09/10/2009 - Cinco geossítios,
classificados como sendo de alto valor científico,
cultural e cênico, foram incluídos
no Inventário Paulista de Monumentos Geológicos,
um banco de dados georreferenciado com a finalidade
de identificar, registrar e divulgar essa modalidade
de patrimônio natural existente no Estado.
Esta foi a primeira deliberação do
Conselho Estadual de Monumentos Geológicos,
criado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado
– SMA, em sua primeira reunião, realizada
na quinta-feira, 08.10.
O conselho, criado por meio de
resolução a ser publicada no Diário
Oficial do Estado, tem a finalidade de reconhecer
os monumentos geológicos paulistas, sugerindo
atividades e ações de pesquisa, conservação
e divulgação. A indicação
de áreas a serem incluídas no inventário
pode partir dos próprios conselheiros ou
da comunidade técnico-científica.
Os geossítios incluídos no inventário
são o Parque Estadual Geyseritos do Anhembi,
em Anhembi; Carste e Cavernas do Parque Estadual
Turístico do Alto Ribeira – PETAR, no Vale
do Ribeira; Parque Municipal Varvito de Itu, em
Itu; Parque Natural da Cratera de Colônia,
em São Paulo; e Parque Municipal Rocha Moutonné,
em Salto.
O secretário-adjunto do Meio Ambiente, Pedro
Ubiratan Scorel de Azevedo, representando o secretário
do Meio Ambiente, Xico Graziano, que preside o conselho,
disse que “o órgão terá uma
tarefa de grande relevância, identificando
novos monumentos geológicos, para que a comunidade
conheça o valor desse patrimônio, pois
só assim ela saberá conservar”. Segundo
o diretor-geral do Instituto Geológico –
IG, Ricardo Vedovello, que também integra
o conselho, “o objetivo é criar mecanismos
legais e condições financeiras para
implementar ações de conservação
dos geossítios considerados monumentos geológicos”.
Um dos objetivos é fazer com esses sítios
de interesse geológico sejam considerados
unidades de conservação, possibilitando
a canalização de recursos para a sua
preservação.
Segundo a resolução, o profissional
que estiver ocupando a chefia da Seção
de Monumentos Geológicos do IG, no caso o
geógrafo Rogério Rodrigues Ribeiro,
desempenhará a função de secretário-executivo
do conselho, que contará ainda com 16 conselheiros
reconhecidos pela sua atuação e conhecimento
acerca do tema. São eles, Ana Lúcia
Desenzi Gesicki, geóloga; Anna Carolina Lobo,
da Fundação Florestal, coordenadora
do Programa de Ecoturismo da SMA; Antônio
Theodorovicz, da Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais – CPRM; Celso Dal Ré Carneiro, da
Unicamp; Célia Regina de Gouveia Souza, do
IG; Diego Amorim Grola, do IG; Eduardo Luís
Serpa, da Companhia Ambiental do Estado de São
Paulo – Cetesb; Eliane Aparecida Del Lama, do Instituto
de Geofísica, da Universidade de São
Paulo – USP; José Alexandre de Jesus Perinotto,
da Unesp – Rio Claro; José Pedro de Oliveira
Costa, da SMA; Luiz Flaviano Furtado, Secretaria
Estadual de Turismo; Marília Barbour Herman
Caggiano, Secretaria da Cultura; Neide Araujo, Coordenadoria
de Biodiversidade e Recursos Naturais – CBRN, da
SMA; Paulo César Boggiani, Instituto de Geociências,
da USP; Sidnei Raimundo, da USP; e Virgínio
Mantesso Neto, geólogo.
Geodiversidade
O secretário-executivo do conselho, Rogério
Rodrigues Ribeiro, lembrou que é preciso
“discutir a questão da geodiversidade, que
tem sido relegada a um segundo plano, em detrimento
da biodiversidade”. Na sua opinião, é
preciso considerar aspectos como os minerais, solo,
paisagens, fósseis, rochas e outros, que
compõem um geossítio. “Se uma determinada
área possuir atributos excepcionais, deve
ser transformada em monumento geológico”,
explicou.
“O monumento geológico é um patrimônio
da natureza que explica a história da Terra
e do próprio homem, merecendo ser conservado
para o desenvolvimento de estudos científicos,
além de contribuir para a conservação
do meio ambiente”.
A gestão da geodiversidade começou
a ser discutida em 1972 pela UNESCO, órgão
das Nações Unidas para a educação,
ciência e cultura, em reunião realizada
na Suécia. O Brasil, que aderiu à
convenção, criou o SIGEP – Comissão
Brasileira de Sítios Geológicos e
Paleobiológicos. Em São Paulo, decreto
estadual assinado em 1986 incumbiu o IG de realizar
estudos, efetuar a divulgação e definir
normas técnicas sobre o assunto.
O IG já realizou estudos apontando 30 geossítios
com atributos cujas excepcionalidades justificariam
sua inclusão no Inventário Paulista
de Monumentos Geológicos. Rogério,
no entanto, alerta que a divulgação
de tais áreas deve se revestir de cuidados.
“É preciso, antes, dotar a área de
proteção legal, promover a geoconservação
e um sistema de gestão, para que a abertura
à visitação não represente
riscos à integridade do patrimônio
natural”, enfatizou.
Como medidas a serem adotadas apontou a inserção
das áreas nos planos diretores municipais,
zoneamento ecológico e econômico e
outros mecanismos de proteção. Segundo
o conselheiro Virgínio Mantesso, a questão
da geodiversidade ganhou relevância nos países
europeus, nos últimos anos, com várias
iniciativas de criação de parques
privilegiando o conceito de desenvolvimento sustentável
em âmbito local. “Há três mil
geossítios cadastrados na Inglaterra”, disse.
Lembrou, ainda, que Curitiba é a primeira
cidade no país a editar um “Guia de Geoturismo
Urbano”. O conselheiro Celso Dal Ré Carneiro
alertou que uma antiga mineração de
ouro na região do Jaraguá, em São
Paulo, está sendo destruída por conta
da pressão urbana. “A mina foi explorada
por Afonso Sardinha, por volta de 1580, e algumas
das galerias abertas por esse bandeirante já
se perderam”, lamentou.
Texto: Newton Miura Fotografia: José Jorge
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