POVOS DO NORDESTE DISCUTEM PROPOSTAS PARA POLÍTICA DE GESTÃO TERRITORIAL E AMBIENTAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2009

24 de novembro de 2009 - “É viável e possível construir uma política nacional que atenda as demandas específicas de cada povo.” A frase de Manoel Uilton Tuxá, coordenador geral da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), expressa o desejo das 250 lideranças indígenas presentes na abertura da primeira Consulta Regional sobre da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). O encontro, realizado na capital pernambucana, fornecerá subsídios para a construção de diretrizes que assegurem a proteção, recuperação, conservação e o uso sustentável dos recursos naturais nos territórios indígenas.

A coordenadora da Carteira Indígena, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Lylia Galetti, explica que, desde 2003, houve um esforço grande das lideranças nordestinas para que o Ministério passasse a ter políticas também para os povos não amazônicos. “Até então, era na Amazônia, onde estão 60% dos índios do Brasil e a maior parte das terras indígenas, que o governo desenvolvia grande parte das políticas. Mas não focado só na Amazônia, ou excluindo outros povos do resto do país da possibilidade de ter acesso a essas políticas, de discutir a questão ambiental e de enfrentar o desafio da questão da preservação da natureza nas áreas indígenas, da conservação e do uso sustentável dos recursos. É muito simbólico que a primeira consulta da PNGATI comece pelo nordeste”, enfatizou a coordenadora.

Marcela Menezes, coordenadora-geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente da Funai explica que, no nordeste, muitas experiências boas precisam ser ampliadas e há ainda muitos desafios para os povos que vivem na caatinga, na mata atlântica e no cerrado. “Estamos cumprindo o compromisso firmado no ano passado pelo Presidente Lula, no momento em que os povos indígenas solicitaram uma política de gestão ambiental específica, para que realmente esses instrumentos enxergassem cada realidade”, afirmou Menezes.

Nesta terça-feira (24), os indígenas iniciam o estudo e debate das diretrizes elaboradas por um Grupo de Trabalho Interministerial, com titulares do MMA, Ministério da Defesa, Funai, Instituto Chico Mendes, Ibama, Serviço Florestal Brasileiro, Comissão Nacional de Política Indigenista e organizações indígenas. Parte do documento sintetiza os projetos e programas do Governo Federal para a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade brasileira, reconhecendo a importância destes para a manutenção física, cultural e econômica dos povos indígenas.

Uilton Tuxá lembra que a construção da política nacional é fruto de um longo processo de diálogo já iniciado entre lideranças e governo. “Quando começamos a dialogar com o Governo Federal na construção do projeto do GEF – Fundo Global para o meio ambiente, já tínhamos também esse desejo. Através do GEF vamos poder influenciar na construção da Política Nacional, que seja um marco legal e uma política de estado,” relatou o coordenador da APOINME.

Até março de 2010, outras quatro consultas serão realizadas: em Curitiba, Campo Grande, Manaus e Imperatriz, contemplando todos os povos indígenas do Brasil. O texto final, incorporando o resultado das Consultas, deverá ser aprovado pela CNPI e, em seguida, apresentado ao Presidente da República, na forma de Decreto Lei, para assinatura.

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Indígenas discutem afirmação de direitos e diversidade em Seminário

26 de novembro de 2009 - As atividades do terceiro dia do Seminário Nacional de Juventude Indígena (25/11) começaram ao som da dança da união, feita por Rafael Pitiguari/CE. O tema do dia foi: Afirmação de Direitos – Normas Tradicionais, Normas Legais e Diversidade. Para discutir foram convidados: Dr. Perly Cipriano, advogado da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e a Dr. Maria Inês Ladeira, antropóloga do Centro de Trabalho Indígena - CTI, e para debater: Vilmar Guaraní/TO, Coordenador do Observatório dos Direitos Indígenas, e Cristiane Pankararu/PE, do Centro Indígena de Estudos e Pesquisa - CINEP.

Durante o evento foram abordados vários assuntos, dentre eles, a questão do registro de nascimento do indígena. Para Dr. Perly, é importante que o nome do indígena seja originário do seu povo, que não aceitem negação dos cartórios quanto ao nome escolhido pelos pais ou membros das comunidades. Perly listou alguns pontos necessários para a afirmação e reafirmação dos povos. “É preciso recuperar a língua materna e conseguir meios para resgatar a língua daqueles que perderam; é preciso ampliar os contatos dos povos indígenas, para uma troca de experiência e conhecimentos”, acredita.

