MAIORIA DOS MINISTROS NO STF DECIDE PELA DEMARCAÇÃO CONTÍNUA DA RAPOSA SERRA DO SOL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

10 de Dezembro de 2008 - Amanda Cieglinski - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa votou pela constitucionalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Com Barbosa, são seis os votos favoráveis à demarcação contínua, o que elimina a possibilidade de uma decisão pela permanência dos não-índios dentro da reserva, já que o Supremo possui 11 ministros.

Joaquim afirmou em seu voto que são “meramente especulativos” os argumentos de que a demarcação contínua afetaria a soberania nacional, a conservação do meio ambiente e o equilíbrio econômico do estado de Roraima. “A reserva corresponde a cerca de 7% do território do estado e a grande extensão do estado de Roraima permite que a produção de arroz prossiga em outras regiões do estado”, argumentou.

O ministro ressaltou ainda que a exploração agrícola na região “tem gerado inúmeros danos ambientais que poderão se tornar irreversíveis aos habitantes da região".

Barbosa defendeu que uma demarcação em ilhas traria prejuízos ao meio ambiente e principalmente à saúde dos povos indígenas.

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Ministra diz que divisão em ilhas fere Constituição e vota pela demarcação contínua da Raposa

10 de Dezembro de 2008 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em ilhas, como querem os produtores de arroz que vivem na área, fere a Constituição, na avaliação da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia que votou pela constitucionalidade da demarcação contínua da reserva.

"A demarcação em ilhas seria um desrespeito às normas constitucionais, seria equivalente a praticar um ato inconstitucional", apontou.

Cármen Lúcia acompanhou o voto do relator, ministro Carlos Ayres Britto, mas apresentou uma ressalva em relação à retirada imediata de todos os não-índios da reserva.

"As comunidades não precisam ser apartadas", afirmou, em provável referência aos não-índios casados com indígenas, que teriam que deixar a área se a demarcação contínua for confirmada sem modificações.

A magistrada foi a terceira a votar pela demarcação contínua da terra indígena. Além de Ayres Britto, que votou em agosto pela manutenção da área demarcada, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito também defendeu essa configuração, apesar de apresentar 18 condicionantes, na manhã de hoje (10).

A ministra rebateu a alegação do governo do estado e dos produtores de arroz de que a homologação da reserva inviabilizaria a economia de Roraima e seria um desrespeito ao sistema federativo brasileiro.

Segundo Cármen Lúcia, mesmo sem os 1,7 milhão de hectares da reserva, o estado ainda contará com uma área superior ao tamanho do estados de Sergipe ou da Paraíba, maior que a Bélgica e "pelo menos seis vezes maior que o Estado de Israel". "A alegação cai por terra em face de dados aritmeticamente comprovados", ponderou.

A ministra argumentou ainda que a demarcação contínua não fere a soberania nacional nem representa risco à defesa das fronteiras do país.

"As terras indígenas são de propriedade da União; onde há terra indígena, há garantia de que o território não será vendido a países estrangeiros", apontou.

Cármen Lúcia afirmou que relacionar a presença de índios à desproteção de fronteiras é desconsiderar a "valiosa contribuição" desses povos para a formação do território brasileiro. "O marechal Rondon já dizia que os índios brasileiros foram os que mais se esmeraram em garantir terras para o Brasil", citou.

Além disso, segundo Cármen Lúcia, como qualquer brasileiro, os indígenas também têm o dever de defender os interesses da nação.

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Representante da CNA diz que está apreensivo com possível saída de produtores da Raposa

10 de Dezembro de 2008 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Diante dos cinco votos favoráveis à manutenção da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, o presidente da Comissão de Assuntos Fundiários da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Leôncio Brito, disse há pouco que está “apreensivo” com a possibilidade de saída imediata dos produtores de arroz do interior da reserva.

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou hoje (10) o julgamento da constitucionalidade da demarcação contínua da área de cerca de 1,7 milhão de hectares. Seis produtores de arroz reclamam a posse de parte das terras, que ocupam há décadas com o agronegócio.

“Estamos apreensivos em relação à situação dos arrozeiros. A posição da CNA também é de preocupação em relação aos demais 120 milhões de hectares de áreas indígenas que o país tem”, comentou.

Além do relator, ministro Carlos Ayres Britto, os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Eros Grau votaram pela manutenção da demarcação contínua da terra indígena, o que implica o fechamento das grandes propriedades agrícolas e saída dos rizicultores.

Brito preferiu não arriscar um placar final para o julgamento, mas afirmou que os produtores aguardam "com serenidade e confiança" a decisão do tribunal. "Tudo é especulação. Mas acredito que a sensatez vai prevalecer", apontou.

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Ministro diz que prioridade do governo na Amazônia é solucionar "caos fundiário"

10 de Dezembro de 2008 - Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, afirmou hoje (10) que a prioridade do governo na Amazônia é a solução do “caos fundiário” que existe na região. Para isso, segundo o ministro, o governo pretende simplificar os procedimentos que asseguram a posse da terra.

“Enquanto permanecer essa insegurança jurídica radical, o saque será mais atraente do que a preservação ou a produção. Se não resolvermos o problema do controle da terra nada mais funcionará”, disse o ministro em entrevista exclusiva ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional.

Segundo Unger, já existem três elementos de consenso para solução dos problemas que envolvem a região amazônica: o primeiro e mais importante, na avaliação do ministro, é a simplificação das regras e dos procedimentos em relação à posse da terra; a organização da cooperação federativa entre União, estados e municípios e a definição sobre a representação do governo federal na questão.

O ministro tentou minimizar a repercussão em torno da possível criação de uma agência para monitorar e coordenar a regularização fundiária na Amazônia, que substituiria o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra). Apesar de reforçar que a decisão será do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Unger deixou claro sua preferência pelo novo órgão.

“Seja o que for decidido estará muito bem”, disse o ministro acrescentando que o novo órgão teria uma estrutura enxuta, seguindo o modelo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

Em relação ao Plano Amazônia Sustentável (PAS), Mangabeira reforçou que a idéia é combinar a agricultura de alto valor agregado, pecuária intensiva, manejo florestal sustentável e a produção de agrocombustíveis. Ele também rebateu as críticas de que o plano vai favorecer a grilagem ou a ocupação desordenada.

“Ali [na Amazônia], temos que começar uma grande transformação da atividade agropastoril no Brasil. Isso começa por uma recuperação de áreas degradadas. Hoje, no Brasil, para cada hectare sobre lavoura, há entre três e quatro hectares entregues à pecuária extensiva. A consequência é uma progressiva degradação da terra”, argumentou.

Segundo ele, é preciso ainda modernizar o extrativismo. “Enquanto o extrativismo tiver uma natureza ou um nível artesanal não representará uma alternativa séria às grandes atividades devastadoras da Amazônia.”

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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