Carla
Lisboa - Brasília (14/01/2009) – No Mosaico
de Unidades de Conservação de Carajás,
no Pará, os extrativistas adotaram o manejo
sustentável da folha de jaborandi e revolucionaram
a coleta, transformando a atividade predatória
em coleta produtiva sem agressão à
natureza. Para consolidar a exploração
responsável do jaborandi e promover uma relação
de trabalho mais justa entre os folheiros e a empresa
de beneficiamento, o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) apoiou e intermediou
a iniciativa da cooperativa dos colhedores da folha
de firmar uma parceria com a empresa Vegeflora Extrações
do Nordeste Ltda., empresa do grupo Centroflora,
especializada em extração vegetal
para o setor químico-farmacêutico.
Considerada também um avanço
na relação de trabalho com os folheiros,
a parceria proporcionou uma nova forma de exploração
econômica do produto. Diferentemente do que
ocorria até década de 11000, em que
os próprios extrativistas custeavam os instrumentos
usados e as condições de trabalho
para a coleta as folhas, agora, com a parceria,
a Vegeflora comprometeu-se a fornecer toda a infra-estrutura
de que os folheiros precisam para trabalhar. No
acordo, ela também se comprometeu a comprar
todas as folhas oriundas da coleta, em torno de
60 toneladas, no período determinado no acordo.
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Os folheiros, por sua vez, comprometeram-se
a realizar o trabalho de acordo com o plano de manejo,
respeitando as regras da coleta sustentável.
Dentre as regras determinadas, destaca-se a poda
dos arbustos. Em vez de arrancar a planta, eles
devem podá-la, levando em consideração
características da região e do vegetal,
como, por exemplo, a altura dos arbustos, os quais
devem ser podados entre 0,50 m e 1,50m, e preservar
os que estão acima dessa altura para que
sirvam de porta-sementes. Além disso, a poda
deve ser feita com tesoura apropriada, de forma
que não danifique o arbusto e possibilite
a manutenção do crescimento.
Para realizar a coleta, os extrativistas
acampam na floresta, a cada mês, por um período
de 20 dias. Feito isso, eles ficam mais uma semana
acampados para realizar o trabalho de recuperação
dos arbustos que não têm condições
de produzir. Adotado em 1997, o plano de manejo
para uma exploração racional do jaborandi
foi elaborado pela Merck Brasil, a mais atinga empresa
do ramo farmacêutico e químico do mundo
que atua no Brasil desde 1923, em conjunto com o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) e a Companhia
Vale do Rio Doce.
Extinção – Antes
da adoção do plano de manejo, os extrativistas
não seguiam nenhuma método de coleta
das folhas. De forma desordenada e predatória,
costumavam arrancar o arbusto para retirar dele
somente as folhas. Além disso, a pressão
da indústria farmacêutica, que demandava
cada vez mais o produto, bem como da pecuária
e da cultura da soja, que avançaram sobre
a região, o jaborandi verdadeiro entrou em
extinção e foi incluído na
lista da Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies da Flora e Fauna
Selvagens em Perigo de Extinção (Cites)
em 1982.
No ano passado, o Ibama atualizou
a lista e o jaborandi verdadeiro ainda consta como
uma das espécies ameaçadas de extinção.
Em várias regiões, como nas proximidades
de Paraupebas, ele não existe mais. Planta
da mesma família da laranja e do limão,
o jaborandi ainda resiste à intensa demanda
do mercado farmacêutico e à antropização
da região em que ocorre. Em Carajás
há, atualmente, três mil hectares de
reboleiras naturais. Segundo o analista ambiental
do ICMBio, Fabiano Gumier Costa, trata-se de um
estoque natural considerável que deve ser
manejado de forma consciente e responsável.
Matéria-prima largamente
usada pela indústria farmacêutica na
fabricação de remédios à
base de policarpina, a folha do jaborandi verdadeiro
(Policarpus microphyllus – Rutaceae) é usada
na fabricação de colírio e
de remédios para cirurgias e tratamentos
oftalmológicos, sobretudo o glaucoma.
O jaborandi é um arbusto
que ocorre, normalmente, nas áreas de tapanhoacanga
(ou canga, um tipo de rocha rica em minério
de ferro e região de campo rupestre) e de
carrasco (área de formação
vegetal densa e de transição entre
a canga e a floresta amazônica). No Brasil,
ocorre, sobretudo, no sudeste do Pará, Piauí,
Ceará, Maranhão. Em Carajás,
o vegetal é mais explorado em Serra Sul,
o maior platô da região e onde a Companhia
Vale do Rio Doce instalou o maior projeto de mineração
do mundo.
