PRODUTORES DE ARROZ AINDA VÊEM POSSIBILIDADE DE PERMANÊNCIA NA RAPOSA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2009

18 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada Especial - Valter Campanato/Abr - Boa Vista (RR) - O presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Nelson Itikawa, acredita na possibilidade da permanência dos produtores na região
Boa Vista (RR) - Apesar dos oito votos favoráveis à manutenção da demarcação em faixa contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) já declarados por ministros do Supremo Tribunal Federal em dezembro, o presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Nelson Itikawa, acredita na possibilidade de uma decisão final que autorize a permanência dos produtores de arroz na região.

“A decisão ainda não foi tomada. Muitos dos que votaram não conhecem a nossa realidade. Estamos confiantes que o ministro Marco Aurélio venha com novidades no voto que possam mostrar aos outros que estão equivocados”, afirmou.

Além de Marco Aurélio Mello, que pediu vista do processo em dezembro, faltam votar os ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes, presidente do STF. Se a maioria mantiver o entendimento apresentado em dezembro, além dos seis grandes produtores de arroz, cerca de 50 famílias de agricultores não-índios terão de deixar parte da área de 1,7 milhão de hectares, onde vivem 18 mil índios das etnias Macuxi, Wapichana, Patamona, Ingaricó e Taurepang.

A expectativa de Itikawa é que mesmo com a manutenção da demarcação contínua, o STF possa incluir uma determinação específica que permita a permanência do agronegócio na terra indígena. “Assim como o ministro Menezes Direito colocou 18 condições no voto dele, o ministro Marco Aurélio poderá incluir outras, inclusive a nossa permanência”.

A continuidade dos arrozeiros na área significaria a demarcação da terra indígena em ilhas, alternativa que vem sendo derrubada até agora pelo entendimento dos ministros do STF.

Caso a Corte decida pela saída dos rizicultores da área, Itikawa disse que os produtores não têm para onde deslocar as lavouras. Segundo ele, os locais apontados como alternativas não têm área suficiente nem condições climáticas para garantir a continuidade da produção.

“Se existissem essas áreas, não estaríamos tão reticentes em sair. Já desafiamos o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] a apresentar essas áreas compatíveis. Não é teimosia nossa, mas temos nossos direitos, não somos criminosos, somos trabalhadores”, argumentou.

Itikawa disse que não planeja deixar a rizicultura, mas diante de uma possível decisão contrária à produção na terra indígena, já cogita diversificar a produção. “Vamos ter que migrar para alguma outra atividade, se for preciso; mas não espero ter que passar por isso”.

O representante dos arrozeiros do estado não descarta a possibilidade de confronto durante uma possível operação de retirada dos produtores. “Não existe saída pacífica. É como se chegassem na sua casa e dissessem que você não pode mais morar lá. É possível que haja confronto, tem pessoas que perdem o controle”, comentou.

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Indígenas ligados a arrozeiros elogiam voto de Marco Aurélio

18 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada especial - Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) - Após acompanhar parte do julgamento da constitucionalidade da demarcação em faixa contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) em uma televisão com transmissão via satélite, um grupo de indígenas favoráveis à permanência dos grandes produtores de arroz na reserva elogiou o voto do ministro Marco Aurélio Mello.

Mello votou pela anulação da demarcação contínua, homologada em abril de 2005 pelo governo federal.

“Foi o melhor voto entre os nove ministros que se manifestaram até agora. Ele demonstrou conhecimento de causa. Os outros foram imaturos, tendenciosos, a favor do pessoal ligado ao CIR [Conselho Indígena de Roraima]”, apontou o macuxi José Brazão, uma das lideranças ligadas aos produtores de arroz.

Entre os indígenas que vivem na entrada da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, uma parte – organizada pelo CIR – defende a demarcação contínua com retirada dos rizicultores e a outra é favorável à permanência das grandes propriedades e dos não-índios que vivem na área.

Os grupos divergem até em relação ao nome da pequena vila, na entrada da reserva. Os indígenas ligados ao CIR chamam o local de Comunidade do Barro, em referência à matéria prima utilizada para fazer potes e vasos encontrada em abundância na área, de acordo com Martinho Macuxi, um dos coordenadores do conselho.

Já os índios que defendem a permanência dos brancos na reserva preferem chamar o local de Vila Surumu, nome oficial do lugar que é um distrito do município de Pacaraima, próximo à terra indígena.

A tuxaua (cacique) Elielva dos Santos ainda acredita em uma mudança no resultado do julgamento. Até agora, oito ministros votaram pela manutenção da demarcação contínua. “A esperança é a última que morre. Nós que acreditamos em Deus sabemos que ele pode mudar qualquer resultado”, afirmou.

Segundo Elielva, os parentes ligados ao CIR estão tão confiantes na manutenção da demarcação contínua que ameaçam os outros moradores de expulsão após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “Se eles acham que vão dominar a reserva, estão completamente enganados. Nós somos tão brasileiros e tão índios quanto eles.”

De acordo com a tuxaua, a maioria das famílias que residem na Comunidade do Barro/Vila Surumu é favorável à demarcação da reserva em ilhas, com a possibilidade de permanência dos não-índios, principalmente dos grandes produtores de arroz.

A diferença de posições entre os grupos deverá gerar conflito, segundo Elielva. “Ninguém vai agüentar provocação. Independente do resultado de hoje [do julgamento do STF], o Surumu ainda vai continuar sendo um lugar de conflito”, prevê.

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Indígenas que vivem na Raposa aguardam decisão do STF com cantos e danças típicas

18 de Março de 2009 - Luana Lourenço - Enviada especial - Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) - Sem televisão, rádio ou telefone para acompanhar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, índios que vivem na reserva começaram o dia com cantos e danças típicas.

A sessão foi suspensa para o almoço, e será retomada às 14h. O ministro Marco Aurélio Mello ainda não concluiu o seu voto, mas, pela leitura feita até o momento, ele já se posicionou contrário à demarcação contínua.

Com músicas tradicionais da etnia Macuxi, majoritária na reserva, os indígenas homenagearam a natureza, e fizeram amostras de artesanato tradicional da região, como peneiras, vassouras e outros utensílios de palha.

Cerca de 200 indígenas participaram da mobilização, número muito abaixo da expectativa do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que previa a participação de 3 mil pessoas. De acordo com o líder Martinho Macuxi, a entidade não conseguiu providenciar transporte para levar mais índios até a reserva.

A expectativa entre os indígenas é que o STF mantenha o entendimento já declarado por oito dos 11 ministros da Corte em dezembro, favorável à demarcação contínua da área e pela retirada dos grandes produtores de arroz.

“Temos 35 anos de luta. Conseguimos que limitassem, demarcassem e homologassem a terra. Acreditamos que tudo isso deva ser confirmado como está”, afirmou Martinho Macuxi, que espera receber informações sobre o julgamento de indígenas que acompanham a sessão no STF em Brasília, por meio de um dois telefones públicos instalados na área.

Caso o STF mantenha a demarcação contínua da Raposa, a comemoração na reserva começará ainda hoje. “Vamos fazer até um churrasco”, disse o líder macuxi.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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