VIOLÊNCIA CONTRA ÍNDIOS É TEMA DO FILME TERRA VERMELHA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2008

24/11/2008 - Em tempos de acirramento da disputa por terras entre fazendeiros e índios Guarani no Mato Grosso do Sul, Terra Vermelha, do diretor ítalo-chileno Marco Bechi, é uma boa surpresa. Foi escolhido para a abrir a 23ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e está previsto para entrar em circuito comercial no dia 28 de novembro, sexta-feira próxima.

O filme Terra Vermelha do diretor ítalo-chileno Marco Bechi, se passa na região de Dourados (MS) e retrata, em forma de ficção, o choque de distintas visões de mundo envolvidas na situação de conflito e violência em que vivem indígenas e fazendeiros.

Além dos atores não-índios, Terra Vermelha é protagonizado pelos Guarani e é quase todo falado em sua língua Os indígenas se revelam grandes atores, interpretando com uma naturalidade que impressiona.

A co-produção Itália Brasil traz um olhar distanciado do polêmico conflito entre proprietários rurais e indígenas, conseguindo construir personagens complexos, que escapam de maniqueísmos simplificadores e, assim, encara a questão com suas particularidades e contradições. Outra qualidade de Terra Vermelha é a maneira como consegue adentrar no universo dos Guarani Kaiowá, sem estigmatizar ou tentar formar uma visão romântica do índio. O filme mostra como os Kaiowá mantém seus rituais, suas crenças e uma relação diferenciada com o mundo, apesar de conviverem há tantos anos e de maneira intensa com a cultura ocidental. Apesar de andarem vestidos como brancos e incorporarem alguns de nossos hábitos, se diferenciam por sua concepção peculiar sobre a terra e seus usos, concepção essa que se mantêm, apesar da enorme pressão exercida sobre sua cultura.

Birdwatchers, como é chamado no original em referência aos turistas estrangeiros que viajam para a Amazônia em busca de paisagens, animais e gentes exóticas, aproveita para polemizar esta fantasia, nutrida tanto fora como dentro do Brasil, dos indígenas como seres primitivos. O filme, que chamou a atenção de público e crítica no Festival de Veneza, foi escolhido para abrir a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e está previsto para entrar em cartaz no dia 28 de novembro.

Terra Vermelha desempenha papel crucial ao chamar atenção para a situação extremamente delicada em que vivem os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Confinados em Terras Indígenas que se tornaram muito pequenas para a quantidade de habitantes que abrigam, enfrentam índices de suicídio e alcoolismo cada vez maiores, o que demonstra a pressão e a falta de perspectiva em que se encontram. Sem terra e vítimas de violência e discriminação intensa, os indígenas apenas sobrevivem das cestas básicas distribuídas pelo governo, pois além de não ter espaço para plantar, os animais que caçavam estão acabando e os rios estão cada vez mais poluídos pelos insumos agrícolas utilizados pelos fazendeiros da região. Muitas vezes, para poderem ter o que comer, aceitam trabalhos em condições precárias, que os obrigam a ficar dias longe da família e os impedem de viver segundo seus costumes tradicionais.

Ao retratar esta realidade tão pouco conhecida pelos brasileiros que vivem nos grandes centros urbanos, o filme permite que o espectador se aproxime um pouco mais da problemática indígena e se sensibilize, ampliando a possibilidade de debate e a reflexão sobre tão complexa situação.
ISA, Julia Trujillo Miras Costa e Rogerio Duarte do Pateo.

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Alunos e professores da Rede Yázigi encerram campanha de cidadania plantando mudas no Xingu

26/11/2008 - Os plantios aconteceram no Garapu, em Canarana, e na Terra Indígena Wawi, dos índios da etnia Kisêdjê, e fazem parte da campanha nacional de cidadania Yázigi – Y Ikatu Xingu, que premiou as escola sque mais se destacaram na arrecadação de recursos para plantar árvores na Bacia do Xingu.

Na década de 1970, uma das maiores redes de ensino de idiomas do País, a Rede Yázigi, fez um acordo com Orlando Villas Boas para aquisição de um acervo com artefatos indígenas do Parque Indígena do Xingu, que ficam expostos em uma sala, na sede da franquia em São Paulo, e que leva o nome do indigenista. Em 2007, a empresa conheceu o Instituto Socioambiental (ISA) e a Campanha Y Ikatu Xingu, reconheceram que havia uma similaridade de princípios e interesses e lançaram a Campanha Nacional de Cidadania Yázigi – Y Ikatu Xingu, que teve o objetivo de arrecadar verbas para o plantio de árvores na Bacia do Xingu. A campanha teve início em outubro de 2007 e encerrou suas atividades em junho deste ano. Os alunos e professores que se destacaram na promoção de atividades para angariar recursos, receberam como premiação uma visita ao Mato Grosso e plantaram as sementes e mudas que foram produzidas com os recursos da campanha de cidadania. As unidades de Limeira e Indaiatuba, em São Paulo, e a de João Pessoa, na Paraíba, ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente, na classificação nacional.

