ÍNDIOS URBANOS REIVINDICAM SEUS DIREITOS AO PRESIDENTE DA FUNAI

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2008

29 de Agosto - O presidente da Funai Márcio Meira recebeu a “Carta de Manaus” dos indígenas urbanos que estão participando da II Conferência Estadual dos Povos Indígena do Amazonas, com as demandas dos “Índios de Manaus”, como eles desejam ser denominados. O documento contém propostas nas áreas de saúde, educação, sustentabilidade, emprego e renda, territorialidade e habitação e foi entregue logo após a solenidade de abertura, quando o presidente recebeu as diversas delegações indígenas que se agrupavam por calha de rio e também os índios de diversas etnias que moram na cidade de Manaus.

A Carta de Manaus é produto da II Conferência Indígena Regional de Manaus, realizada dos dias 15 e 16 de agosto pela Confederação das Organizações Indígenas e Povos do Amazonas (Coiam) e Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS) e Fundação Estadual dos Povos Indígenas (FEPI), e Fundação Nacional do Índio por suas Coordenadoras de Promoção Social e de Mulheres Irânia Marques e Léia do Vale, respectivamente.

O reconhecimento dos índios urbanos pelo presidente Márcio Meira, no seu pronunciamento durante a abertura da II Conferência, foi aplaudido pelos índios de Manaus que hoje são mais de 20 mil indígenas, segundo dados da da Fundação Oswaldo Cruz, conforme o indigenista João Melo Farias, da Administração de Manaus. Essa população se concentra em várias áreas da cidade com bairros que se assemelham a aldeias, como é o caso de Cidade de Deus, Santos Dumont e Japiim.

O documento serve de base para nortear as discussões de um dos grupos de trabalho da II Conferência. Dentre as reivindicações da Carta de Manaus destaca-se a capacitação dos profissionais da saúde na rede pública municipal para o trabalho com os povos indígenas. Por três meses os agentes atuam em experiência e somente serão efetivados após avaliação pela comunidade indígena, União dos Povos Indígenas de Manaus (Upim) e Coiam, respaldado de acordo com a disposição da Funasa, por meio dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, Estados e Municípios de Manaus. Os pedidos incluem ainda contratação de profissionais indígenas com conhecimento de línguas para acompanhar os pacientes indígenas; garantir e assegurar participação da Upim e Coiam no Conselho Distrital de Saúde Indígena de Manaus e do Estado; garantir o reconhecimento dos professores indígenas no município de Manaus; garantir e assegurar a funcionalidade da educação escolar indígena, com qualidade, no município de Manaus, com contratação de professores indígenas com aprovação da comunidade e/ou organizações; acesso e garantia da permanência dos estudantes indígenas nos cursos de ensino fundamental, médio e superior no município de Manaus; criação de uma universidade indígena no Município de Manaus para atender a demanda dos povos indígenas; que as políticas públicas viabilizem mecanismos que potencializem a gestão das populações indígenas na produção e escoamento dos produtos indígenas no Município de Manaus; que as instituições públicas qualifiquem profissionais indígenas para a gestão de atividades que gerem renda e propicie negócios para os indígenas no Município de Manaus; que os povos indígenas criem formas de certificação de qualidade de seus produtos e intensifiquem a fiscalização denunciando qualquer forma de pirataria dos produtos indígenas, entre outras.

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Povos Indígenas terão Bolsa Floresta e de Iniciação Científica

26 de Agosto - O comprometimento público do presidente da Funai, Márcio Meira, de parceria com o Governo do Estado do Amazonas e organizações indígenas para que o Bolsa Floresta, benefício para quem ajuda a manter a floresta em pé, chegue aos povos indígenas marcou a abertura da II Conferência Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas nesta segunda-feira (25/08/08), no auditório da Universidade do Estado do Amazonas. O evento conta com a participação de representantes das 64 etnias que irão, nos próximos quatro dias, discutir com técnicos das diversas secretarias estaduais e das coordenações do órgão indigenista o tema “Povos Indígenas e Políticas Públicas”.

Márcio Meira elogiou a iniciativa do Governo do Amazonas, que deve servir como exemplo para outros estados, e disse ainda que não consegue falar com alguns governadores, pois há preconceito contra os indígenas e só acreditam no agronegócio para o crescimento e desenvolvimento do país. “A Funai está aqui para apoiar e já esta apoiando esta conferência com a vinda de delegados. Chefes de postos e todos os nossos coordenadores estão aqui acompanhando essa discussão”. Márcio foi aplaudido ao destacar que o órgão indigenista reconhece a população indígena urbana, por ser uma realidade que não se pode desconsiderar.

