MENINA DOS OLHOS DA INDÚSTRIA NUCLEAR TEM GRAVES FALHAS DE SEGURANÇA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2008

13 de Agosto de 2008 As obras de Olkiluoto são grande fonte de problemas: estão com dois anos de atraso, orçamento estourado em milhões de euros e com inúmeros problemas de segurança. E a Areva, estatal francesa responsável pelo projeto ainda que vender pelo mundo EDRs como a usina finlandesa.
Finlândia — Documentos obtidos pelo Greenpeace revelam que as obras da usina finlandesa Olkiluoto 3 não seguiram procedimentos básicos.

Documentos confidenciais obtidos pelo Greenpeace revelam que os procedimentos básicos de segurança não foram seguidos na construção do Reator Pressurizado Europeu (EPR, na sigla em inglês) Olkiluoto 3, na Finlândia. O Greenpeace exige que a obra seja paralisada imediatamente.

Dr. Helmut Hirsh, especialista independente em segurança nuclear, analisou os documentos e concluiu que as violações ocorridas no EPR finlandês são "um claro caso de más práticas e indicadores de uma cultura de segurança ruim", e dá "razão para preocupações sérias sobre a resistência do prédio do reator de Olkiluoto 3", aumentando o risco associado a eventos externos como terremotos, explosões ou impacto de mísseis. Hirsh tem 30 anos de experiência na área e trabalhou para os governos da Áustria e da Alemanha. Ele é membro do grupo de especialistas da Agência de Energia Nuclear da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

Os documentos técnicos, que incluem Especificações de Procedimento de Soldagem, mostra que a estatal francesa Areva, responsável pelas obras, permitiu que trabalhos de soldagem fossem feitos fora dos procedimentos aprovados durante mais de um ano. A qualidade da solda não foi verificada e amostras de testes de cada porção de soldas não foram coletadas. Se levarmos em conta que não há pessoal qualificado para supervisionar a soldagem, a falta de padrão é ainda mais alarmante.

"Enquanto que a energia nuclear é inerentemente insegura, a falta de uma cultura de segurança por parte da contratante Areva e seus subcontratados pode exarcebar significativamente os riscos relacionados a esse reator nuclear. Não estamos falando de uma fábrica de biscoitos - construir uma usina nuclear exige cuidados extremos. Negligenciar padrões de segurança pode ser desastroso", afirma Lauri Myllyvirta, da campanha de Nuclear do Greenpeace Finlândia.

Este é o mais recente caso de uma série de erros na construção de Olkiluoto 3, um EPR desenhado pela França. Apesar dos trabalhos terem começado recentemente, em 2005, o reator EPR na Finlândia está com seu cronograma de obras atrasado em dois anos, teve seu custo dobrado desde o orçamento inicial e mais de mil problemas foram registrados, incluindo aí uso de concreto de baixa qualidade, defeitos em soldagens e uso de componentes chaves fora dos critérios exigidos. No final de julho, um incêndio no local da obra causou sérios danos nas partes externas e internas das estruturas do muro do prédio do reator.

Os dois reatores EPR que estão sendo construídos no mundo - Olkiluoto 3 e Flamanville 3, na França – convivem com vários problemas de segurança, atrasos e custos cada vez maiores. Apesar disso, o presidente francês Nicolas Sarkozy e as estatais Areva e Electricité de France (EDF) vêm tentando vender os reatores franceses para vários países, como Brasil, Canadá, África do Sul, Turquia, Grã-Bretanha e Estados Unidos.

A energia nuclear prejudica o investimento em soluções mais inteligentes e viáveis para combater as mudanças climáticas, como o foco em fontes renováveis e programas de eficiência energética. Nosso relatório [R]evolução Energética mostra que essa combinação pode suprir o mundo com metade da energia necessária até 2050, sem a energia nuclear.

