FAMÍLIAS TEMEM SEPARAÇÃO CASO NÃO-ÍNDIOS TENHAM QUE DEIXAR A RAPOSA SERRA DO SOL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2008

18 de Agosto de 2008 - Karina Cardoso - Enviada Especial - Boa Vista - Os não-índios casados com indígenas temem ter que desmembrar suas famílias, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida pela constitucionalidade da homologação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O julgamento está previsto para o dia 27.

No distrito de Surumu, município de Pacaraima (215 km de Boa Vista), grande parte da população indígena é casada com agricultores, como é o caso da macuxi Elielva dos Santos. Ela é mulher de um produtor rural de Tocantins há oito anos. “Se a gente está nessa luta, não é pelos produtores de arroz, é por nossa família”, defendeu.

O agricultor Adilson Gomes da Costa, casado há seis meses com uma indígena da etnia macuxi, teme ter que deixar a terra onde mora. “Acho isso tudo uma injustiça. Eles não têm o direito de separar a gente”, desabafou.

O coordenador do projetos da Raposa Serra do Sol do Conselho Indigeista de Roraima (CIR), Jacir José de Souza, afirma que casos como esses serão cuidadosamente avaliados. “Nós também defendemos as pessoas que fazem o papel de indígenas, que estão lutando, defendendo seus filhos”, assegurou. O CIR é a favor da retirada dos produtores de arroz da Raposa Serra do Sol.

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Decisão sobre Raposa Serra do Sol pode ajudar a pacificar conflitos, afirma Gilmar Mendes

18 de Agosto de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - A menos de dez dias do julgamento das ações que contestam a demarcação da Terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, disse hoje (18) que a decisão da Corte pode ajudar a “pacificar” conflitos entre índios e ruralistas no local.

“Qualquer que seja a decisão, não acredito que haja maior conflito do que já houve”, afirmou o ministro a jornalistas, ao participar da 73ª Conferência Bienal da International Law Association (ILA) sobre Direito e Justiça, no Rio. “De modo que o Tribunal vê com tranqüilidade [esse assunto]. Os senhores sabem que as decisões do Tribunal gozam de grande prestígio e, em geral, têm servido para pacificar e não acirrar conflitos”.

De acordo com Gilmar Mendes, a decisão do STF sobre a situação da Raposa Serra do Sol pode servir também de exemplo para a demarcação de outras terras indígenas. “O que o STF poderá fixar são orientações, entendimentos sobre os critérios de legitimidade para o procedimento administrativo”, ressaltou o ministro, sem dar detalhes.

Ao comentar a marcha de ruralistas da Bahia e do Mato Grosso em direção à Raposa Serra do Sol, no último final de semana, Mendes disse que manifestações contrárias ou a favor da atual demarcação da terra indígena “são normais”, desde que não ultrapassem os limites da legalidade. Indígenas e movimentos sociais também prometem acampar em Brasília durante o julgamento, marcado para o dia 27.

“Estamos em uma sociedade plural, composta de interesses que, às vezes, são contrapostos. É natural que haja manifestações. Agora, nada deve descambar para violência, para desordem ou para perturbação da ordem institucional”.

Na Raposa Serra do Sol vivem cerca de 18 mil índios em 1,7 milhão de hectare. Parte deles defende a expulsão de produtores de arroz que ocupam aproximadamente 1% da área da reserva, homologada pelo governo federal em 2005.

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Conselho Indígena de Roraima teme retorno de reassentados à Raposa Serra do Sol

18 de Agosto de 2008 - Karina Cardoso - Enviada especial - Boa Vista (Roraima) - O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, teme o retorno dos agricultores reassentados à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, caso o Supremo Tribunal do Federal (STF) não mantenha a homologação em área contínua. O julgamento das ações que contestam a demarcação da terra indígena está marcado para o dia 27 de agosto.

Desde a assinatura do decreto presidencial de homologação da reserva em área contínua, em 2005, mais de 130 famílias de não-indígenas foram reassentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“Se todos voltarem, vai ser um grande massacre indígena. A gente não quer o retorno deles, pois já soterraram nossos lagos e destruíram nossas matas”, disse Souza.

Em Pacaraima, município localizado a 215 quilômetros da capital Boa Vista, na divisa do Brasil com a Venezuela, a maior parte da população defende a permanência dos produtores rurais. O prefeito da cidade é o líder dos arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero.

A descendente indígena Marilaine Feitosa Pinto é moradora da Vila Surumu, distrito do município. Ela diz que a economia do estado depende dos produtores rurais. “Os arrozeiros têm feito o que os representantes [do governo] não fazem. A comunidade aqui depende dos arrozeiros, sem eles, do que vamos sobreviver?”

Para o coordenador do CIR, as comunidade indígenas têm condições de sobreviver sem a atuação dos plantadores de arroz. “Não dependemos deles, temos todo um plano para sustentar nosso povo. Temos 35 mil cabeças de gado e plantações de arroz, milho, feijão, mandioca, não vivemos de migalhas.”

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Questões indígenas podem avançar com visita de relator da ONU, avalia entidade

18 de Agosto de 2008 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - A permanência do relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais dos Povos Indígenas, James Anaya, no Brasil é um fato positivo e importante que pode contribuir com avanços em relação a reivindicações dos indígenas que vivem no país. A avaliação é do dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Marcos Apurinã.

"A visita dele vai contribuir para que a ONU tenha uma visão melhor da vida dos indígenas brasileiros. Depois disso, eles poderão conversar com o governo federal e negociar melhorias de um modo geral", declarou.

"A vinda do representante da ONU ao país era esperada há muito tempo. Estamos contentes que ele esteja aqui [no Brasil] e tenha dedicado sua agenda para dialogar com a Coiab, conhecer o município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas [onde quase 100% da população é indígena] e ainda ir até a reserva Raposa Serra do Sol", acrescentou.

No último sábado (16), James Anaya participou de reunião com lideranças indígenas da Amazônia na sede da Coiab. Durante o encontro, ele conversou com organizações e povos indígenas sobre diversos assuntos.

A prioridade dos líderes foi dada a denúncias sobre violações dos direitos ocorridos no Brasil. Questões relacionadas à violência, uso inadequado de imagem, ausência de políticas públicas específicas aos indígenas e ainda aos problemas enfrentados pelos povos que vivem na Raposa Serra do Sol (RR) e no Vale do Javari (AM) também estiveram em pauta.

Em nota, a assessoria de comunicação da Coiab destacou que a visita do relator ocorre em um momento crucial para os povos indígenas no Brasil de crescente "tendência de discriminação, preconceito e estigmatização dessas populações por parte dos setores oligárquicos, políticos e latifundiários do país".

Segundo o texto, a divulgação de informações distorcidas tem causado danos aos povos indígenas que são acusados de "atentado contra a soberania nacional" e de "ocupação demasiada de terras".

"Os fatos comprovam que, historicamente, os povos indígenas constituíram-se defensores das fronteiras nacionais, permanecendo como importantes atores de proteção das fronteiras e recursos naturais brasileiros, contra a ação de caçadores, mineradores e madeireiros", afirma a instituição.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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