O diretor presidente da Fundação Estadual de Política Indigenista Bonifácio Baniwa falou da necessidade de trabalhar em parcerias para que se avance cada vez mais na garantia dos direitos dos povos indígenas e lembrou o antes e o depois do atual Governo do Estado, ao incluir os indígenas na discussão e implementação de políticas públicas para os povos indígenas.

O presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas Odenildo Teixeira Sena, para confirmar o comprometimento do Governo do Amazonas com os povos indígenas, anunciou o PAIC - Programa de Apoio a Iniciação Científica Indígena, concedendo cem bolsas para estudantes indígenas de nível superior. Os interessados já podem acessar a página da instituição e apresentar os projetos para apreciação.

O secretário de Governo do Amazonas José Melo, representando o Governador Eduardo Braga, agradeceu a parceria da Funai para juntos contribuir com o novo futuro dos povos indígenas do Estado, que hoje é uma população de mais de 120 mil indígenas. José Melo lembrou ainda do reconhecimento do presidente Lula, que nas urnas recebeu nove de cada dez votos, no último pleito. Esse agradecimento, segundo José Melo, se efetivou com o lançamento da Agenda Social Para os Povos Indígenas, lançada em abril de 2007, no município de São Gabriel da Cachoeira, estendendo às aldeias e populações urbanas os benefícios de todos programas sociais do Governo Federal, o fortalecimento das organizações indígenas para o exercício do controle social, entre outros.

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Ritual indígena secreto mais esperado inicia no último fim de semana de agosto

29 de Agosto - No próximo domingo (31), os índios da etnia Fulni-ô darão início ao evento mais importante para eles: o Ouricuri. A aldeia fica vazia pois todos se deslocam para a região sagrada onde anualmente acontece o ritual religioso e secreto. Atualmente o povo Fulni-ô está localizado no Município de Águas Belas, a 365 km de Recife, e tem uma população de aproximadamente 6 mil índios, em sua maioria bilíngües. Apesar de sofrerem forte influência de outras culturas, os indígenas mantêm sua cultura e sua língua, o Yaathe.
O Fulni-ô tem como regra a proibição de falar do ritual.
Para o Fulni-ô, Awassury de Sá, 23 anos, um dos motivos do ritual ser secreto é que os indígenas acreditam que se não fosse sigiloso, os seus conterrâneos brasileiros teriam algo mais para destruir.

O Ouricuri é um momento de concentração total em Deus. Na abertura é celebrada uma missa pelo bispo da diocese de Garanhuns-PE e a partir do meio-dia a permanência no local é restrita somente aos Fulni-ô. O que pode ser dito é que há uma divisão entre os homens e as mulheres para que ambos purifiquem-se espiritual e mentalmente. O objetivo é livrar os participantes de qualquer sentimento que venha interromper a concentração, para que possam desenvolver as responsabilidades estabelecidas pelo ritual. Nesse período não é permitido manter relações sexuais dentro do Ouricurí. Embora não se pratique uma abstinência sexual absoluta, respeita-se o lugar sagrado, mantendo este tipo de relação na aldeia onde moram.

O Fulni-ô, Cícero Brito, 33 anos, explica que a expectativa é tão grande que aproximadamente um mês antes do início do ritual, os indígenas deixam de lado atividades rotineiras para se concentrar. Muitos se deslocam da aldeia para dormir no local onde é realizado o culto. “Nossa religião é muito bem planejada e completa. O Ouricurí é uma terra santa, não permite outro pensamento que não o religioso”, afirma Brito.

Liderados pelo cacique e o pajé, os Fulni-ô têm o Ouricurí como fator fundamental para a resistência e os costumes ancestrais, como a língua Yaathe que é a base para a prática do rito.

Juazeiro Sagraado

Ouricurí espaço físico:
É o local onde os indígenas passam três meses dedicados as práticas do ritual. Há 5 km da Aldeia, antigamente o Ouricurí era composto por casas de palhas, as quais eram refeitas anualmente. Para maior segurança do povo e devido à escassez da matéria-prima e sua pequena durabilidade, as casas passaram a ser construídas em taipa e depois tijolos.

Durante a moradia no Ouricurí, os homens dormem separados das mulheres. Eles em torno do juazeiro sagrado, em galpões ou ao relento. Elas nas casas ou também ao relento. Mesmo sem luz elétrica e pouco conforto, os habitantes da pequena reserva se dizem muito felizes. Segundo eles a terra santa é um local onde se fala em Deus em todo o momento.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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