GOVERNO DE RONDÔNIA NEGA AUTORIZAÇÃO
AMBIENTAL PARA USINA DE JIRAU

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2009

7 de Março de 2009 - Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia negou uma autorização ambiental solicitada pelo Consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO). De acordo com a assessoria de imprensa do consórcio, a autorização era para a abertura de acessos no canteiro de obras em uma área que pertence ao estado.

O consórcio garante que o trabalho no canteiro de obras da usina continua normalmente, pois o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já havia autorizado o início da construção da hidrelétrica. A empresa ainda irá avaliar se vai pedir novamente a autorização ambiental para o governo para trabalhar na área do estado.

O governo de Rondônia informou que determinou a suspensão da autorização ambiental porque a construção da usina irá provocar a inundação de uma área de conservação ambiental. De acordo com a nota divulgada pelo governo, se a usina fosse construída no local previsto inicialmente, a inundação não atingiria a área de conservação.

A mudança no local da construção da usina foi anunciada pelo consórcio vencedor do leilão do empreendimento. Segundo os empreendedores, a medida deve diminuir os custos e os impactos ambientais, além de acelerar o cronograma da obra.

Na próxima quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai a Porto Velho visitar as obras das usinas de Jirau e de Santo Antônio, também no Rio Madeira.

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Ministério Público deve entrar com nova ação na Justiça contra a Usina de Jirau

10 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Porto Velho - O Ministério Público de Rondônia deverá entrar com uma nova ação na Justiça para questionar a construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, caso o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conceda a licença de instalação para a obra. A informação é da promotora de Justiça do Meio Ambiente, Aidee Moser Torquato.

Por causa de uma mudança no local de construção da usina, anunciada após o leilão, o Ibama está reavaliando os impactos ambientais da obra. Uma licença parcial, para instalação de obras preparatórias, foi concedida em novembro. A previsão é que a decisão final do instituto seja anunciada em abril.

“Se a licença sair, vamos ajuizar uma nova ação. Vamos reiterar o pedido de liminar”, adiantou a promotora em entrevista à Agência Brasil.

A ação deverá reforçar o questionamento apresentado pelo MP estadual e pelo Ministério Público Federal (MPF) no estado em agosto e que ainda está tramitando na Justiça. As duas instituições defendem o cancelamento do leilão que deu ao consórcio Energia Sustentável (Enersus) o direito de construir a usina. De acordo com a ação, com a mudança de local do reservatório, a licitação perdeu a validade.

“O edital está vinculado a um local. Por isso o leilão tem um vício insanável, fere princípios constitucionais. A distância [entre o local previsto inicialmente e o atual] faz diferença. A biodiversidade é outra, as questões ambientais são outras”, argumentou.

O MP já enviou aos responsáveis pelo empreendimento ao menos dois pedidos de estudos detalhados sobre os impactos ambientais causados pelo deslocamento do reservatório. Na resposta mais recente, de fevereiro, a Enersus afirmou que ainda está realizando “um novo levantamento aerofotogramétrico” da área.

Além do detalhamento da área que será alagada, faltam explicações sobre o acúmulo de sedimentos acima e abaixo da região da usina, estudos de navegabilidade e até garantias de que não haverá risco de transbordamento da barragem, de acordo com a promotora.

“E há a questão social. A população do novo local [que provavelmente terá que deixar a área] não foi ouvida, não participaram das audiências”, acrescentou.

O processo judicial em andamento está na fase de contestação por parte dos réus. Após a manifestação das empresas, do Ibama e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o MP e o MPF voltarão a se pronunciar. “Mas fatalmente não chegaremos a um acordo”, adiantou a promotora.

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Produção das usinas do Rio Madeira poderá reduzir preço da energia em todo o país

11 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Porto Velho - A entrada em operação das usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira – a partir de 2012 – poderá reduzir o preço da energia elétrica em todo o país. Em Rondônia, o impacto será maior porque a integração do estado ao Sistema Interligado Nacional vai permitir a substituição da energia térmica, pelo menos quatro vezes mais cara que a hidráulica.

De acordo com o diretor do departamento de monitoramento do setor elétrico do Ministério de Minas e Energia, Robésio Maciel, cerca de 800 megawatts de energia das usinas serão disponibilizados para Rondônia. “O suficiente para garantir atendimento energético por mais de uma década”, afirmou hoje (11).

Para o restante do país, a queda do preço da energia será reflexo da redução da cobrança da conta de consumo de combustíveis (CCC). Gerida pela Eletrobrás, a CCC é um encargo que subsidia a compra de combustíveis usados na geração térmica de energia em localidades que não fazem parte do sistema interligado nacional (conhecido como linhão), situadas principalmente na Região Norte.

“É um subsídio pago por todos os consumidores para beneficiar quem está fora do linhão. Com a integração de Rondônia, essa cobrança vai diminuir e a tendência é que o preço final da energia caia”, destacou Maciel. A Termonorte, principal responsável pelo abastecimento de Porto Velho, capital do estado, também será integrada ao linhão.

Maciel participou de entrevista coletiva com representantes do governo federal para antecipar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que amanhã (12) visitará os canteiros de obras das duas usinas do Complexo do Madeira.

Lula também irá conhecer um projeto de capacitação de trabalhadores, parceria entre o governo, a construtora Norberto Odebrecht e o Sistema S, e entregará escrituras a moradores de um bairro popular da capital rondoniense.

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Atingidos por barragens dizem que Rio Madeira está irreconhecível

11 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Porto Velho (RO) - Mal começaram as obras das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e o Rio Madeira “já está irreconhecível”, de acordo com o coordenador estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), José Josivaldo de Oliveira. Desde o anúncio da construção das usinas, o movimento vem denunciando o que considera a “privatização” do rio.

