PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA TENTA DERRUBAR DECRETO QUE PERMITE DESTRUIR CAVERNAS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2009

18/03/2009 - O Decreto Federal nº 6.640, de novembro de 2008, que alterou a proteção jurídica ao patrimônio espeleológico brasileiro provocando protestos de ambientalistas e da Sociedade Brasileira de Espelologia está tendo sua legalidade formalmente questionada em Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin).

A Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) solicitou ao Procurador Geral da República, Antônio Fernando Barros e Silva de Souza , em 3 de dezembro do ano passado, que movesse uma ação no Supremo Tribunal Federal questionando a constitucionalidade do Decreto nº 6 640, que revogou o Decreto nº 99 556, de 11000. Promulgado pelo Presidente Lula em 7/11/2008, o novo decreto autoriza a destruição de cavernas por obras de infraestrutura, independentemente de sua relevância ou utilidade pública e com critérios frouxos para qualificar a importância das cavernas Saiba mais.

Em 10/03/2009, o procurador protocolou peça inicial de Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin nº 4218) que pretende declarar a inconstitucionalidade das alterações à proteção do patrimônio espeleológico brasileiro em razão da promulgação do Decreto nº 6.640. Silva de Souza levanta questões como a não observância de debates democráticos e plurais na arena legislativa e a ilegalidade da forma legislativa adotada para tratar do assunto, alegando que apenas uma lei poderia modificar tão drasticamente o regime de proteção das cavernas. O advogado do ISA, Raul Telles do Valle, concorda. “O novo decreto é flagrantemente inconstitucional, pois deixa descoberto um patrimônio que pela Constituição pertence ao povo brasileiro e que agora pode ser destruído por qualquer mineração de calcário ou condomínio residencial".

A decisão desta ação impactará diretamente na proteção de cavidades naturais brasileiras já que vários empreendimentos apresentam em seus pedidos de licenciamento ambiental áreas de impacto sobrepostas a áreas de cavidades. Um dos casos mais conhecidos é o da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, que, se construída, afetará direta ou indiretamente 52 cavidades naturais subterrâneas, 59 feições secundárias, quatro sumidouros e oito ressurgências. Saiba mais sobre o caso de Tijuco Alto.

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Ensino médio indígena forma jovens pesquisadores no Alto Rio Negro (AM)

20/03/2009 - Na Escola Tuyuka Utapinopona, no Alto Rio Tiquié, o ensino abrange matérias comuns como a matemática. e matérias especificas como dança e música tradicionais, técnicas artesanais e medicina tradicional. Todas são ensinadas por meio da pesquisa e da prática integradas e adaptadas à realidade regional. Bons exemplos são a meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão), com observações diárias dos alunos e o levantamento das paisagens no entorno das trilhas entre comunidades indígenas da região.

Três vezes por semana, às sete horas da manhã, a jovem Lenilza Marques Ramos, faz a primeira visita do dia ao meliponário (assim se chama o local da criação de abelhas indígenas sem ferrão) da escola onde ela estuda. Durante cinco minutos ela observa as atividades das abelhas. De acordo com o grau de atividade, ela dá uma nota. Quando as abelhas estão pouco ativas, ela dá o número um. O número três significa que as abelhas estão muita ativas. Dois significa uma atividade mediana. Duas horas depois ela repete a observação. No total, seis observações são feitas durante um dia de pesquisa.

Lenliza é uma indígena da etnia tuyuka e estudante do ensino médio tuyuka. A aldeia dela situa-se a quinze quilômetros da fronteira com a Colômbia, na Terra Indígena Alto Rio Negro, no Estado do Amazonas. A cidade mais próxima fica a quase 500 Km por via fluvial. Em centenas de quilômetros ao redor da aldeia existem somente mata e rio, além das outras aldeias e seus roçados. Nesse lugar funciona a Escola Tuyuka Utapinopona, uma escola de ensino fundamental e médio que está executando um currículo diferenciado. Além das matérias comuns como a matemática, também são tratadas matérias especificas da cultura local, como dança e música tradicionais, técnicas artesanais, medicina tradicional e disciplinas inovadoras adaptadas à realidade regional, como o manejo agroflorestal e a criação de peixes. O ensino acontece através da pesquisa.

A pesquisa de Lenilza envolve a meliponicultura, também conhecida como criação das abelhas indígenas sem ferrão. A meliponicultura é uma atividade nova na região, com um futuro ainda incerto. A tarefa de Lenilza é ampliar o conhecimento do comportamento das abelhas, para que atividades como reprodução e safra de mel aconteçam em sincronia com o rítmo da natureza regional.

O primeiro ano de observação resultou em um artigo que foi publicado na revista online; “Mensagem doce” do site www. apacame.org.br/msgdoce.htm. A capa da revista de novembro de 2008 mostra Lenilza fazendo anotações de uma colméia. Agora já foi terminado o segundo ano de observação e começou o terceiro ano. A pesquisa do comportamento das abelhas indígenas sem ferrão não é a única pesquisa científica executada pela escola. Há também um projeto com a Fapeam – JCA (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - Programa Jovem Cientista Amazônico) para estudar as paisagens tuyuka. Alunos do ensino médio da escola estão sendo treinados para fazer levantamentos ecológicos. Eles combinam a pesquisa cientifica dos “brancos” com instruções dos velhos sobre o conhecimento indígena.