Ascom/ICMBio
+ Mais
Novos fiscais do ICMBio ajudam
no combate a ilegalidades nas unidades de conservação
Márcia Néri - Brasília
(14/01/2009) – A Coordenação Geral
de Proteção Ambiental do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(CGPro) acaba de divulgar o cronograma de cursos
de capacitação de agentes de fiscalização
a serem realizados em 2009. A programação
do primeiro semestre contempla o módulo de
abordagem, armamento e tiro e requalificará
160 fiscais do Ibama redistribuídos em 2008
para o ICMBio.
Os dois primeiros cursos acontecem
em Brasília, com datas de início confirmadas
para 26 de janeiro e 9 de fevereiro. Em março
e abril, está previsto que o mesmo módulo
seja ministrado no Rio de Janeiro e na Serra do
Cachimbo, no Pará. Os agentes passarão
por testes psicológicos, entregarão
o antigo porte de arma do Ibama e receberão
o do ICMBio se forem considerados aptos na avaliação
e no treinamento.
Na segunda metade de 2009, novas
turmas serão formadas na capital do País.
Dessa vez, a programação será
direcionada aos recém concursados e antigos
servidores que nunca atuaram como agentes de fiscalização.
Por isso, os futuros fiscais terão aulas
do módulo teórico, que aborda assuntos
relacionados a rotina da função, além
dos ensinamentos de abordagem, armamento e tiro.
A meta da coordenação é capacitar
380 agentes no decorrer do ano para atuar em unidades
de conservação de todo o País.
O objetivo dessa capacitação
é dar autonomia de fiscalização
a cada UC. “Com fiscais trabalhando nas próprias
unidades, fortalecemos o aparato de proteção
ambiental sem a necessidade de megaoperações”,
explica o coordenador geral da CGPro/ICMBio, Paulo
Carneiro. “Por isso, nossa diretriz, nesse primeiro
momento, é capacitar analistas e técnicos
lotados em áreas de conservação
que ainda não contam com esse reforço,
principalmente na região da Floresta Amazônica”,
explica.
No ano passado, 157 novos agentes
de fiscalização, que já estão
em campo combatendo ilegalidades no interior das
UC's foram requalificados e formados pelo Instituto,
que conta atualmente com 586 fiscais. Além
dos servidores do ICMBio, homens da Polícia
Rodoviária Federal e da Polícia Militar
Ambiental do Distrito Federal também receberam
capacitação. “Trabalhamos constantemente
com essas duas corporações em nossas
atividades de campo. Elas são parceiras fundamentais
em operações mais delicadas”, lembra
Carneiro.
O investimento em formação
refletiu diretamente nas 32 operações
de fiscalização feitas pelo Instituto
no segundo semestre de 2008. “Tivemos ações
muito bem sucedidas. Focamos no desmatamento e combate
ao boi pirata no Norte do País, de onde tiramos
milhares de animais das unidades de conservação,
e desmantelamos quadrilhas que extraíam palmito
ilegalmente de unidades do Sul”, afirma.
De acordo com Paulo Carneiro,
o reforço no quadro de fiscais permitiu que
mais de 200 unidades de conservação
contem com seus próprios agentes, que atualmente,
também estão presentes nos centros
especializados do ICMBio. “Em 2008, investimos ainda
em equipamentos para proteção desses
profissionais. Novas armas estão sendo distribuídas
desde novembro e coletes balísticos chegarão
até o fim de janeiro para garantir a segurança
dos nossos fiscais”, adianta o coordenador.
O curso de capacitação
de agentes compreende duas fases. Uma teórica,
na qual são abordados assuntos relacionados
à função, como legislação
ambiental, ética, fiscalização
de flora e estrutura de funcionamento das UC´s.
O segundo módulo contempla técnicas
de abordagem e tiro.
Metas para 2009
Além de formar os 380 agentes
ao longo de 2009, o ICMBio irá qualificar
50 fiscais em técnicas de geoprocessamento.
“Esses profissionais serão importantes para
a análise de imagens de áreas desmatadas,
dando apoio às ações de fiscalização”,
conta Paulo Carneiro.
O coordenador da CGPro revela
que já estão agendadas 50 operações
em unidades de todas as regiões do Brasil.
