AMBIENTALISTAS E AGRICULTORES CONCORDAM QUE
CIÊNCIA DEVE MEDIAR DEBATE ENTRE OS DOIS SETORES

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2009

22 de Setembro de 2009 - Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O debate entre os ambientalistas e ruralistas deve ser mediado pela ciência. Esse foi o consenso apresentado hoje (22) por lideranças dos dois lados que se encontraram no seminário promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para discutir o meio ambiente e a produção de alimentos no país.

O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, o ex-secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, e a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, expuseram suas ideias sobre o assunto a uma plateia de estudantes, parlamentares e técnicos da área. Eles disseram que muitas das desavenças entre os ambientalistas e ruralistas se devem a generalizações radicais feitas por ambos.

“O ponto de partida de todos tem que ser compatibilizar a produção e a preservação ambiental. Se houver isso, poderemos chegar a um acordo mais rápido do que imaginamos e acabar com essa ridícula separação. O ambientalista precisa comer e o ruralista precisa do meio ambiente. Estamos falando a mesma coisa”, afirmou Capobianco.

Ele ressaltou que o uso da ciência é muito importante, mas os agricultores precisam estar preparados para as conclusões das pesquisas. No caso das áreas de Preservação Permanente (APP), às margens dos rios, por exemplo, assim como haverá locais em que poderá ser feito um ajuste para legalizar as matas já abertas, também poderá ser exigido o reflorestamento de outras, consideradas fundamentais para a preservação dos recursos hídricos.

A senadora Kátia Abreu destacou que o Brasil tem 56% de sua cobertura vegetal original preservada, sendo o país com o segundo maior índice do mundo, perdendo apenas para a Rússia, que tem grande parte dessas áreas impróprias para agricultura devido às baixíssimas temperaturas registradas no país. Mas também reconheceu que o setor agropecuário cometeu erros.

“Queremos corrigir esses erros, de acordo com a ciência, com a pesquisa, e não como alguns querem”, afirmou. A presidente da CNA criticou os debates isolados e generalizações feitas por muitas organizações não governamentais ambientais, que fazem “deboches” oferecendo, por exemplo, “troféus motosserra” a algumas lideranças na discussão sobre uma nova legislação florestal para o país, e revelou que mesmo entre os produtores rurais é muito difícil chegar a um consenso.

O ex-ministro Paolinelli manifestou seu entusiasmo com a integração lavoura-pecuária-florestas, boa para o meio ambiente e também para o produtor rural. Ele criticou, entretanto, a atuação do Estado, que não tem um modelo de crédito rural. “O seguro rural, definido na Constituição, até hoje não foi criado”, afirmou. Sem seguro para o setor, ele disse que a sustentabilidade da agricultura fica ameaçada, pois o produtor não tem a garantia de renda.

Gabeira, o último a falar, observou que sempre em sua carreira política procurou defender o que é estratégico para os agricultores brasileiros, mas muitas vezes foi julgado como fazendo o contrário. “Temos que nos aproximar da ciência, porque ela pode desfazer esses desacordos”, afirmou. Uma das causas do país não progredir na área ambiental, segundo ele, se deve à “prisão ideológica” de vários atores desse processo.

O deputado reforçou a importância da discussão permanente.“Muitas vezes, algo que é considerado uma crítica, na verdade serve para situar o Brasil no mercado estratégico mundial”, disse ele, exemplificando o caso do rastreamento do gado, que no ano passado gerou o embargo da carne bovina brasileira pela União Europeia e, agora, está sendo desenvolvido pelo governo e pelos pecuaristas.

A exigência de 80% de preservação para a Amazônia é algo a ser discutido, segundo Gabeira, sempre com a mediação da ciência. Ele ressaltou, entretanto, que podem existir estudos com conclusões diferentes. “Também não podemos ser ingênuos. Há temas em que a ciência diverge, como é o caso das mudanças climáticas”. Nesse caso, o deputado diz que entram em ação, legitimamente, as forças políticas. Para encerrar, disse que, o país deve não apenas preservar a floresta, mas investir em pesquisas para torná-la lucrativa.

