DECISÃO SOBRE PAGAMENTO PELO ACESSO À BIODIVERSIDADE TERÁ PRAZO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2009

23/04/2009 - Uma intervenção inesperada do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, na sessão da manhã de ontem (23/4) para aprovar texto sobre a proteção à biodiversdade planetária, no Encontro Ministerial de Meio Ambiente de Siracusa, na Itália, angariou apoios de alguns países e serviu para uma virada de mesa, com a inclusão no documento de referência a um tema estratégico para o Brasil: o estabelecimento de um prazo para o término das discussões sobre o acesso e repartição dos benefícios pelo uso da biodiversidade.

A referência a essa questão foi fundamental para países como o Brasil que possuem uma rica biodiversidade, pois reforça a luta internacional contra a biopirataria e pela garantia de obtenção de recursos financeiros para o sustento de comunidades locais, como os índios, e para a preservação de vários ecossistemas, como a Floresta Amazônica.

Na quarta-feira, em reunião técnica para fechar o texto a ser assinado pelos ministros de meio ambiente que participam da reunião de Siracusa - uma histórica cidade da Sicília -, delegados de países industrializados, como os Estados Unidos, reuniram forças para cortar do texto da chamada Carta de Siracusa referência ao tema. Mas no dia seguinte, diante do protesto de Minc, o plenário de ministros decidiu acatar a posição brasileira.

Participam do encontro de Siracusa, promovido pelo governo italiano e que encerra hoje, ministros de meio ambiente do G-8 (os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) e das nações em desenvolvimento com economias mais fortes, como África do Sul, Brasil, China, Índia e México. Durante a reunião, que debate temas relacionados às mudanças climáticas e à biodiversidade, o ministro brasileiro tem tido uma posição de destaque, com várias intervenções no plenário. Nesta quinta-feira, Minc conseguiu mudar uma decisão que já havia sido acertada, em detrimento dos interesses brasileiros e de outros países com rica biodiversidade.

"Todos reconheceram que foi uma vitória do Brasil e da biodiversidade para que não se adiasse a entrada em vigor do ABS (sigla em inglês para Acesso e Repartição dos Benefícios pelo Uso da Biodiversidade), que é estratégico para o nosso país", disse Minc. Após sua intervenção, Minc recebeu o apoio da África do Sul, Alemanha, Canadá, Índia e México, e o texto da Carta de Siracusa acabou modificado.

A Carta de Siracusa é um documento - sem caráter mandatório, mas com importância política - que faz referências a várias questões sobre biodiversidade, como sua relação com o desenvolvimento econômico, com a pesquisa científica e com as mudanças climáticas. Numa reunião técnica na quarta-feira, delegados brasileiros já haviam conseguido incluir temas importantes para o país na Carta de Siracusa, como o combate ao tráfico de animais silvestres e o apoio à criação de corredores florestais, itens fundamentais para se reforçar o combate à destruição da biodiversidade. Mas foi cortada a referência sobre o ABS.

Após a intervenção do ministro do Meio Ambiente do Brasil, a Carta de Siracusa passou a incluir a menção de que os países signatários do Convenção sobre Biodiversidade devem concluir até outubro de 2010 o processo negociador em curso, para a elaboração do texto básico do ABS. O reforço político para o estabelecimento de uma data para a finalização da negociação desse texto básico é importante porque, em outubro do ano que vem, será realizada no Japão a COP-10, encontro dos países signatários da Convenção sobre a Biodiversidade. Este fórum internacional tem o poder legal de aprovar o texto do ABS, para que depois ele possa entrar em vigor, com efeitos financeiros imediatos.

Desde a COP-8, promovida em Curitiba (PR) em 2006, passando pela COP-9, realizada em Bonn (Alemanha) em 2008, ficou decidido pelos países signatários da Convenção sobre Biodiversidade de que deveria ser aprovado um regime legal internacional sobre o acesso e a repartição dos benefícios originados do uso da biodiversidade.

