AMAZÔNIA: MOEDA DE TROCA DO PAC

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2009

15 de Abril de 2009 - Brasília, Brasil — Para governo, Amazônia desponta como a melhor estrada para levar Dilma à presidência

Em um ato de inaceitável oportunismo político, o plenário da Câmara aprovou ontem emenda proposta pelo deputado petista José Guimarães (CE) que dispensa de licença ambiental prévia as obras em rodovias brasileiras. A medida, que serve para acelerar as obras do PAC, foi incluída na Medida Provisória (MP) 425/2008, que tinha como propósito autorizar o governo federal a usar títulos da dívida pública para injetar recursos no Fundo Soberano do Brasil (FSB). O deputado José Guimarães é também o relator da matéria.

A medida fixa um prazo máximo de 60 dias para que a autoridade ambiental, como o Ibama, emita o licenciamento ambiental. Ao final desse prazo, a licença será automática. A emenda altera a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei No 6.938, 81), reduzindo as medidas que garantem a devida análise dos impactos ambientais e a definição de medidas mitigadoras e compensatórias em obras de infra-estrutura como essas.

“O deputado José Guimarães é o mesmo que teve um assessor flagrado com dólares escondidos na cueca. Agora, ele usa o mesmo artifício para enfiar, em uma MP de caráter econômico, um corpo estranho que acaba com a exigência de licenciamento ambiental prévio nas obras de infra-estrutura. Hoje é uma estrada. Amanhã será uma hidroelétrica?”, questiona Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Pior: ao conceder automaticamente a licença depois do prazo máximo, o governo resgata um artifício usado durante a ditadura militar para legitimar seus interesses escusos – com o agravante de que a medida passa a valer pra todo mundo”.

Diversos estudos apontam que 75% do desmatamento ocorrem ao longo de estradas pavimentadas da região. Em muitos casos, como na rodovia BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), somente o anúncio do asfaltamento no restante da estrada estimulou enorme migração de fazendeiros e madeireiros, o que resultou em altas taxas de desmatamento e modificação drástica da paisagem.

Até o fim de 2010, o PAC prevê a modernização, a pavimentação e a duplicação de quase duas dezenas de estradas, ao custo de mais de R$ 8 bilhões em investimentos públicos e privados. Entre as rodovias beneficiadas está a BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), cujo asfaltamento é defendido com unhas e dentes pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, com o objetivo de pavimentar sua candidatura ao governo do estado do Amazonas em 2010.

Durante a votação, poucos deputados preocupados com os impactos ambientais dessa medida tentaram excluir da MP 425/2008 a dispensa do licenciamento, mas sem sucesso. Governistas derrubaram os dois destaques sobre o licenciamento. Ficou para esta quarta a votação de um último destaque sem relação com esses itens. Após concluída a votação, a MP 452 vai para o Senado.

Se aprovada pelo Senado, a emenda do deputado José Guimarães pode causar danos sem precedentes ao meio ambiente, em particular à Amazônia e o clima global. O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases do efeito estufa por causa da destruição da Amazônia. Zerar o desmatamento é a principal contribuição do país na luta contra as mudanças climáticas.

No entanto, iniciativas como a emenda do deputado José Guimarães, somada a outras em tramitação no Congresso – como o Floresta Zero, a MP da Grilagem e o lobby pelas alterações do Código Florestal – colocam em cheque as metas de redução de desmatamento assumidas internacionalmente pelo governo brasileiro no Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

“A campanha eleitoral, antecipada pelo presidente Lula para eleger a chefe da Casa Civil como sua sucessora, virou um trator que derruba tudo pela frente. A política ambiental está sendo sacrificada deliberadamente no altar da sucessão presidencial. E que a ministra Dilma não tenha dúvidas: o PAC, que poderia perfeitamente ser rebatizado de Plano de Aceleração da Catástrofe, vai abrir uma cicatriz irreparável na política ambiental brasileira e na imagem do país no exterior. E, desta vez, não haverá plástica que dê jeito”, disse Adário.

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Sem festa de boas vindas

15 de Abril de 2009 Ativista do Greenpeace exibe placa com mensagem "Caça às baleias: encobrimentos, mentiras e 1,2 bilhões de iens de impostos" na chegada do Nisshin Maru ao porto de Shimonozeki.
Japão — Expedição de “caça científica” de baleia retorna ao Japão e é recebida com protesto do Greenpeace

Após cinco meses em alto-mar realizando a chamada “caça científica” de baleias, o navio-fábrica Nisshin Maru chegou ao porto de Shimonozeki, no Japão, sem as fanfarras ou festejos que marcaram as expedições anteriores. Ao invés de festa, a embarcação foi recebida por ativistas do Greenpeace com placas que cobravam o fim das mentiras sobre o programa baleeiro japonês e da caça às baleias.

Em maio do ano passado, caixas de carne foram interceptadas pelos nossos ativistas Junichi Sato e Toru Suzuki. Apesar de o conteúdo estar identificado como “papelão”, cada caixa continha 23 quilos de carne de baleia contrabandeada. O escândalo expôs a venda ilegal de carne no mercado japonês, que já era uma prática realizada há muitos anos. Apesar de trazer à tona uma irregularidade, Junichi e Toru foram indiciados por furto. Hoje eles aguardam julgamento e podem ser condenados a até dez anos de prisão.

Durante nove meses, Sato e Suzuki foram proibidos de ir ao escritório do Greenpeace no Japão. Só na última semana eles foram autorizados a voltar ao trabalho, mas em horários alternados, para não se encontrarem (Mais sobre esse retorno no blog de Junichi).

As acusações de contrabando feitas pelo Greenpeace foram rebatidas pelo governo japonês com o argumento de que a carne era “souvenir” para a tripulação. “Se dar souvenirs à tripulação é uma prática legítima, os contribuintes japoneses têm o direito de saber quanto de seu dinheiro está sendo gasto com presentes à tripulação”, afirma Sato. Cerca de 1,2 bilhões de iens arrecadados com impostos, anualmente, são direcionados para subsidiar a caça.

Apesar da pior crise econômica vivida pelo Japão nesse século, o governo japonês insiste em subsidiar essa prática desnecessária, cara e cruel. Este ano, o navio-fábrica retornou com 680 baleias caçadas. “Para um país que tem seus armazéns lotados de carne de baleia, caçar 680 animais é um absurdo.”, completa Sato.

Para averiguar o destino da carne proveniente da expedição desse ano, o Greenpeace solicitou à Agência de Pesca Japonesa que o descarregamento fosse monitorado. Nosso pedido foi negado.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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