Trilhas e pasiagens

No contexto da pesquisa os alunos estudaram as trilhas entre as comunidades indígenas. Com ajuda dos velhos conhecedores eles identificaram as diferentes paisagens encontradas em volta dessas trilhas. A história de cada trilha é narrada pelos velhos e gravada pelos jovens. Ás árvores encontradas no percurso das trilhas são identificadas (com nome tuyuka), registradas (com uma plaquinha) e acompanhadas, quer dizer que os alunos marcam os períodos de florescimento e frutificação (fenologia) das espécies.

Algumas paisagens são consideradas mais importantes que outras e são pesquisadas mais intensivamente. É o caso do caranazal, uma floresta baixa que cresce acima de solos arenosos e contém muitas palmeiras caraná. As folhas de caraná são usadas para fazer os tetos das casas tradicionais e são bastante valorizadas pelos índios.

Durante a parte prática da pesquisa os alunos definiram parcelas (intersectos) de caranazal de 100 metros quadrados com trena e bússola. Uma ponta de referência é marcada com GPS. Depois começa a pesquisa, que inclui a identificação (com ajuda dos velhos conhecedores) e registro das árvores encontradas, medição da grossura e altura e desenho em escala do perfil da vegetação. Voltando às salas de aula os dados são agrupados e analisados. Os velhos conhecedores explicam aos jovens o uso das plantas encontradas. Assessores do ISA ajudam na análise de dados e dão aula sobre assuntos variados, ligados ao trabalho feito. O objetivo é que o estudo contribua para um Plano de Manejo Sustentável desse recurso natural que está ficando cada vez mais escasso.

A formatura de Lenilza e seus colegas será em junho próximo. Isso não significa que as pesquisas vão parar. Já existe uma segunda turma de estudantes do ensino médio tuyuka que vai dar continuidade à pesquisa. Assim, a Escola Tuyuka Utapinopona, além de formar jovens pesquisadores, é também um centro de pesquisa aplicada e um instituto de disseminação de novas ideias e técnicas.
ISA, Pieter Van Der Veld.

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Manifestação contra Tijuco Alto reúne mais de mil pessoas em Adrianópolis (PR)

17/03/2009 - Agricultores familiares, comunidades quilombolas e comunidades Guarani, organizações da sociedade civil, moradores da região e estudantes protestaram no último sábado, 14/3, contra o projeto da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) de barrar o Rio Ribeira de Iguape, no Vale do Ribeira (SP e PR).

Na data em que se comemora o Dia Mundial de Luta contra Barragens, 14 de março, o Movimento dos Ameaçados por Barragens, do Vale do Ribeira (SP), promoveu uma caminhada de dois quilômetros para protestar contra o projeto de construção da hidrelétrica de Tijuco Alto. Agricultores familiares, comunidades quilombolas (Sapatu, Porto Velho, Mandira, Morro Seco, André Lopes, São Pedro, Abobral, Ilha Rasa, João Surrá, Praia Grande, Nhunguara, Galvão e Ivaporunduva), comunidades Guarani, movimentos da sociedade civil organizada, estudantes e moradores da região concentraram-se na praça central da cidade de Ribeira, do lado paulista do Vale do Ribeira e depois caminharam até Adrianópolis, do lado paranaense.

A multidão de cerca de 1500 pessoas de acordo com estimativa do Moab, caminhou em direção a Adrianópolis e durante meia-hora, fechou a ponte que liga os dois municípios para reverenciar o Rio Ribeira de Iguape e manifestar sua preocupação e revolta contra o projeto de construção da barragem.

Ao chegar em Adrianópolis, as pessoas seguiram para o Ginásio Poliesportivo Aníbal Curi, onde assistiram diversas apresentações culturais, como as duplas sertanejas Zé e Gervasio, Dino e Dile e Elvira e Aloísio de Eldorado. Os jovens de Registro apresentaram uma batucada e os alunos da Escola Estadual Santa Barbara fizeram apresentações de musica, teatro e dança. Apresentaram-se ainda a cantora paranaense Maria Isabel de Palmeiras, o grupo de capoeira Macule Le, de Cananéia, o grupo de maracatu e percussão Batucajé, o grupo Flautinhas e a Banda de Nossa Senhora da Guia.

Na organização da manifestação, o Moab contou com o apoio de representantes do Cedea – Centro de Estudos e Defesa e Educação Ambiental, da Associação Sindical dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Cerro Azul – PR (Astraf), do Cresol, do ISA, da CUT, do IAV, SINDCEAB, Coletivo Educador Lagamar e Coletivo jovem de Cananéia, além das comunidades quilonbolas e guarani, e de agricultores familiares de Barra do Turvo.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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