No entanto, os governos de alguns países industrializados - onde se encontram as sedes de poderosos laboratórios farmacêuticos que pesquisam (sem o pagamento pelo seu acesso) os princípios ativos de produtos naturais, como plantas medicinais, para a produção de medicamentos - pressionam para a não entrada em vigor desse regime legal. Os Estados Unidos, que até o momento não são signatários da Convenção sobre a Biodiversidade, estão entre os países mais resistentes à entrada em vigor do ABS.

Assim, mesmo com a decisão tomada na COP-8 e reiterada na COP-9, não se chegou ainda a um acordo sobre a data para o término das negociações sobre o texto básico do ABS. E após a intervenção do ministro do Meio Ambiente do Brasil, a Carta de Siracusa afirma que o processo de negociação deve ser concluído até a COP-10, para que possa entrar em vigor de forma vinculante.

"O Brasil mudou a Carta de Siracusa, foi uma vitória importante. Alguns países ricos resistem à aprovação do ABS para não terem que pagar pelo acesso controlado dos recursos da biodiversidade, já que hoje têm acesso gratuito a esses recursos", disse Minc.
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MMA defende modelo pluralista e sustentável para agricultura familiar

23/04/2009 - Suelene Gusmão - A construção de uma política de desenvolvimento agrícola socialmente includente, economicamente viável e ambientalmente sustentável foi o principal ponto do debate ocorrido na reunião do Fórum Permanente das Rede de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), hoje (23) em Brasília. Representantes do Governo Federal, de 150 instituições de assistência técnica e extensão rural e dos movimentos dos agricultores familiares discutiram a implementação desta nova abordagem na agricultura conhecida como Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf Sistêmico).

O novo modelo defendido no Fórum se diferencia do atual por pensar a agricultura familiar de forma pluralista e diversificada, fortalecendo o componente de manejo ambiental da propriedade. É a primeira vez que se propõe um programa de produção agrícola integrado. Inicialmente concebida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a proposta de agricultura familiar integrada é defendida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) que já vinha adotando-a em seus programas e projetos como o PDA (Projetos Demonstrativos), Projeto Nacional de Gestão Ambiental Rural (Gestar) e Programa de Desenvolvimento Socioambiental da Produção Familiar Rural (Proambiente).

Segundo Roberto Vizentin, diretor de Zoneamento Territorial do MMA, presente na discussão do Fórum da Ater, "o Pronaf Sistêmico é uma estratégia de reconciliação da agricultura com o meio ambiente". Ele explicou que neste cenário, o papel do MMA será principalmente o de socializar as experiências que já vem desenvolvendo. O novo modelo, que prioriza uma visão ampla e integrada da produção agrícola com o meio ambiente, já vem sendo colocado em prática no Paraná e deve atingir as cerca de oito milhões de famílias de produtores familiares em todo o País.

Vizentin explicou que as experiências realizadas em alguns estados do Brasil representam uma transição agroecológica que vai desembocar na concretização de uma política pública para o setor. "O Pronf sistêmico cria uma oportunidade extraordinária de se pensar na construção de uma política agrícola em harmonia com a política ambiental, contribuindo com a concepção de uma agenda comum em torno da política nacional de assistência técnica e extensão rural", disse.

O diretor do MMA explicou que o novo modelo é revolucionário e de vanguarda pois vai reorientar a maneira como hoje é oferecido o financiamento bancário e vai exigir uma nova abordagem para a pesquisa e a extensão rural. "Será exigida dos profissionais de extensão rural uma formação eclética, que inclua consciência crítica e forte visão ecossistêmica da qual depende a atividade agrícola. Para tanto, será de fundamental importância o papel que os órgãos de extensão rural terão na implementação de novo modelo de desenvolvimento agrícola", lembrou Vizentin.

 
 

Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Ascom

 
 
 
 

 

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