não adianta os países do G8 ficarem se reunindo e discutindo os mesmos temas sem se comprometerem com ações concretas e metas, como financiar o combate global às mudanças climáticas e reduzir suas emissões até 2020 em até 40% sobre os limites de 11000."

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Abismo em Bonn: governos têm que passar do discurso à prática

02 de Junho de 2008 Atividade do Greenpeace realizada na Nova Zelândia durante o Dia de Ação Global sobre mudanças climáticas. O mundo pede ações urgentes.
Bonn, Alemanha — É preciso recuperar, em encontro da ONU na Alemanha, o senso de urgência nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas.

Representantes de mais de 190 países iniciaram nesta segunda-feira, em Bonn, as discussões dos Grupos Subsidiários da Convenção da ONU sobre Mudança Climática (que vai até o próximo dia 13 de junho) com um imenso abismo pela frente: como sair do discurso para a prática. A 18 meses do prazo fixado para a conclusão da próxima fase do Protocolo de Kyoto - previsto para 2009, em Copenhague -, pouco se avançou nas negociações e é necessário recuperar o quanto antes o senso de urgência.

A reunião em Bonn é o segundo encontro temático desde o lançamento do Plano de Ação de Bali realizado na COP 13, realizada em dezembro de 2007, na Indonésia. O primeiro foi em Bangcoc.

"Um abismo separa a prática do discurso. Na Tailândia, ficou claro que existe uma distância enorme entre as medidas apontadas pelos cientistas para proteger o planeta das mudanças climáticas e o que os governos estão efetivamente fazendo”, afirma Luis Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil, que participa da reunião em Bonn.

“A situação internacional não vai mudar se os países reunidos não tomarem a iniciativa de mobilizar a comunidade internacional para a solução do problema, e o Brasil, como o 4º maior emissor de CO2 do planeta, poderia ser peça-chave desse movimento. Essa é a oportunidade para o Brasil fazer a diferença nas negociações”, avalia Piva.

O Greenpeace acredita que é possível evitar os piores impactos das alterações climáticas tais como eventos climáticos extremos, das crises de oferta de água e do aumento da fome, colocando milhões de pessoas em risco se houver uma ruptura definitiva com os atuais modos de produção. A vida de milhões de pessoas depende de uma revolução na forma de usar e produzir energia e do compromisso de todas as nações do mundo de combater e zerar o desmatamento das florestas tropicais.

Para o diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, há um senso de urgência que não está sendo considerado no Brasil e no mundo.

“Não temos tempo a perder e o Brasil ainda não tem um plano de ação de combate às mudanças climáticas”, afirma. Para ele, o governo brasileiro não está respondendo com ações efetivas contra o aquecimento global.

“Há uma total vulnerabilidade no Brasil e a população não sabe sequer como será afetada”, diz.

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Philips recebe de volta parte do lixo eletrônico que espalha pelo mundo

10 de Junho de 2008 Ativistas do Greenpeace protestam contra a falta de política de reciclagem de lixo eletrônico da Philips no escritório da empresa em Copenhagen, na Dinamarca.
Amsterdã, Holanda — Ativistas visitaram a sede da empresa em quatro países para exigir responsabilidade com destinação dos produtos que fabrica.

O lema da Philips é bonito: "sensibilidade e simplicidade". Realmente, a fabricante holandesa de produtos eletrônicos é famosa pela alta qualidade e inovação de seus aparelhos de imagem e som. Mas e a responsabilidade ambiental, onde fica? Toneladas de lixo eletrônico com a marca Philips ganham lixões mundo afora porque a empresa se recusa a adotar um programa mundial de reciclagem, assumindo responsabilidade pelo que fabrica.

Para protestar contra essa política da Philips, ativistas do Greenpeace devolveram à empresa nesta terça-feira parte do lixo eletrônico produzido nos últimos anos. Pequenos montes de restos de aparelhos foram colocados na frente das sedes da empresa na Holanda, Dinamarca, Rússia e Índia, para mostrar ao mundo a falta de sensibilidade da Philips com a saúde de milhões de pessoas e também do meio ambiente, que sofre com o despejo desse material - muitas vezes tóxico - em lixões e aterros. Boa parte desse lixo acaba em países em desenvolvimento.

"Se a Philips continuar recusando a assumir essa responsabilidade, o resultado será uma grande quantidade de lixo eletrônico se espalhando por todo o mundo, expondo as pessoas e o meio ambiente a um coquetel de substâncias tóxicas", afirma Martin Besieux, da campanha de Tóxicos do Greenpeace Internacional.

E a solução é simples: a Philips deveria criar voluntariamente programas de reciclagem em todos os países em que seus produtos são vendidos, principalmente na Rússia, Índia, Argentina e Tailândia. Esses países têm discutido legislações nacionais para o lixo eletrônico, e a empresa poderia aproveitar o momento para liderar a questão, adotando o princípio de responsabilidade individual do fabricante pelos rejeitos.

No entanto, a estratégia da Philips beira o nonsense. A empresa tem afirmado publicamente que a reciclagem é uma responsabilidade compartilhada entre consumidores, governos e fabricantes, e por isso tem feito lobby pesado contra novas leis que tornem as empresas as responsáveis diretas pelo lixo eletrônico. E mais: para a empresa, os consumidores devem pagar pela reciclagem.

"Empresas como a Sony, Samsung e Nokia já iniciaram programas voluntários de reciclagem, até mesmo em países que não têm lei obrigando essa ação. A Philips deveria fazer o mesmo", afirma Besieux.

Os programas voluntários de reciclagem têm ainda o benefício de encorajar as empresas a eliminar o uso de substâncias tóxicas de seus produtos, para permitir uma reciclagem mais segura, além de reduzir custos.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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