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Messias, o profeta nuclear: leia nosso artigo publicado na Folha de S. Paulo

12 de Agosto de 2008 Ativistas levaram um grande retrato do presidente do Ibama, Roberto Messias, à sede do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília, para protestar contra a concessão da licença ambiental para Angra 3.
São Paulo (SP), Brasil — Texto é uma resposta ao artigo de Roberto Messias, presidente do Ibama, defendendo a construção da usina nuclear Angra 3.

O Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, bem que tentou minimizar o custo político da emissão da licença para a usina nuclear Angra 3, alegando que a decisão do governo Lula já fora tomada quando ele assumiu o cargo em abril. Minc lembrou seu passado ambientalista, se declarou contra a energia nuclear e colocou Angra 3 na conta da sua antecessora Marina Silva para tentar escapar da contradição.

Tamanho esforço, porém, acabou inutilizado quando Roberto Messias, presidente do IBAMA, em artigo publicado nesta Folha no dia 5 de agosto, defendeu abertamente a sustentabilidade e a necessidade da geração nuclear no Brasil, tornando-se o novo porta-voz da indústria atômica - papel que não cabe à autoridade máxima do licenciamento ambiental brasileiro.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) apresentado pela Eletronuclear tem várias lacunas e falhas, que foram apontadas pelo Ministério Público Federal em recomendação encaminhada ao Ibama após o ciclo de audiências públicas do processo de licenciamento de Angra 3 realizadas em março de 2008. Em vez de exigir a correção do EIA-RIMA, o Ibama transformou as perguntas sem resposta em condicionantes listadas na licença prévia, sem garantia alguma de que serão cumpridas antes do início das obras de Angra 3.

Na licença prévia de Angra 3, chamou a atenção da mídia a condicionante 2.18, que dispõe sobre destino final dos rejeitos radioativos de alta atividade, principal passivo ambiental da operação de uma usina nuclear. Angra 1 e 2 geram por ano 13.775 metros cúbicos de rejeitos radioativos, e essa montanha de lixo nuclear vem sendo provisoriamente estocada dentro das próprias usinas. Com a construção de Angra 3, a situação deve se agravar.

Não existe, em lugar algum do mundo, solução definitiva para o lixo radioativo e, portanto, a definição sobre os parâmetros e localização de depósitos para tais resíduos é complexa, demorada e de altíssimo custo político e econômico. É impossível resolver a questão até 1º de setembro, como deseja o Ministro de Energia, Edison Lobão, ou mesmo no prazo de 120 dias estipulado na licença prévia. A reação do setor nuclear, em especial da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi de que não é competência do Ibama ou mesmo da Eletronuclear encaminhar da questão do lixo radioativo. Tudo indica que essa condicionante não será cumprida, tratando-se apenas de verniz de responsabilidade para amenizar as críticas à emissão da licença.

Licenças com condicionantes em aberto chegam a ser corriqueiras no Brasil, especialmente no caso de instalações nucleares. Um exemplo é a mina de urânio de Caetité, Bahia, operada pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Licenciada em 2002, até hoje a mina funciona com condicionantes em aberto relacionadas a monitoramento de impactos na saúde e na água.

Em seu artigo, Roberto Messias assusta ao relativizar os riscos de acidentes no complexo nuclear de Angra dos Reis. A tecnologia nuclear é reconhecidamente perigosa e não são necessários novos acidentes como Chernobyl para reiterar este fato. Em julho, na França, país que detém amplo parque atômico, foram constatados dois vazamentos de urânio, levantando dúvidas sobre a segurança nuclear daquele país. O artigo de Messias desinforma a sociedade ao induzir que ter eletricidade em casa depende da energia nuclear, que hoje responde por menos de 3% da matriz brasileira e não chegará a 4% mesmo com Angra 3 em pleno funcionamento. Vale lembrar ainda que a usina nuclear não é relevante em um cenário de “apagão” em 2010-2011, como temem os setores produtivos nacionais, já que Angra 3 só entrará em operação em 2014. O Brasil tem recursos renováveis como vento, sol e biomassa em abundância e pode garantir seu desenvolvimento sustentável e manter o crescimento econômico a partir de uma matriz estruturada em torno das fontes limpas e renováveis e de medidas de eficiência energética.

