FUNAI E PARCEIROS ROMPEM COM ASSISTENCIALISMO E REFORÇAM PROMAÇÃO SOCIAL DOS POVOS INDÍGENAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2009

07 de maio de 2009 - “A prática assistencialista é prejudicial aos povos indígenas, porque cria uma dependência que não é boa para ninguém”. Foi com essa frase que o presidente da Funai, Márcio Meira, definiu o desafio de estabelecer uma nova relação com os povos indígenas, proposto na 1ª Oficina de Planejamento de Promoção e Proteção Social. A atividade reúne, em Cocalzinho/GO, representantes de 53 unidades descentralizadas da Funai e parceiros do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria Especial de Direitos Humanos, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Ministério da Previdência Social, Ministério das Cidades, Ministério da Saúde e Caixa Econômica Federal, entre 04 e 08 de maio, para elaboração de um plano integrado que oriente as ações do Governo para promoção e proteção social dos povos indígenas. “Temos que problematizar, pois as dúvidas nos ajudarão a superar muitos desafios”, afirmou Meira.

Elaborada pela Funai, a Oficina propicia aos participantes momentos de observação e reflexão das diversas práticas realizadas no campo da promoção social para os povos indígenas, permitindo identificar os entraves na implementação das ações. “Queremos uma política de promoção social que seja formulada e implementada com a participação dos servidores e da sociedade civil”, definiu Irânia Marques, coordenadora-geral de Índios Recém Contatados. Marques explica que o grande objetivo é promover cidadania e acesso aos programas sociais. “Estamos aqui para cumprir essa etapa”, afirma.

O diretor de Assistência da Funai, Aloysio Guapindaia, explica que por muitos anos a instituição trabalhou de forma descentralizada, sem controle da aplicação do recurso e dos resultados obtidos. “Precisamos de uma centralidade, que trabalhe a temática da promoção social de forma articulada, inserida no contexto da política indigenista”, ilustra. Segundo o diretor, o novo Plano Plurianual da Funai estruturou melhor o Programa de Proteção e Promoção, direcionando a aplicação do recurso para a finalidade institucional. “A própria Controladoria-Geral da União tem nos cobrado fortemente e encontrou no novo corpo diretor da instituição uma oportunidade de ver a sua demanda atendida de uma forma séria e comprometida”, esclareceu Guapindaia.

Para Othilia Carvalho, representante do Departamento de Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), os diversos agentes envolvidos nas atividades de promoção e proteção devem dialogar para potencializar as ações. “Ainda neste mês, haverá uma oficina do Programa Bolsa-Família para o enfrentamento das dificuldades no acompanhamento da saúde e educação dos povos indígenas”, lembra Othilia. A representante do MDS esclarece que há prioridade para entrada de famílias indígenas no Programa, porém é preciso reavaliar os mecanismos de permanência dos indígenas. “A família entra e rapidamente sai, porque não consegue cumprir condicionantes de educação e saúde”, exemplifica.

Os participantes trabalham em grupos divididos por macro região (norte, nordeste, centro-oeste, sudeste, sul), discutindo assuntos e políticas públicas de fundamental importância para a promoção e proteção social, tais como benefícios sociais e previdenciários, habitação e segurança alimentar, para sistematização do Plano Integrado.

A “Ópera Beijing” Tikuna

08 de maio de 2009 - Foi realizado, na Terra Indígena Belém do Solimões, Amazonas, entre os dia 1º e 4 de maio, o II Festival de Música Indígena Tikuna, que teve, nessa edição, a participação de índios das etnias Kokama e Kanamari. Ao ar livre, quarenta e cinco grupos indígenas apresentaram suas músicas e danças, realçando a beleza e a riqueza da sua cultura. Os cenários móveis, os figurinos e adereços eram confeccionados com produtos exclusivos da floresta, como a palmeira Manicária, existente nas várzeas da Amazônia, e o Tururi, material extraído da árvore Ubuçu, que é transformado em tecido semelhante ao algodão cru.

As músicas são marcadas pelo ritmo de tambores e diversas flautas, ora como se fossem libretos - textos teatrais, ora recitadas - parte em que o intérprete faz um meio termo, entre o cantar e o recitar. Os cantores, com suas caras pintadas, lembravam, nos primeiros momentos, os “jing” e os “chou”, personagens cômicos da Ópera de Beijing. A contribuir para a verossimilhança, o canto das mulheres, que variavam do “suave baixo” ao “grave alto”, com notas agudas, como na Ópera Chinesa.

