NOVO SISTEMA DO INPE MAPEIA ÁREA DEGRADADAS NA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2008

Desmatamento - 22/12/2008 - Figura mostra a perda completa da vegetação por corte raso, com solo coberto por madeira (coordenadas do local: P6 - S 11,61º;W 54,91º)
Foto: Divulgação Inpe - Pela primeira vez, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) mapeou as áreas em processo de desmatamento em toda a Amazônia Legal. Inovador, o novo sistema pode dar importante subsídio aos órgãos de fiscalização para impedir a derrubada completa da floresta. Os dados preliminares do sistema Degrad foram apresentados em Brasília no 6º Seminário Técnico-Científico de Análise de Dados do Desmatamento na Amazônia Legal, promovido na quinta e sexta-feira (19) pelos ministérios da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente e Casa Civil.
No final de novembro, o Inpe divulgou a taxa de desmatamento na Amazônia no período 2007-2008 computada pelo Prodes, sistema que há 20 anos mapeia o “corte raso”, ou seja, as áreas onde a cobertura florestal nativa foi totalmente retirada. Chamado de Degrad, o novo sistema foi desenvolvido para mapear anualmente, e em detalhe, as áreas em processo de desmatamento e que não são computadas pelo Prodes.

A partir de imagens dos satélites Landsat e Cbers, o objetivo do Degrad é identificar as áreas de degradação. Neste primeiro levantamento da degradação florestal na Amazônia para os anos de 2007 e 2008, o Inpe utilizou o mesmo conjunto de 85 imagens Landsat processadas para o Prodes. O restante do mapeamento deverá ser concluído no primeiro semestre de 2009.

O levantamento preliminar de áreas degradadas registrou 14.915 km2 em 2007 e 24.932 km2 em 2008. Confira na tabela abaixo as áreas degradadas (km2) por estado da Amazônia Legal.

Inpe publicou relatório detalhado dos dados aferidos por seus sistemas Prodes, Deter e Degrad nos anos 2007 e 2008. O relatório completo está disponível para download em http://www.obt.inpe.br/prodes/Relatorio_Prodes2008.pdf.

O Seminário

Desde 2003, representantes de instituições de pesquisa e de órgãos públicos, federais e estaduais, e da sociedade civil, reúnem-se para discutir e trocar experiências sobre a dinâmica do desmatamento, metodologias de monitoramento e alternativas viáveis de controle e prevenção.

O objetivo geral deste seminário é analisar os dados da estimativa de desmatamento em 2008, recentemente anunciados pelo Inpes, no âmbito do Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia (Prodes) - www.obt.inpe.br/prodes.

Assim, o seminário pretende identificar os principais vetores do desmatamento, as tendências e os cenários para a região amazônica; discernir, quando possível, as áreas de corte legalmente autorizados dos ilegais; identificar novas frentes de desmatamento; definir as áreas críticas e prioritárias para a adoção de medidas emergenciais de combate ao desmatamento ilegal; e debater e identificar oportunidades para o aprimoramento das metodologias de avaliação do desmatamento na região.

Para o Inpe, esta edição do seminário ocorre num momento significativo. Após consecutivas quedas anuais no desmatamento, a partir do segundo semestre de 2007, o Deter começou a apontar tendência expressiva de aumento. Como resultado, o governo federal estabeleceu novos instrumentos preventivos e políticas voltadas a impedir a expansão do desmatamento.
Marjorie Xavier - Assessoria de Imprensa do Inpe

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Uma região de mistério e muito conhecimento

Conservação Ambiental - 19/12/2008 - O Parque Estadual da Serra dos Martírios-Andorinhas foi criado em 1996 com 25 mil hectares e marcou o início de uma política de conservação ambiental - Nunca estive em São Geraldo do Araguaia. O mais perto dos Martírios antigos ou contemporâneos que estive foi no então município de São João do Araguaia, num final de tarde de um distante dezembro de 1988. A sensação até hoje é muito viva: como se diria em puro castelhano, senti-me abrumada, agobiada, como se tivesse entrado em uma profunda depressão. Talvez impressionada pela história recente da região marcada pelos conflitos da Guerrilha do Araguaia e por um ar parado que adensava aquela tarde, me deixei levar pela impressão que acabou por marcar a memória sobre o lugar. Anos mais tarde, por relatos de familiar que por lá andou, pude me deparar com um cenário distinto daquele gravado na memória e me encantei com as belezas de uma região prenhe de história, de cultura e cujas marcas do tempo geológico e da arqueologia, se revelam por inteiro em Parque Martírios-Andorinhas : Conhecimento, História e Preservação, lançado em Belém, no início do mês.

Entre a história, o mapeamento, a preservação e a utilização racional dos recursos naturais se posiciona o trabalho de pesquisadores da Universidade Federal do Pará e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEM/MCT) ao compilar pesquisas básicas e multidisciplinares sobre o Parque Estadual da Serra dos Martírios-Andorinhas e da Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia.