Essa opção, porém, parece não interessar ao governo federal. O presidente Lula e os ministros do PAC devem estar satisfeitos, já que finalmente encontraram um presidente para o Ibama que não precisa ser classificado como “entrave” aos planos conservadores e insustentáveis do setor elétrico brasileiro porque abre mão de defender a legislação ambiental e o princípio da precaução. O Messias chegou e trouxe más notícias, mas o pior certamente ainda está por vir. Resta saber como o Ministro Carlos Minc vai se justificar daqui em diante.

Rebeca Lerer, 31 anos, jornalista e coordenadora da campanha de Energia do Greenpeace Brasil.

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Minas Gerais adere ao programa Estado Amigo da Amazônia

13 de Agosto de 2008 Diretor-executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, e o governador Aécio Neves, assinam termo de adesão de Minas Gerais ao programa Estado Amigo da Amazônia
Belo Horizonte (MG), Brasil — Estado assume luta contra o desmatamento e assina termo de compromisso com o Greenpeace para banir madeira ilegal.

O estado de Minas Gerais deu, nesta quarta-feira, um passo importante no combate ao desmatamento e à histórica falta de governança na Amazônia. O governador Aécio Neves (PSDB-MG) assinou decreto que cria procedimentos para a compra responsável de madeira pela máquina pública de seu Estado, aderindo ao programa Estado Amigo da Amazônia, do Greenpeace.

"O Brasil deve assumir metas, seja em relação ao desmatamento ou emissão de carbono. Compromisso se faz com metas, indicadores e controle da sociedade, que tem que cobrar do governo. E essas metas têm que ser verificáveis e demonstráveis", afirmou o governador Aécio Neves.

"Existem alguns temas hoje no mundo que são as grandes preocupações do futuro e o meio ambiente é tema central. Dele dependem todos os outros", afirmou.

O programa prevê a criação de leis locais que eliminem madeira ilegal e de desmatamento de todas as compras públicas, além do estabelecimento de ações efetivas de controle e fiscalização do fluxo e da comercialização de madeira nativa da Amazônia e Mata Atlântica no território mineiro. Com isso, o programa não apenas promove um controle maior da madeira que entra no seu estado, como também garante ao consumidor final a origem legal desse produto, criando condições de mercado para a madeira produzida de forma responsável e sustentável, como a certificada pelo FSC (Conselho de Manejo Florestal).

Ao aderir ao nosso programa, o estado de Minas soma esforços com São Paulo e Bahia na luta para combater o desmatamento na Amazônia e encorajar o setor madeireiro a cumprir com as boas práticas de manejo florestal.

"O fim do desmatamento é uma prioridade para o Brasil e Minas Gerais pode e deve dar sua colaboração para atingir esta meta, garantindo um desenvolvimento sustentável para o país", disse Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace no Brasil.

A exploração ilegal de madeira abre caminhos para que outros atores que atuam na clandestinidade, como fazendeiros e grileiros, tenham acesso a áreas intactas de florestas. Estima-se que até 80% da extração madeireira na Amazônia seja ilegal. Cerca de 60% do total produzido ao ano são consumidos pelo mercado brasileiro.

"Estados, municípios e os próprios órgãos do governo federal consomem grandes quantidades de madeira na construção de obras públicas. A decisão de agir – ou não – por parte de governos define se o poder público será co-responsável pela destruição da floresta ou se será parte desta rede de amigos da Amazônia", disse Adriana Imparato, coordenadora do programa do Greenpeace.

O evento desta quarta-feira contou com a participação do Secretário Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos de Carvalho, além de diversas organizações ambientalistas locais, historicamente comprometidas com a defesa da Mata Atlântica.

Além dos estados, o Greenpeace também desenvolve o programa Cidade Amiga da Amazônia, voltado aos municípios brasileiros. Atualmente, o programa conta com a participação de 37 cidades, localizadas nos principais mercados consumidores de madeira do país, entre elas capitais como: São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Manaus.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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