Mas o Festival não foi apenas música. Foi, também, a oportunidade para que os Tikuna voltassem celebrar o “Ritual da Moça Nova”, esquecido por longos anos, em decorrência da repressão promovida, especialmente pela igrejas evangélicas, que atuavam naquela comunidade. Achavam aqueles missionários, que a fantasia do “Oma”, macaco de pênis alongado que, para aquela comunidade, representa a força dos ventos, era uma expressão imoral. Para Pedro Inácio, membro permanente do Conselho-Geral de Caciques Tikuna, os tempos mudaram: “Hoje estamos aqui, expressando a nossa cultura, em uma festa promovida pela Igreja Católica, sem nenhuma repressão”.

Há três anos trabalhando na Comunidade Belém de Solimões, o Frei Paolo, incentivador das tradições daqueles povos indígenas, criou, naquela comunidade, uma escola de música, como forma de prevenir o uso do álcool, largamente disseminados pelos “patrões”, entre os indígenas que trabalhavam nas usinas alcooleiras ali instaladas, como forma de manter o controle sobre os mesmos. Tal procedimento foi relatado, na década de 50, pelo etnólogo alemão, Kurt Nimuendaju, que morou com aqueles índios, durante alguns anos.

O sucesso do Festival, de acordo com Pedro Inácio é fruto do trabalho do Frei Paolo junto à comunidade Tikuna. Prova foi o comparecimento de comunidades distantes, que enfrentaram distâncias de até 12 horas de viagem, via fluvial, para participar do evento. Para ele, o intercâmbio durante o Festival, mais que tudo, representa o fortalecimento da cultura. “Esse festival é muito importante para os jovens, que já não são criados dentro da nossa cultura, e também para aqueles que já esqueceram dela”, afirmou o cacique.

Ao final de quatro dias de Festival, foram anunciados os vencedores. Em primeiro lugar, o grupo da Comunidade São Francisco de Assis, seguidos pela Comunidade de Ourique e Comunidade Ene'pu, campeã do festival do ano anterior. Foram premiados também, o melhor arranjo musical, o melhor intérprete e o melhor figurino, que ficaram, respectivamente, para a Comunidade Umariaçu II, Comunidade Emaú e Comunidade Cajari. O Festival teve o apoio da Fundação Nacional do Índio e do Governo do Amazonas.

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Ministro da Justiça e presidente da Funai visitam Acampamento Terra Livre

06 de maio de 2009 - O Ministro da Justiça, Tarso Genro e o presidente da Funai, Márcio Meira, visitaram nesta terça-feira (6), o Acampamento Terra Livre, na Esplanada dos Ministérios, que reúne 113 povos indígenas de diversas regiões brasileiras.

Os indígenas agradeceram a participação das autoridades, “ é a primeira vez que recebemos um Ministro em nosso acampamento”, lembrou Neguinho Truká, que destacou algumas preocupações como a “reestruturação da Funai e o impacto das obras do PAC nas terras indígenas”.

O presidente da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Marcos Apurinã, ressaltou “a importância da aprovação do novo estatuto” e acredita que os indígenas devem ser ouvidos e respeitados como defensores da natureza e possuidores de uma rica biodiversidade. Apurinã destacou como prioridade, a conclusão de processos demarcatórios e extrusão de invasores das terras indígenas.

O presidente da Funai destacou o compromisso de assegurar junto aos indígenas os direitos que estão na constituição e promete somar forças para conclusão de processos demarcatórios.

Tarso Genro lembrou que “qualquer equívoco na Polícia Federal, envolvendo conflito com povos indígenas é um desvio de conduta e não uma determinação”. Genro também garantiu que dará continuidade à publicação das portarias declaratórias e dos processos de demarcação. Já foram realizadas 29 portarias para a demarcação de terras indígenas e há grupos de trabalho fazendo novos estudo. “Nós vamos continuar fazendo demarcações”, disse Genro.

No acampamento que ficará montado até sexta-feira (8), os indígenas estão discutindo temas como o novo Estatuto dos Povos Indígenas; demarcação, proteção e retirada de invasores das terras indígenas. O fortalecimento do movimento indígena, a saúde, a educação, a sustentabilidade, a violência e criminalização contra os povos indígenas, também estão sendo abordados pelos participantes.

 
 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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