“Estamos trabalhando em um sistema de acompanhamento
de infrações nos moldes do que já
é feito no Ibama. Poderemos, então,
acompanhar o resultado das ações de
fiscalização. Planejamos colocá-lo
em prática até o fim do ano”, diz
A Coordenação Geral
de Proteção Ambiental também
fechará contratos de apoio aéreo.
O objetivo é contar com helicópteros
em algumas operações e aviões
de pequeno porte para monitoramento ambiental em
regiões remotas. “Existem locais em que o
acesso por terra é extremamente difícil
e o apoio aéreo é essencial para nosso
pessoal”, lembra Carneiro.
Outra novidade é a criação
do Centro de Prevenção e Combates
a Incêndios do ICMBio, que também será
agilizado com o uso de aeronaves na luta contra
o fogo. “Aviões Air Tractors (equipados com
tanques de água) ficarão de plantão
em bases estratégicas na época em
que os incêndios ameaçam as unidades.
A partir de abril contrataremos nossa própria
brigada e compraremos os equipamentos necessários
para sua estruturação e bom desempenho”,
acrescenta Carneiro.
Ascom ICMBio
+ Mais
Parque Estadual do Jalapão
celebra 8 anos de existência
Luciana Melo - Brasília
(12/01/2009) – Em comemoração aos
oito anos de criação do Parque Estadual
do Jalapão (PEJ), a equipe da unidade realiza
hoje (12), a partir das 19h, no Centro de Atendimento
ao Turista (CAT), um culto ecumênico com a
participação da comunidade para celebrar
a data.
Além disso, também
haverá a eleição da logomarca
do parque. A escolha faz parte de um dos projetos
desenvolvidos com a comunidade do entorno em resposta
ao modelo de gestão participativa do PEJ.
E contou com a participação
de cerca de 317 alunos integrantes de quatro escolas
da rede pública de ensino dos municípios
de Mateiros e São Felix. Dos 317 desenhos
com a temática do parque, foram selecionados
15 para serem escolhidos, em votação,
pela comunidade. Ao final do concurso o desenho
escolhido será a nova logomarca da Unidade
de Conservação.
A unidade é considerada
um importante patrimônio ecológico
e biológico, pois protege ecossistemas diversificados,
além de abrigar espécies endêmicas,
raras e ameaçadas de extinção,
como exemplo a arara azul, o lobo-guará,
a onça-pintada, o tamanduá-bandeira
e o pato-mergulhão.
Possui uma área com predominância
de cerrado como vegetação típica,
além de também ser composta por formações
campestres, florestais, matas ciliares e de galeria,
e cerradão. O relevo é formado com
chapadões e planaltos e abriga diversas nascentes
de água. O solo é arenoso e faz com
que a região seja frágil aos impactos
humanos.
Sobre o Jalapão - O Jalapão/Chapada
das Mangabeiras conecta cinco unidades de conservação:
Estação Ecológica Serra Geral
(divisa TO/BA); Parque Nacional Nascentes do Parnaíba
(PI/MA/TO/BA); APAs Serra da Tabatinga e do Jalapão
(TO); e Parque Estadual do Jalapão (TO).
Elas formam um grande corredor
de proteção da biodiversidade por
onde os animais transitam e procriam em segurança,
a flora com isso fica conservada, e as belezas cênicas
preservadas para as futuras gerações.
O "coração" do corredor
ecológico é formado por quatro municípios
tocantinenses: Ponte Alta do Tocantins, Mateiros,
São Félix e, Rio da Conceição.
Com 31 mil km 2 o Jalapão/Chapada
das Mangabeiras une as áreas protegidas de
17 municípios de quatro estados: 11 no Tocantins,
quatro no Piauí, um no Maranhão e
um na Bahia, com uma população estimada
em 20 mil pessoas.
Os onze municípios do Tocantins
que fazem parte do corredor Jalapão - Chapada
das Mangabeiras são Lizarda, Rio Sono, Porto
Alegre do Tocantins, Mateiros, São Félix
do Tocantins, Novo Acordo, Dianópolis, Rio
da Conceição, Almas, e, Lagoa do Tocantins.
Os quatro municípios do Piauí são
Barreiras do Piauí, Gilbués, São
Gonçalo da Gurguéia e Corrente. O
município baiano é Formosa do Rio
Preto, e o maranhense é Alto Parnaíba.
Ascom/ICMBio