ÍNDIOS CELEBRAM INÍCIO DOS TRABALHOS DE
DEMARCAÇÃO DE RESERVAS EM MS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2008

1 de Agosto de 2008 - Vinicius Konchinski - Enviado Especial - Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr - Aldeia indígena Sassoró, Tacurí/MS - A administradora da Funai de Mato Grosso do Sul, Margarida de Fátima Nicolete, participa do Aty Guassu (Grande Reunião), que marca o início dos trabalhos para demarcação das terras indígenas Guarani-Kaiowá, na região sul do estado.

Tacuru (MS) - Sessenta lideranças Guarani-Kaiowá e mais de uma centena de membros da etnia indígena participaram hoje (1o) da Aty Guassu (Grande Reunião, na língua Guarani), que marcou o início dos trabalhos de demarcação de reservas na região sul do Mato Grosso do Sul.

No evento, realizado na aldeia do Sassoró, no município de Tacuru (422 km de Campo Grande), os índios receberam com danças e rituais as equipes de pesquisadores contratados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) que identificarão áreas de 26 cidades sul-mato-grossenses tradicionalmente ocupadas por indígenas.

Representantes das 38 aldeias e 18 acampamentos, cujos habitantes reivindicam a posse de territórios hoje ocupados por propriedades rurais, também tiraram suas dúvidas sobre os trabalhos de demarcação com a administradora-executiva da Funai de Dourados, Margarida Nicoletti, e com o procurador da República da região, Marco Antônio Delfino de Almeida, que estiveram no encontro.

“É a primeira vez que a gente consegue amarrar uma conversa sobre o TAC [Termo de Ajustamento de Conduta, firmado entre Procuradoria da República e Funai prevendo a demarcação]”, disse Anastácio Peralta, membro da Comissão Nacional de Política Indigenista e Direito Indígena, em entrevista à Agência Brasil. “O Aty Guassu também serviu para darmos as boas-vindas para o pessoal que vem fazer a identificação.”

Getúlio Juca de Oliveira, líder da comunidade Guarani-Kaiowá de Dourados, destacou a importância da resolução da questão fundiária dos indígenas do MS para sua etnia. Segundo ele, a falta de terra tem causado sofrimento aos cerca de 40 mil Kaiowás e também o empobrecimento da sua cultura.

“Antes da colonização, os índios viviam espalhados. Cada família ficava a uns dez quilômetros da outra. Os índios saiam caminhando e visitavam seus parentes. Nisso, iam caçando, pegando comida”, lembrou Oliveira. “Isso era costume e isso acabou.”

Segundo ele, não há mais espaço livre para a caça e o extrativismo característicos dos Kaiowás. As reservas para a etnia também são muito pequenas e isso acaba colaborando para os problemas de violência e saúde enfrentados pelos indígenas.

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Índios mantêm reféns um servidor da Funai e quatro pescadores em aldeia no Xingu

2 de Agosto de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Índios da etnia Kayabí que habitam atualmente uma área do Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, mantêm reféns desde a última quinta-feira (30) quatro pescadores e um servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) na Aldeia Sobradinho. Eles reivindicam a ampliação de suas terras.

A informação é do coordenador de Fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Bruno Barbosa. Ele disse à Agência Brasil que, além dos cinco reféns, os índios haviam retido três funcionários do órgão ambiental e outro da Funai, que se deslocaram até a área para verificar uma denúncia de pesca ilegal. O grupo se juntou a quatro pescadores que também tinham sido impedidos de deixar a aldeia.

Ontem (1º), os índios concordaram com a liberação dos funcionários do Ibama e de um servidor da Funai e um helicóptero foi hoje (2) ao local resgatá-los. Entretanto, segundo Barbosa, os quatro pescadores permanecem reféns, assim como um funcionário da fundação, que tenta negociar o fim do protesto.

“Nosso helicóptero vai permanecer na região para apoiar na retirada dos reféns”, disse Barbosa. Os municípios mais próximos da aldeia são Sinop e Marcelândia.

De acordo com a Enciclopédia dos Povos Indígenas do Instituto Socioambiental (ISA), o Parque Indígena do Xingu não é terra tradicional dos Kayabí. Até aproximadamente a década de 1940, eles ocupavam uma extensa faixa entre os Rios Arinos, Tatuy (denominação Kayabí para o Rio dos Peixes) e médio Teles Pires ou São Manuel, localizada a oeste do Rio Xingu.

Hoje, os indígenas da etnia estão espalhados por diversas aldeias localizadas na região do Posto Indígena Diauarum, porção norte do parque e território habitado anteriormente pelos Yudja (auto-denominação dos Juruna), Suyá e Trumai.

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Cacique critica precariedade do atendimento à saúde indígena em São Félix do Xingu

6 de Agosto de 2008 - Lourival Macêdo - Enviado Especial - São Félix do Xingu (PA) - O atendimento à saúde indígena nas aldeias do município de São Félix do Xingu (PA) é precário. Além da falta de profissionais na Reserva Moikarakô, por exemplo, os 449 índios da tribo não têm sequer um carro para levar os doentes ao posto de saúde da cidade. A caminhonete que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) deixa em cada aldeia foi levada para a regional do Departamento de Saúde Indígena de Redenção e ficou lá.

A informação é do Cacique Kaiapó Akijabôro. Segundo ele, a Funasa - órgão do Ministério da Saúde responsável pela assistência aos índios- não está cumprindo a sua obrigação. “Simplesmente terceirizam os serviços para Organizações Não-Governamentais (ONGs), e não fiscaliza o trabalho dessas entidades, que não prestam contas nem executam o serviço continuado de atendimento à saúde. O resultado é o abandono dos doentes à própria sorte".