O coordenador nacional de Responsabilidade Social da Rede Yázigi,Claudio Tieghi, informou que foram arrecadados recursos suficientes para o plantio de aproximadamente 31 mil árvores. “O ganho dessa mobilização foi muito mais que financeiro, pois envolveu cerca de 70 mil alunos em todo o Brasil. Quase 90% das escolas foram envolvidas nessa estratégia de mobilização”, relatou. Tieghi conta que a campanha foi lançada a partir da exploração do tema aquecimento global associado a atividades para arrecadação financeira, como pedágios ecológicos, rifas, venda de produtos usados, reciclagem de papel velho etc. A cada três reais arrecadados, a escola participante acumulava um ponto no “arvorômetro”, um medidor instalado nas escolas para incentivar os alunos e professores. “Foi muito importante poder contar com a parceria da campanha Y Ikatu Xingu, senão iríamos demorar muito para realizar uma ação como essa”, avaliou.

Trezentas mudas de árvores nativas foram plantadas na Fazenda Ronkô, que pertence à Terra Indígena Wawi

"A parceria entre Yázigi e Campanha Y Ikatu Xingu é um exemplo para iniciativas de responsabilidade socioambiental. O envolvimento verdadeiro de tantas pessoas espalhadas pelo Brasil pela recuperação das matas ciliares, não é pouca coisa. Esperamos que essa parceria possa ter outros desdobramentos”, disse Rodrigo Junqueira, coordenador adjunto do Programa Xingu, do ISA.

A jornada teve início na quarta-feira, dia 12 de novembro, quando 14 alunos e professores do Yázigi conheceram o escritório do ISA, em Canarana, e visitaram o viveiro municipal onde receberam algumas explicações sobre o trabalho que é ali desenvolvido. Ainda em Canarana, no dia 13, todos participaram de um mutirão de plantio no bairro Garapu, que teve início com instruções para o plantio e distribuição das mudas e sementes pelos técnicos do ISA. Ao todo foram plantadas mais de 200 mudas e 10 quilos de sementes de espécies nativas na Fazenda Gabriele, do produtor Clóvis Fiorentin. Cerca de 150 pessoas participaram do plantio, que foi realizado com apoio da Escola Municipal Elídio Corbari, do ISA e da Prefeitura de Canarana.

Na aldeia dos Kisêdjê

Em Querência, eles tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da cultura indígena, na aldeia Ngojwere, dos índios da etnia Kisêdjê, onde almoçaram e conversaram com a comunidade. Na Fazenda Ronkô, que foi incorporada há 10 anos à Terra Indígena Wawi, todos juntos plantaram mais de300 mudas de árvores nativas (baru, jatobá, ipê amarelo, peroba, mutamba, angico, murici, urucum, jambo da mata, ingá) e 120 quilos de sementes que foram misturadas e plantadas num sistema conhecimento como “muvuca”. “Ficamos muito contentes que vocês vieram aqui ajudar a plantar. No futuro, queremos que vocês voltem aqui e visitem essa área para ver que o esforço de vocês deu certo”, disse Winti Kisedjê, antes do início do plantio, que tomou a manhã inteira do dia 15, num trabalho que ajudará a recuperar a vegetação da beira de uma represa.

“Gostei muito dessa experiência. Percebo que fiz a escolha certa ao participar da campanha da cidadania, porque é uma experiência bem diferente e agora eu posso ver o resultado do esforço que todos nós tivemos. Quero que as árvores cresçam e possam reflorestar esse lugar”, afirmou Juliana Amorim, 21, estudante de medicina e aluna da escola Yázigi de João Pessoa. João Carlos Rodrigues Pereira, professor da Universidade Federal da Paraíba e primeiro colocado dessa mesma escola, conta que juntou papel velho que depois era vendido e o valor convertido em mudas. “Essa foi uma fantástica oportunidade de conhecer o Xingu e uma aldeia que ainda preserva muito da sua cultura”, disse.

O plantio das árvores arrecadadas pela Campanha Nacional de Cidadania Yázigi – Y Ikatu Xingu continuará ainda durante todo o período das chuvas, priorizando o reflorestamento das beiras de rio e nascentes da Bacia do Xingu. Antes de irem embora, os visitantes participaram, no dia 16, da Festa do Pequi, fruto nativo que é uma iguaria da culinária do Cerrado.
ISA, Sara Nanni.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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