NOVAS REGRAS DE PROTEÇÃO DAS CAVERNAS JÁ ESTÃO EM VIGOR

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2009

Sandra Tavares Brasília (24/08/2009) - A proteção de cavernas no País já tem novas regras. As normas, que vão orientar os processos de licenciamento ambiental, prevêem a classificação das cavidades subterrâneas por grau de relevância - máxima, alta, média ou baixa. Os detalhes, que foram definidos pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Instituto Chico Mendes, estão na Instrução Normativa (IN) de nº 2, publicada na sexta-feira (21) no Diário Oficial da União.

A IN regulamenta o decreto editado no ano passado que flexibiza o manejo das cavernas. Define, entre outras coisas, os atributos a serem levados em conta para a classificação das cavidades naturais em categorias de maior ou menor relevância. Somente aquelas consideradas de "máxima relevância" - o algo entre 20% e 30% do total - serão mantidas intactas.

A eventual exploração ou destruição de uma caverna de alta relevância implicará a proteção de outras duas da mesma categoria, enquanto as demais não contam com nenhuma garantia. São previstas apenas compensações.

"Há uma forte tendência para que as cavernas sejam caracterizadas com um grau maior de relevância", observou o presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello. O texto publicado nesta sexta prevê a revisão das regras num prazo máximo de dois anos, destacou Mello.

CADASTRO – A IN prevê também a criação de um cadastro nacional das cavernas. O cadastro vai começar com 7.100 cavernas já prospectadas no Brasil. Esse número representa menos de 10% do número de cavidades ainda desconhecidas no país, estima o ICMBio. “É enorme a desinformação sobre onde estão, como são e como estão as cavernas brasileiras”, diz Mello.

Associado ao esforço para ampliar o conhecimento, o governo lançará no mês que vem um programa de proteção a cavernas, com previsão inicial de gastos de R$ 12 milhões.

Uma caverna só será classificada em máxima, alta, média ou baixa relevância após análise técnica dos atributos e variáveis detalhados na instrução. Os estudos espeleológicos deverão apresentar informações, sob os enfoques local e regional, que possibilitem a classificação em graus de relevância e deverão ser realizados por equipes interdisciplinares.

Os estudos deverão englobar, no mínimo, levantamento bibliográfico e cartográfico da caverna; coleta e análise de dados de campo multitemporais; análise de laboratório; processamento e integração de dados e informações; além de consulta a especialistas, comunidades locais, comunidade espeleológica e instituições de ensino e pesquisa.

Outro ponto importante é a identificação detalhada dos organismos vivos existentes na caverna, que deverá ser realizada até o nível de espécie, sendo facultada, mediante justificativa técnico-científica, a identificação até categorias taxonômicas hierarquicamente superiores. A aprovação dos estudos espeleológicos, para classificação do grau de relevância, estará condicionada à apresentação de informações suficientes à compreensão de todo o ecossistema cavernícola.

RARAS E ÚNICAS – As cavernas consideradas de máximo grau de relevância possuirão pelo menos um dos seguintes atributos: gênese única ou rara; morfologia única; dimensões notáveis em extensão, área ou volume; espeleotemas únicos (formações rochosas que ocorrem no interior de cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água); isolamento geográfico; abrigo essencial para a preservação de populações geneticamente viáveis de espécies animais em risco de extinção, constantes de listas oficiais.

Outros aspectos que caracterizam uma caverna como de máxima relevância serão ela possuir um habitat essencial para preservação de populações geneticamente viáveis de espécies de troglóbios endêmicos ou relíctos; habitat de troglóbio raro; interações ecológicas únicas; cavidade testemunho; ou destacada relevância histórico-cultural ou religiosa.

As cavidades classificadas como de alta relevância deverão ter “importância acentuada sob enfoque local e regional; ou acentuada sob enfoque local e significativa sob enfoque regional.” Já as de média relevância devem ter “acentuada importância sob enfoque local ou significativa sob enfoque regional; ou significativa sob enfoque local e regional”. E as de baixa relevância deverão ter “importância significativa sob enfoque local e baixa sob enfoque regional; ou baixa sob enfoque local e regional.

PROGRAMA – Atualmente 7.100 cavernas são conhecidas, a maior parte nos estados de MG, MT, entre outros. O Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes elaboram no momento um Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico, de duração estimada de cinco anos, que terá como objetivo desenvolver ações efetivas de proteção e valorização do patrimônio espeleológico nacional.

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav), do ICMBio será a principal referência técnico-científico no processo de execução do programa buscando, entre outras ações, criar 30 (trinta) unidades de conservação federais com o objetivo de proteger as cavidades naturais subterrâneas de significativa importância ecológica e cênica; instituir um inventário anual do patrimônio espeleológico nacional; elaborar um programa de turismo sustentável para as cavernas brasileiras; e criar e implementar o Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE).

Grande parte do território brasileiro é composto por terrenos propícios à ocorrência de ambientes cársticos. Embora exista a identificação de 7,1 mil cavernas, estima-se que o Brasil possua um potencial 16 vezes superior, algo em torno de 100 mil cavernas espalhadas por todo o seu território.

Dos ambientes cársticos conhecidos atualmente, cerca de 1.860, equivalente a 31%, estão inseridos em Unidades de Conservação. A maior parte não é explorada turisticamente. Isso em virtude, em parte, à carência de estudos sobre o potencial turístico das cavernas, definição das atividades que podem ser realizadas em seu interior e o modo como devem ser implementadas, além das formas de se garantir a conservação desses ambientes.


 

ICMBio - Instituto Chico Mendes
Ascom

 
 
 
 

 

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