Um ganho
de cerca de R$ 3 milhões por ano em redução
de custos de produção, em função
da substituição da matéria-prima
convencional por flocos de PET, obtido pela BASF,
foi um dos resultados bem-sucedidos conseguidos
por empresas paulistas e divulgado, em 24.03, na
Conferência Paulista de Produção
Mais Limpa, na sede da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo
– FIESP. A “Produção Mais Limpa” ou
“P+L” se constitui na aplicação contínua
de uma estratégia ambiental preventiva integrada,
aplicada a processos, produtos e serviços,
para aumentar a eficiência global e reduzir
riscos para a saúde humana e o meio ambiente.
Além da divulgação
dos casos de sucesso de Produção Mais
Limpa, o evento teve também o lançamento
do Guia Técnico Ambiental da Indústria
Têxtil – Série P+L, produzido pela
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
– CETESB e pelo o Sindicato das Indústrias
Têxteis do Estado de São Paulo – Sinditêxtil,
a entrega do Prêmio FIESP de Conservação
e Reuso de Água, e a assinatura de um protocolo,
entre a FIESP e universidades paulistas, visando
ações de cooperação
mútua para inserir o tema da P+L nas universidades.
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Em sua mesa de abertura, a Conferência,
cujo público de cerca de mil pessoas lotou
o Teatro Ruth Cardoso e dependências, contou
entre outros com as presenças dos presidentes
da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
- CETESB, Fernando Rei, que representou o secretário
estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, e da FIESP,
Paulo Skaf, o segundo vice-presidente da Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo, David
Zaia, e o gerente da Divisão de Tecnologias
Limpas e Qualidade Laboratorial da CETESB e secretário-executivo
da Mesa Redonda Paulista de Produção
Mais Limpa, Flávio de Miranda Ribeiro.
“Hoje, marcamos um golaço
nessa partida de Produção Mais Limpa”,
afirmou entusiasmado Fernando Rei, ao parabenizar
o presidente da FIESP. O dirigente da CETESB fez
um breve histórico da introdução
e evolução da P+L no Estado de São
Paulo, desde o final dos anos 90, por ocasião
da reestruturação por que passou a
agência ambiental paulista e se criou o setor
que passou a tratar do tema específico da
Produção Mais Limpa.
“Tínhamos consciência
de que não daria certo sem o engajamento
dos principais envolvidos”, disse, lembrando que
naquela época as relações entre
o Estado e as indústrias não convergiam,
e também que havia ligeira desconfiança
entre ambos os lados. Ativo participante de todo
o processo desde então, Fernando Rei deu
seu testemunho sobre as transformações
e o engajamento informal que caracterizou o crescente
envolvimento dos setores produtivos e a própria
CETESB com o tema.
O presidente da FIESP, por sua
vez, também enfatizou os vários paradigmas
que tiveram de ser rompidos ao longo dos últimos
anos, para permitir o atual bom relacionamento entre
as empresas e a agência ambiental estadual,
chamando a atenção para os casos de
sucesso concretos apresentados pelas indústrias
no âmbito da P+L, obtidos graças à
parceria com a CETESB.
Aproveitando a realização
do encontro, o presidente do Sinditêxtil,
Rafael Cervone Netto, lançou oficialmente
o Guia Técnico Ambiental da Indústria
Têxtil – Série P+L. Este documento
é produto dos trabalhos desenvolvidos pela
Câmara Ambiental da Indústria Têxtil
e a Série é coordenada pela Divisão
de Tecnologias Limpas e Qualidade Laboratorial da
CETESB.
Casos de sucesso
A Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, através da CETESB, como órgão
responsável pela garantia e melhoria da qualidade
ambiental no Estado de São Paulo, desenvolve
diversas ações de apoio e incentivo
à adoção das práticas
de P+L pelas empresas, de forma voluntária.
Dentre estas ações, encontram-se a
elaboração e divulgação
de documentos técnicos, realização
de cursos e eventos, além da publicação
dos casos de sucesso de empresas localizadas no
Estado. A Mesa Redonda Paulista de Produção
Mais Limpa é um fórum aberto e voluntário
onde várias entidades discutem e divulgam
as práticas de P+L para as mais diferentes
atividades econômicas. A maioria dos casos
de sucesso divulgados no evento da FIESP estão
disponibilizados no site da CETESB.
O trabalho apresentado na Conferência
pela BASF é um deles. A unidade da empresa
em São Bernardo do Campo, que fabrica resinas,
utilizadas na formulação de esmaltes
e vernizes, desde 2002 usa PET reciclado em sua
produção numa relação
de cerca de 6 garrafas PET de 2 litros para cada
galão de verniz ou esmalte, de 3,6 litros.
Segundo a BASF, a empresa é a maior contribuinte
individual na reciclagem de PET gerado no país,
consumindo cerca de 55 milhões de garrafas
PET anualmente, que deixam de ser enviadas para
aterros sanitários e jogadas em rios e esgotos.
Além da economia expressiva na redução
de custos de produção, a unidade também
registra a redução do volume de efluentes
gerados em torno de 40% e redução
no consumo de matérias-primas em torno de
3 mil toneladas anuais.
Outros exemplos de bons resultados
nas empresas paulistas são a geração
interna de energia elétrica de 2,1 MWh, representando
um ganho de R$ 900 mil anualmente, obtida pela Elekeiroz
Unidade de Anidrido Maleico, de Várzea Paulista;
a eliminação da necessidade de disposição
final de cerca de 1.500 toneladas por mês
de areia de fundição, conseguida pela
Femaq Fundição, Engenharia e Máquinas,
de Piracicaba; a redução de 30% do
consumo de água da rede pública, pela
BSH Continental Eletrodomésticos, de São
Paulo; e a economia de 80% de consumo total de água
para uso industrial, pela Pilkington Brasil, fabricante
de vidros planos e de segurança sediada na
capital.
Texto: Mário Senaga
Fotos: José Jorge