Com a simplicidade habitual, mas usando de franqueza, o cacique desabafa: “Funasa bota uma ONG para trabalhar para eles e fica de braço cruzado”. A ONG que presta assistência é a Associação Abemoká, que trabalhou bem no início, mas depois ficou não prestou contas, não recolheu INSS, nem contribuições sociais, segundo informa o chefe indígena.

O prefeito de São Félix do Xingu, Denimar Rodrigues (PR), confirma que a ONG contratada pela Funasa não presta assistência adequada aos indígenas. “Com isso, o município, que tem um sistema de atendimento à saúde deficitário, passou a assumir maiores compromissos com a saúde indígena sem ter a contrapartida da Funasa".

O Cacique Akijabôro, que é membro da Comissão Nacional de Política Indígena, disse que eles pediram ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a realização de concurso público para contratar os profissionais que ficarão mais próximos das aldeias e terão compromisso com a saúde indígena. Akijabôro afirmou que tanto o presidente Lula quanto ministro Temporão concordam com a proposta.

“É isso que nós queremos, é isso que é importante. Não queremos que os dirigentes da Funasa mandem ONG trabalhar para eles e eles ficarem de braços cruzados”. O cacique expõe um problema que vivie atualmente. "Chegaram uns parentes meus doentes aqui e não tem enfermeira. Ninguém foi buscar para levar para o hospital, não tem avião para retirar, não tem nada, a saúde da minha aldeia Moikarakô é muito complicada, é muito precária mesmo".

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Antropólogos da Funai denunciam perseguição em Mato Grosso do Sul

4 de Agosto de 2008 - Vinicius Konchinski - Enviado especial - Dourados (MS) - Dois antropólogos e um motorista da Fundação Nacional do Índio (Funai) registraram hoje (3) um boletim de ocorrência na delegacia de polícia de Tacuru, a 422 quilômetros de Campo Grande. Eles afirmam que foram perseguidos em uma estrada na região por um automóvel Fiat Uno ocupado por dois homens que os fotografavam.

Os dois antropólogos fazem parte da equipe encarregada de identificar terras indígenas no sul de Mato Grosso do Sul que, futuramente, devem ser transformadas em reservas.

Eles disseram à polícia que notaram estar sendo seguidos quando passaram pelo município de Iguatemi, a 464 quilômetros de Campo Grande, e foram socorridos por agentes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) após pedirem auxílio em um posto de combustível na entrada de Tacuru. A cidade fica próxima à divisa com o Paraguai.

Os agentes do DOF, então, perseguiram o Fiat Uno e detiveram os dois ocupantes. Com eles, foram apreendidos dois telefones celulares e uma máquina fotográfica digital.

A delegacia de Tacuru repassou o caso à Polícia Federal em Naviraí (MS), que ainda não deu encaminhamento.

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Estado contrariou direito dos índios em MS, afirma procurador

3 de Agosto de 2008 - Vinicius Konchinski - Enviado Especial - Dourados (MS) - Em meio ao debate sobre o início das demarcações dos territórios indígenas no Mato Grosso do Sul, em dois pontos, índios, produtores e autoridades compartilham da mesma opinião: primeiro, de que a questão fundiária sul-mato-grossense é delicada; o segundo, de que o problema foi criado pelo Estado brasileiro.

“Houve uma atuação do Estado contrária aos direitos dos indígenas. O Estado foi usado para a confinação dos índios”, afirmou o procurador da República de Dourados, Marco Antônio Delfino de Almeida, em entrevista à Agência Brasil, citando as políticas de colonização de Mato Grosso do Sul empregadas pelos governos federal e estadual, principalmente, durante a primeira metade do século 20.

De acordo com Almeida, o governo incentivou que produtores rurais ocupassem áreas, naquela época, habitadas por indígenas e cometeu “algo que se equivale a um genocídio dos habitantes nativos dessas regiões”. “O Brasil promoveu fatos parecidos com o que ocorreram na Sérvia, Ruanda e Sudão – que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Não foram extermínios, estupros, mas um deslocamento de uma população inteira”, complementou o procurador.

Fernando da Silva Souza, índio da etnia Terena e presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena em MS, conta que o antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) – órgão extinto para dar lugar à Fundação Nacional do Índio (Funai) – tinha como finalidade integrar o índio à sociedade. Por isso, também facilitou a colonização de áreas que, hoje, são alvo de discussões fundiárias entre índios e produtores rurais.

"A SPI errou. Quis integrar o índio, mas o índio não se integrou”, disse Souza, também em entrevista. “Eles demarcaram reservas de 3,5 mil hectares, com 650 habitantes em cada, para abrir espaço às propriedades. Hoje, essas terras têm até 12 mil índios.”

“Os produtores compraram as propriedades de boa-fé. Temos os títulos das terras", afirmou o produtor rural, Erny da Silva Agostini, 28 anos, tesoureiro do Sindicato dos Produtores Rurais de Amambai, cidade a 346 quilômetros de Campo Grande. "Tem muita gente que chegou aqui e investiu tudo o que tinha. Agora, vamos ter que entregar tudo?"

Agostini ajuda na administração de três propriedades rurais de sua família. Segundo ele, as terras foram compradas ou herdadas pelos seus pais de parentes que receberam a posse dos territórios do governo do estado. “Não sou contra o índio. Sei que eles passam por uma situação difícil, mas esta situação foi criada pelo governo. O ônus tem que ser de toda a sociedade. Não acho justo só o proprietário daqui pagar por isso”, disse, lembrando que as propriedades declaradas território indígena serão expropriadas, sem indenização.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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