“O Madeira está irreconhecível. Para quem conheceu o rio antes, chegar no canteiro de obras da Usina de Santo Antônio hoje é assustador, é uma destruição sem precedentes”, afirmou Oliveira em entrevista à Agência Brasil.

Em assembléia realizada em janeiro, o movimento aprovou uma pauta de 30 reivindicações em relação às obras no Madeira, entre elas a suspensão das licenças ambientais concedidas para as usinas e o fim da “privatização” do setor energético, com a exclusão de empresas privadas dos consórcios responsáveis pelas obras. O MAB quer apresentar as demandas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará em Porto Velho amanhã (12) para visitar os canteiros de obras das usinas.

Pelos cálculos do MAB, cerca de 100 famílias já foram retiradas das margens do rio para dar lugar às obras iniciais. Na avaliação de Oliveira, o reassentamento foi feito de forma artificial. “O deslocamento deveria priorizar laços de amizade, questões culturais, as características de cada família”, defendeu.

Para os próximos deslocamentos, o movimento quer pressionar governos e empresas por mais garantias para os ribeirinhos e comunidades vizinhas às obras, inclusive com a implementação de uma linha de crédito específica – a fundo perdido – para os moradores. No total, o MAB estima que 5 mil famílias serão atingidas direta e indiretamente pelas usinas, número bem maior do que a estimativa prevista pelas construtoras que pagarão as indenizações.

“Os atingidos não serão somente os que terão suas casas submersas pelo reservatório. Por exemplo, se você tem uma estrada que ligava duas comunidades e ela vai ser submersa, isso tem um impacto que não pode ser desconsiderado”, argumentou.

Segundo Oliveira, as reinvidicações foram apresentadas aos dois consórcios de empresas que tocam as obras, mas a negociação não avançou. “Se não conseguirmos reverter essa situação, muita gente será marginalizada, vai haver muita miséria. Vamos ter que acumular forças. Vai ser na base do enfrentamento e da pressão política que vamos tentar avançar nas conquistas”.

Para o professor do Departamento de Sociologia e Filosofia da Universidade Federal de Rondônia, Luís Novoa, a prática de negociação adotada pelas empresas no Complexo Hidrelétrico do Madeira “é mais agressiva, com mais constrangimentos sociais e ambientais”.

A tendência, segundo ele, se deve à maior participação do setor privado nos empreendimentos, ao contrário das décadas anteriores, quando as hidrelétricas eram construídas e controladas por empresas estatais. “O processo está sendo atropelado porque querem que o Madeira seja um referencial, um paradigma para os outros grandes projetos na Amazônia. Vai ter que servir de exemplo para mostrar aos investidores e atrair mais recursos”, afirmou.

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Secretário diz que Porto Velho não está preparada para impactos de obras do Rio Madeira

11 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Porto Velho - A cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, ainda não está preparada para os impactos demográficos e sócioeconômicos que as usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira vão trazer para o município. O titular da recém-criada Secretaria Extraordinária de Projetos Especiais, Pedro Beber, reconheceu que, como não houve planejamento nem recursos anteriores, as mudanças estruturais no município só estão chegando junto com as obras das usinas.

“Certamente teremos transtornos. Eu não chamo de problemas, porque vão trazer soluções, mas toda obra cria transtornos", afirmou Beber, em entrevista à Agência Brasil. Entre os problemas urbanos, que deverão se agravar com a chegada de cerca de, pelo menos, 100 mil pessoas atraídas pelas obras, estão habitação, saneamento básico – que só atende 3% da população atualmente – e infraestrutura de trânsito.

O déficit habitacional, de mais de 44 mil moradias, não será reduzido tão cedo. Até agora, há recursos garantidos para a construção de 4.238 unidades habitacionais. O próprio secretário reconheceu que, até o fim da gestão do atual prefeito, Roberto Sobrinho (PT), mais 20 mil casas poderão ser construídas, apenas metade do necessário para zerar o déficit.

Na área de saneamento, os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o município deverão ser suficientes para ampliar o acesso à água e coleta de esgoto para a atual população da cidade, mas não para as novas áreas que serão criadas para receber as famílias que chegarão, atraídas pelas obras. De acordo com o secretário, nem os locais para instalação dos possíveis novos bairros estão definidos ainda. “Estamos elaborando um plano diretor, mas ainda há pendências”, apontou ele.

Para desafogar o tráfego, serão construídos os primeiros viadutos da capital rondoniense que, segundo Beber, já estão em fase licitatória. Uma via de acesso entre a BR-364 e a zona portuária também está nos planos da administração municipal e deve reduzir o intenso fluxo de carretas de soja, que cortam uma das avenidas centrais da cidade.

A onda de demissões e a previsão de desaceleração do crescimento do país também são fatores que têm preocupado os gestores de Porto Velho, não pelos impactos diretos na economia local, mas pelo contingente populacional que a prosperidade, que representará as obras do complexo do Rio Madeira, poderá atrair.

“Antes da crise não estávamos tão preocupados porque, se não houvesse crise, haveria mercado de trabalho em todo o país. Agora, as pessoas poderão achar que a crise não chegou aqui, por causa das usinas, e isso vai atrair muito mais gente do que previsto para cá”, avaliou Pedro Beber.

Para balancear os custos sociais, “que vão sobrar para o município”, o secretário Pedro Beber adiantou que a estratégia será a cobrança efetiva de compensações ambientais previstas na legislação, além da inclusão de condicionantes socioeconômicos nas licenças concedidas a empreendimentos que venham a se instalar na cidade, de olho no potencial econômico das usinas.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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