Maria Inês enfatizou a importância da discussão sobre a diversidade. “É muito importante pensar como é a vida de cada jovem dentro da comunidade”, aconselha. A antropóloga chamou a atenção também para a legislação brasileira, no que diz respeito aos povos indígenas. “É bom saber que a legislação é bem mais forte na questão territorial”, ressalta.

Segundo Cristiane, a discussão foi produtiva pois, muitas coisas forma esclarecidas, “é importante saber como se impor diante de cobranças, para não aceitarmos cobranças injustas”, conta. Vilmar, por sua vez, afirma que os indígenas têm que decidir o seu modo de vida, sem intermédio de nenhum órgão. “Quem define como o indígena deve viver não é o poder executivo, legislativo ou judiciário, não é nenhum órgão, e sim o próprio índio”, conclui.

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Jovens indígenas elegem representantes para a CNPI e CNJ

30 de novembro de 2009 - “Só quem entende de farinha venha peneirar aqui. Para fazer a farinhada, muita gente eu vou chamar” Melvino Baniwa - Foi de forma descontraída que, na tarde desta quinta-feira (26/11), foram iniciados os trabalhos do Seminário Nacional de Juventude Indígena. Reunidos em uma grande roda, povos de várias regiões do Brasil juntaram suas vozes para cantar e, acima de tudo, reivindicar um espaço cada vez maior na construção de políticas públicas para a juventude.

Cerca de 50 jovens participaram da sessão que, ao final do dia, nomeou um titular e um suplente para representar os jovens indígenas na Subcomissão de Gênero, Infância e Juventude da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e um titular para o Conselho Nacional da Juventude (CNJ). *

Para compor a mesa de discussão, foram convidados três representantes da CNPI: Terezinha Maglia, secretária executiva, Léia do Vale, da Funai e Korralue Karajá, representante indígena. Também participou da mesa Alex Nazaré, secretário nacional da juventude.

A apresentação dos palestrantes focou-se na explicação do que é a CNPI: sua importância, estrutura de funcionamento e a divisão em dez subcomissões, com destaque para a de Gênero, Infância e Juventude.
Terezinha Maglia iniciou as falas da mesa reforçando que a Comissão é uma conquista dos povos indígenas que, durante muitos anos, a idealizaram. “Com a CNPI, não se faz mais política para índios, mas com os índios”, afirma.

A CNPI existe desde 2007 e, a partir de então é direito dos povos indígenas. Korralue Karajá, entretanto, ressalta a importância de uma participação efetiva nesse espaço conquistado. “Na Comissão nós temos a oportunidade de discutir de igual para igual com o governo. É por isso que eu peço que vocês estudem cada vez mais, para multiplicar nosso movimento e torná-lo mais forte”, Korralue se dirige aos jovens.

Após a apresentação dos palestrantes, os jovens tomaram o microfone e mostraram o quanto estão empenhados em disputar os espaços de poder, de participação política. Dirigiram perguntas aos expositores, mostraram-se atentos às propostas para inserção da juventude e também preocupados com o real alcance dessas políticas nas comunidades.

“As pessoas da base não conhecem a CNPI, não sabem o que está sendo encaminhado. Não é tirando o mérito, mas acho que tem de ser pensada uma forma de realmente socializar essa política”, defende Rony Paresi/MT. Em resposta, Terezinha concorda que há muito problema para ser resolvido. Diz que a Comissão ainda está engatinhando e que a participação de cada um é muito importante nesse processo.
Pouco antes da votação para os representantes da CNPI e CNJ, Alex Nazaré lembrou aos jovens que, o escolhido deverá falar não só por sua etnia, mas por toda a juventude indígena. Felizmente, a união dos jovens não é problema. Desde o início do Seminário eles mostraram que, juntos, vieram para fazer história.

Concorrentes para representante na CNPI:

Anderson Suruí/RO
Tuynake Karajá/TO
Tanielson Potiguara/PB
Narubia Karajá/TO
Joao Gilberto/MT
Marcio Kokoy

Concorrentes para representante na CNJ:

Dnamam Tuxá/BA
Athaid Guarani/SP
Délio Dessano/AM
Giovani Paresi/MT
João Terena/MS
Narúbia Karajá/TO

Resultado Final:

Titular na CNPI com 20 votos: Anderson Suruí/RO
Suplente na CNPI com 17 votos: Marcio Kokoy
Titular na CNJ com 31 votos: Dnamam Tuxá/BA


 

Fonte: Funai – Fundação Nacional do Índio
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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