LULA CEDE Á PRESSÃO DE RURALISTAS E PRESENTEIA GRILEIROS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2009

26 de Junho de 2009 MP aprovada pelo Senado estimula a grilagem de terras públicas na Amazônia, incentivando assim a destruição da maior floresta tropical do mundo.
São Paulo (SP), Brasil — Único veto impede que empresas sejam proprietárias de terras na Amazônia

Ao sancionar praticamente na integra a Medida Provisória 458 no dia 25 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu uma oportunidade de tornar um pouco menos ruim uma lei que nasceu torta dentro das entranhas do próprio Executivo. Filha de um neófito em Amazônia, o ministro Mangabeira Unger, a 458 privatiza, praticamente sem custo para seus novos proprietários e sem a fiscalização do Estado, 67, 4 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia. As áreas ocupadas de até 100 hectares serão doadas. A partir daí e até 400 hectares, será cobrado apenas um valor simbólico de seus ocupantes. As áreas maiores, com até 1.500 hectares, serão alienadas a valor de mercado, mas com prazo de carência de 20 anos.

O texto sancionado pelo presidente absolve o Estado da responsabilidade de governar a Amazônia. A Medida Provisória prevê a regularização da posse de terra pública invadida a partir de uma mera declaração de quem a ocupa. Ao tramitar pelo Congresso, a MP de Lula recebeu emendas que a deixaram ainda mais com cara de presente aos grileiros. Uma reduziu para três anos o limite para a alienação de grandes e médias propriedades. Outra dispensou de vistoria prévia terras com até 400 hectares. A terceira permitiu que pessoas que não moram nas terras reclamassem a posse usando preposto. A última, abriu a possibilidade para empresas pedirem a regularização de terras ocupadas. Lula vetou apenas as das empresas e a do preposto.

Mangabeira Unger trabalhou duro nos últimos dias para fazer o presidente ceder às pressões da bancada ruralista. Lula, infelizmente, capitulou, dando uma clara demonstração de que seu governo não tem qualquer compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente em sua política para a Amazônia. O Greenpece não é contra a regularização fundiária. Muito pelo contrário. Acredita que ela é fundamental para promover justiça, combater a violência e preservar a floresta na Amazônia.

O problema é que a MP 458 abre mão de controlar esse processo, regulariza a preço de banana ocupações ilegais e, portanto, incentiva ações futuras de grileiros. “O presidente prefere ouvir o Mangabeira que escutar as milhares de vozes que, desde que a medida chegou à sua mesa, pedem que a intervenção do presidente na proteção da floresta”, afirma Nilo D´Avila, coordenador de políticas públicas do Greenpeace. “Com essa medida, Lula se iguala ao general Médici com seu projeto amazônico terras sem homem para homens sem terra, provocando uma nova corrida às terras na Amazônia, o que pode estimular o desmatamento e provocar mais violência na floresta.”

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Até São Pedro duvidaria: Lula faz o milagre da extinção dos peixes

26 de Junho de 2009 - São Paulo (SP), Brasil — A criação Ministério da Aquicultura e Pesca e a aprovação da Nova Lei Nacional da Pesca anuncia, ao invés da multiplicação, a extinção dos estoques pesqueiros do país.

Foi assinada hoje pelo presidente Lula, em Itajaí, Santa Catarina, a criação Ministério da Aquicultura e Pesca e a aprovação da Nova Lei Nacional da Pesca. Acompanhado do já empossado Ministro da Pesca Altemir Gregolim, Lula falou às lideranças pesqueiras e comunidades costeiras.

A criação do Ministério com total "exclusividade no tratamento de recursos pesqueiros", tende a apresentar uma posição do governo voltada à produção e exploração dos recursos pesqueiros sem pensar na sustentabilidade e conservação das espécies. Além disso, enfraquece o Ministério do Meio Ambiente, retirando de suas mãos as atribuições nas áreas de recursos hídricos, estoques pesqueiros e de águas marinhas. Dessa forma, reúne ao mesmo tempo, no novo órgão, o incentivo e a fiscalização do setor pesqueiro.

A Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar, concluída em 1994, estabelece que os Estados devem avaliar o seu potencial sustentável e, por meio de medidas apropriadas de conservação e gestão, assegurar que tais recursos não sejam ameaçados por excesso de captura ou coleta. No Brasil, essa sustentabilidade está sendo perigosamente colocada à prova. Basta considerarmos os dados do Programa REVIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva), criado pelo próprio governo: o estudo aponta que 80% dos recursos pesqueiros encontram-se sobre-explotados e em vias de entrar em colapso, mostrando que o incentivo indiscriminado da pesca promoverá o esgotamento dos recursos marinhos.

A Lei sobre a Política Nacional de Pesca, que foi votada em caráter de urgência, traz embutido o investimento na expansão de infraestruturas para o desenvolvimento da aqüicultura e da carcinicultura na zona costeira. A prática, apesar de ser vendida como solução para garantir o pescado na mesa do brasileiro, é na verdade uma atividade que favorece a privatização de terras da União, além de degradar ecossistemas devido à presença de espécies exóticas e ao uso indiscriminado de hormônios e antibióticos na água. “Os impactos desse tipo de infra-estrutura são reconhecidos internacionalmente”, afirma Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace Brasil.

"O histórico do setor pesqueiro nacional nos ajuda a compreender que o notório problema da gestão governamental da pesca, tido por muitos como “desarticulação institucional”, não é um problema técnico, mas resultado de algumas décadas de disputa entre grupos de interesse sobre o qual a gestão da pesca deve ser feita no Brasil: ora dominam os “desenvolvimentistas” e ora os “preservacionistas”. Mas as políticas devem ser integradas. Uma não impede a outra, afirma Leandra Gonçalves.

O Greenpeace defende a implementação de uma Política Nacional dos Oceanos, que contemple o ordenamento da atividade pesqueira com a proibição de redes de arrasto, fiscalização eficiente, mecanismos de certificação do pescado e informação sobre consumo consciente para a população. Apesar de todo esse cenário, e da criação de áreas marinhas protegidas ser essencial nesse processo, atualmente, apenas 0,4% de nossa zona costeira e marinha encontra-se protegida, ainda que não implementada. Segundo o Greenpeace, para uma recuperação dos estoques pesqueiros e conservação da biodiversidade, deveriam ser criadas pelo menos 40% de áreas marinhas protegidas até 2020, visando não apenas a conservação da biodiversidade, como também o combate ao aquecimento global – uma vez que os oceanos possuem a capacidade de absorver pelo menos 30% do CO2 gerado pelas atividades humanas.

Se estivéssemos hoje nos tempos de Cristo, São Pedro, o apóstolo pescador, certamente se espantaria. Não pelo milagre da multiplicação, mas pela extinção dos peixes.

 
 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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