Rota de bandeirantes no início de século XVII, passagem de viajantes no XIX e de Rondon no século XX, o Parque foi criado em 1996 com 25 mil hectares e marcou o início de uma política de conservação ambiental justificada por características marcantes daquele pedaço de território paraense. O histórico dessa trajetória oficial se constitui capítulo de autoria de Crisomar Lobato e Renato Costa. De ecossistemas diversos, guardião de registros de civilizações ancestrais e abrigo para animais silvestres e rota de migração para aves como as Andorinhas, o Parque guarda serras que, talvez poucos saibam, são remanescentes de um sistema de cordilheiras na região Centro-Norte do Brasil. Na seção dedicada à Geologia da região, Paulo Gorayeb, Candido Abreu e Francisco Matos, revelam que área integra o Cinturão Araguaia, “unidade geotectônica formada no final do Neoproterozóico”.

Por belezas naturais que tiram o fôlego de qualquer um, o Parque é ambiente fragilizado e já depreciado por se encontrar em região de fronteira e alvo de devastação como tantas outras áreas da Amazônia brasileira. Prova disso são os apelos por preservação lançados pelos espeleólogos – especialistas em cavernas – que realizam levantamento, com apoio do Museu Goeldi, desde o final dos anos 80, e cadastraram 87 cavernas e grutas, além de 313 abrigos. Com mil metros, a maior delas é a Caverna Serra Andorinhas, que está acompanhada de outras como a Catedral que tem 415 metros e a Nobilor com 360 metros. Menores, mas, não por isso, menos importantes estão a Remanso dos Botos (125 metros) e a Mogno (124 metros).

Com potencial para o ecoturismo, como revelam os autores do capítulo sobre o planejamento turístico, a região guarda outras riquezas como os minerais-gemas. São ocorrências de opala, ametista e quartzos – cristais de rochas - com colorações as mais distintas que se revelaram nas últimas décadas, segundo os especialistas Taylor Collyer e Basile Kotschoubey.

Levantamentos

Os pesquisadores do Goeldi, além de contribuírem para o desvendar da arqueologia do Parque através do trabalho de Edithe Pereira, são os responsáveis pelos levantamentos da flora e da fauna da região. Localizada em área de transição entre os biomas Cerrados do Brasil Central e Floresta Amazônica, Martírios se constitui em mosaico “com elevada diversidade biológica e paisagística”. São florestas secas, úmidas, aluviais, sub-montanhosas, além de cerrados e vegetação de altitude numa área “altamente suscetível a fogo e elevadas taxas de desmatamento”, como informam os pesquisadores do Goeldi, Dário Amaral, Samuel Almeida, Leandro Ferreira e Nazaré Bastos.

Insetos como os carapanãs, piuns, besouros e mamíferos voadores, como os morcegos, além de mamíferos não-voadores também foram estudados na região do Parque Martírios-Andorinhas por pesquisadores da Zoologia do Goeldi.

Segundo o entomólogo do Museu Goeldi em Belém, Inocêncio Gorayeb, o estudo dos insetos é instrumental para a pesquisa e a conservação de ecossistemas da Amazônia, “principalmente para o entendimento dos processos históricos e da biodiversidade atual”. Aponta em um dos capítulos de sua autoria que constam do livro lançado no início de dezembro. Importante também para a saúde pública, a economia e a ecologia, o estudo dos insetos tem impacto no desenvolvimento da região já que as doenças tropicais são obstáculos de monta para a Amazônia.

Rica em morcegos, a Amazônia é, e Martírios-Andorinhas não se constitui exceção. Só de morcegos foram encontradas 34 espécies predominantemente dos tipos que se alimentam de frutas e insetos. Já entre os mamíferos não-voadores, a pesquisadora do Goeldi Suely Marques-Aguiar e sua equipe, identificaram 37 espécies reunindo quase 10% da diversidade registrada em toda a Amazônia brasileira. Mucuras, tatus, preguiças, macacos, onças, raposas, irara, veado vermelho, anta, caititu, queixada e caxinguelê estão entre os representantes da fauna mamífera da região.

Editado pelo pesquisador Paulo Sérgio de Sousa Gorayeb, da UFPa, o livro, em formato de álbum e com quase 200 fotografias, traz ainda um estudo de caso sobre populações tradicionais na região com foco para a Vila de Santa Cruz dos Martírios. De autoria de Josefa Costa, o capítulo revela as estratégias de sobrevivência em local difícil acesso de uma população cuja vida está irremediavelmente ligada ao seu meio. São lavradores, pescadores, vaqueiros dentre os 50 indivíduos registrados desde o último levantamento em 2001.
Jimena Felipe Beltrão - Agência Museu Goeldi

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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