PESQUISADORES DEFENDEM BENEFÍCIOS DO DESMATAMENTO E IRRITA AMBIENTALISTAS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2009

20 de Junho de 2009 - Luana Lourenço* - Enviada Especial - Goiás (GO) - Em uma apresentação que causou polêmica, o pesquisador e ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Eustáquio Reis, defendeu hoje (20) os benefícios do desmatamento e incomodou ambientalistas que formavam a plateia de debates do fórum sobre meio ambiente, realizado paralelamente às atividades culturais do 11° Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica).

Doutor em economia, Reis começou sua apresentação argumentando que não se pode falar em meio ambiente sem levar em conta as vantagens econômicas do desmatamento. Segundo o pesquisador, na maioria das vezes há relação direta entre devastação e ganhos econômicos, como no norte de Mato Grosso, região que enriqueceu com base na produção de soja em larga escala. “O desmatamento não tem só custos. Tem benefícios. É fundamental ter noção dos benefícios”, destacou.

“As estradas são vistas como demônios na Amazônia. Não é assim. Alguns efeitos podem ser minorados. E seria criminoso com os produtores e com o país negar oportunidades mais competitivas de transporte”, acrescentou.

O pesquisador chegou a ouvir da platéia que sua apresentação era “simplista” e com falhas na análise de gráficos e dados científicos.

Reis argumentou que, em nome da garantia de bem-estar das futuras gerações, a sociedade não poderá abrir mão do avanço sobre áreas ainda preservadas para expansão da produção agropecuária. “Não creiam que teremos que abdicar da soja e do gado”, disse. Para ele, a estabilização do desmatamento da Amazônia em cerca de 40% seria razoável. Atualmente, a área desmatada do bioma é de cerca de 15% do total.

O pesquisador questionou o falso consenso em torno do desenvolvimento sustentável e provocou os ativistas ao dizer que o desmatamento quase total da Mata Atlântica em São Paulo “não trouxe nenhuma consequência mais drástica” para o estado ou para o país. “Pergunte aos italianos, aos japoneses, aos que vieram para o Brasil se eles se arrependeram de ter desmatado”, provocou.

Reis ainda apontou a existência de interesses internacionais na conservação da Amazônia como sumidouro de carbono para reduzir os impactos das mudanças climáticas e questionou o cenário que prevê a transformação da floresta em savana por causa do aquecimento do planeta.

“Os modelos que previam mais chuvas para a Amazônia foram cortados. É um jogo de cartas marcadas. Essa idéia de savanização é até irônica. Se tivermos garantia de savanização da Amazônia, então o melhor é aproveitá-la logo antes que se torne improdutiva”.

Diante dos ânimos exaltados da platéia em reação às idéias de Reis, o coordenador do fórum, professor Laerte Guimarães Ferreira, do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás, contemporizou e disse que a discussão sobre meio ambiente “não deve ser maniqueísta”, com representantes do bem e do mal.

“Temos que tomar consciência da crise ambiental que vivemos, mas não existe bem e mal nessa discussão. São questões complexas do ponto de vista econômico, científico e de políticas públicas”, ponderou.
*A repórter viajou a convite da organização do evento.

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ONGs cobram ações imediatas do governo para enfrentar mudanças climáticas

24 de Junho de 2009 - Luana Lourenço - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Organizações não governamentais ambientalistas ligadas a questões climáticas vão apresentar hoje (24) manifesto cobrando ações imediatas do governo para reduzir as emissões brasileiras de gases de efeito estufa e garantir resultados na negociação global sobre um novo acordo para complementar o Protocolo de Quioto, marcada para dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

O grupo, batizado de Observatório do Clima, organiza hoje um debate com representantes do governo, do Congresso Nacional e da sociedade civil para discutir os instrumentos adotados pelo Brasil para enfrentar as mudanças climáticas e o andamento da negociação internacional que deverá ser concluída em Copenhague.

Entre as reivindicações está a implementação de medidas efetivas do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, inclusive com a definição de metas de redução para o desmatamento de biomas como o cerrado e a caatinga. A versão atual do plano só prevê metas para a Amazônia.

Na avaliação das ONGs, o plano “ainda está longe de ser um esforço de Estado que coloque o Brasil nos trilhos de um desenvolvimento com baixos níveis de carbono”. Além da redução dos índices de desmatamento, o grupo defende outros compromissos, como a prioridade para energias renováveis e a redução drástica de autorizações para termelétricas a óleo e carvão mineral.

“Queremos a aprovação da Política Nacional de Mudança do Clima, com status de lei, que possa regulamentar a questão de forma mais consistente, mais duradoura”, acrescentou a pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Brenda Brito. O projeto de lei que cria a política está em tramitação no Congresso.

Em relação às negociações internacionais, as ONGs pedirão que “os negociadores sejam firmes para garantir metas ambiciosas e rígidas de redução de emissões de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos”. Além disso, na avaliação do grupo, os negociadores brasileiros deverão concentrar esforços para criar um mecanismo que estimule a redução de emissões por desmatamento e degradação, o chamado Redd.

“As negociações já começaram e é possível chegar a um acordo em Copenhague se houver comprometimento. É possível ter um acordo que possa prever metas mais ambiciosas e, principalmente, a criação de um mecanismo para florestas, que beneficiaria muito o Brasil”, comentou Brenda.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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