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China busca economia limpa com mudanças em modelo de desenvolvimento

30 de Setembro de 2009 - Tereza Cruvinel - Enviada Especial - Pequim (China) - A China começa a dar respostas às críticas em relação ao modelo de desenvolvimento baseado no uso em escala do trabalho mal qualificado e no consumo descontrolado de matérias-primas. Busca-se agora um sistema mais racional, focado em tecnologia, qualificação da mão de obra, redução do consumo de recursos naturais e em uma eficiente política ambiental, que parece ainda estar na infância.

A nova orientação, que apareceu na primeira conversa com o vice-diretor do Serviço de Informação do Conselho de Estado, Xu Yiang, também é ouvida de outros dirigentes, federais ou provinciais.

A locomotiva chinesa é um sorvedouro de energia, hoje derivada principalmente do carvão, altamente poluente, que responde por 69% do gasto total. Há um plano de economia de energia, mas como a indústria pesada – metalurgia, química e materiais de construção – continua crescendo, a ênfase desta nova etapa é na substituição das fontes poluentes por energias mais limpas, que retirem da China o lamentável posto de maior emissor mundial de gás carbônico.

Cerca de 22% da energia consumida vêm do petróleo, 6% de hidrelétricas, 3% do gás natural e 1% de energia nuclear. Com 1,4 bilhão de bocas para alimentar, o país não se interessou pelo programa brasileiro de biocombustíveis, apesar do empenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste sentido.

Apostando na energia eólica, a China assumiu o posto de segundo maior produtor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A previsão é de que sua produção anual aumente 10% todos os anos, mas hoje essa fonte ainda é um traço na matriz energética. Os grandes cata-ventos, entretanto, já pontilham a paisagem.

As hidrelétricas também estão se expandindo e podem contribuir para a mudança da matriz poluente, uma vez que o país dispõe de vários caudalosos rios. A Hidrelétrica de Três Gargantas, no Rio Yang-Tse, é a maior do mundo, superando a binacional Itaipu.

Agora estão surgindo hidrelétricas menores, como a de Suofengying, na província de Guizhou. Como o rio corre no fundo de um vale profundo, foi construída sem desvio do curso de água, como é feito no Brasil.

Apesar da fama de poluente, a China tem belíssimos parques naturais e tem se aplicado no desenvolvimento do conceito de ecoturismo. No parque de Huongguoshy fica a catarata de mesmo nome, a terceira do mundo em altura, ao pé da qual se chega por uma escada rolante de mais de 300 metros, um presente de uma multinacional.

O governo sempre pede alguma contribuição, sob a forma de patrimônio público, às empresas que autoriza a se instalarem no país. A poucos quilômetros fica outro parque, dominado por um lago vulcânico, cavernas seculares e vestígios de populações primitivas.

Existem dezenas de parques como esses em toda a China, assim como parques urbanos, como o Parque do Céu, em Pequim, onde os chineses dedicam-se a jogar peteca, dançar, fazer ginástica ou meditar sob as árvores centenárias.

Ushi é uma belíssima cidade às margens do Lago Tangjiashan, também chamada Pequena Xangai, pela proximidade com a megalópole. Ali se passou o conflito com a empresa Rio Tinto, que andou poluindo o lago, não cumpriu as exigências legais e acabou expulsa. Ushi vive essencialmente de indústrias limpas, como a de softwares, a de informática e a eletrônica, e de turismo.

Até Buda virou mercadoria. Há dois anos foi construído em Ushi um suntuoso templo, espécie de Capela Sistina do budismo, tendo ao lado, sob uma coluna, uma enorme escultura de Buda, maior do que o Cristo Redentor. E que atrai milhares de turistas, naturalmente.


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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