DE DARWIN AOS DIAS DE HOJE, UM CELEIRO DE NOVIDADES PARA A CIÊNCIA

Panorama Ambiental
Brasilia (DF) – Brasil
Fevereiro de 2010

Carla Lisboa - Brasília (02/02/2002) – Não se sabe exatamente quem foi o primeiro felizardo a pisar no arquipélago de Abrolhos. Sabe-se apenas que os primeiros registros das ilhas foram feitos pelos antigos navegadores portugueses, que lhe deram o nome a partir da expressão “abre os olhos”, um alerta para quem não quizesse ficar com o barco encalhado nos corais. Pelo arquipélago, situado no litoral sul da Bahia, passaram grandes nomes da história dos Descobrimentos, como o italiano Américo Vespúcio e o português Pedro Álvares Cabral.

As cinco ilhotas aparecem também em famosos e históricos roteiros de expedições científicas. Elas tiveram o privilégio de receber em seu solo – formado por um aglomerdo de rochas vulcânicas e de vegetação rasteira e repleto de aves marinhas, lagartos e até espécies invasoras, como ratos, deixados ali pelos navios portugueses – nada mais nada menos do que o inventor da Teoria da Evolução, o naturalista inglês Charles Darwin.

Em 1832, Darwin aportou-se com o navio expedicionário Beagle nesse pequeno mundo e coletou animais e plantas que serviram de matéria-prima para seus estudos sobre a origem das espécies. O cientista ficou impressionado com o que observou no solo das ilhas, mas ficou deslumbrado com um vasto e único campo de corais submerso nas águas azul-turquesa do Oceano Atlântico até então totalmente desconhecido Abrolhos.

Em suas anotações, ele dizia que “o fundo do mar em volta das ilhas era densamente coberto por enormes corais cerebriformes (corais pedrentos, solitários, de aparência semelhante ao cérebro); muitos tinham mais de uma jarda (90 cm) de diâmetro”, descreveu. Até hoje o cenário multicolorido é ainda desconhecido e procurado por milhares de turistas durante todo o ano.

No fim do ano passado, uma equipe de cientistas do Instituto de Oceonografia da Universidade de São Paulo (USP) foi mais longe e, ao concluir o maior levantamento e mapeamento oceanográfico já feito na região, constataram que o parque nacional corresponde a somente 2% do banco de Abrolhos.

Descobriram também um novo ambiente marinho nunca antes registrado em lugar nenhum do mundo. Trata-se do mapeamento de ambientes menos conhecidos e alguns recifes mais profundos. Nessa região, eles se depararam com “uma área de recifes mesofóticos, que vivem em condições luminosas menos intensas e estão a uma profundidade de 20 ou 30 metros, chegando até a 80 ou 90 metros”, segundo o pesquisador Paulo Sumida.

A nova descoberta mostra que em Abrolhos ainda se tem muito o que explorar em termos científicos. Espécies endêmicas de corais são vistas nos chamados chapeirões – os quais também só existem no banco de Abrolhos. Os pesquisadores vasculharam cerca de 46 mil quilômetros quadrados em uma área denominada de plataforma de Abrolhos.

Eles encontraram, ainda, uma área sete vezes maior do que a conhecida anteriormente descobriram bancos de algas calcárias, ou rodólitos, que se estendem ao longo da borda da plataforma, servindo como refúgio para corais de águas rasas.

Mas a grande descoberta foram as chamadas “buracas”, consideradas outras feições inusitadas encontradas na área do banco de rodólitos a 90 metros de profundidade. As “buracas” serão, em breve, objeto de estudo e publicação em artigo científico. “Segundo nossos levantamentos, parece não existir nada parecido no mundo”, informa o pesquisador da USP.

A natureza, considerada exótica nos 90 hectares do parque nacional marinho, explode em vida e exuberância o ano inteiro e, por isso mesmo, o turismo pode ser praticado em qualquer estação e em qualquer época. Entre julho e novembro, o turista tem a possibilidade de observar de perto as baleias jubarte. As águas de Abrolhos são as únicas do Atlântico Sul para onde as jubartes migram.

O mergulho para observação de corais é o grande espetáculo das ilhas de Abrolhos. Embora as belezas da região sejam acessíveis em todas as estações do ano, é no verão que as águas do Oceano Atlântico ficam límpidas, convidativas e próprias para a prática do mergulho.

Nesse período, é possível, durante um mergulho, visualizar até cerca de 20 metros de profundidade e observar com clareza e precisão a imensa proliferação de recifes de corais que fazem parte do parcel de Abrolhos. São quilômetros de vários tipos de ambientes marinhos, formando um mundo submerso e totalmente colorido.

Quase sem vegetação e aparentemente inóspitas, as cinco pequenas ilhas são o paraíso das aves marinhas e seu entorno submerso é um dos mais ricos e belos lugares do mundo para o mergulho e o turismo ecológico durante o verão do hemisfério sul. O colorido começa na superfície e se torna magnífico no fundo do mar. A Ilha Guarita, por exemplo, tem uma coloração que se alterna entre o negro das rochas e o branco do guano, excremento dos beneditos, também conhecidos como andorinhas-do-mar, uma das aves marinhas do arquipélago.

Nas encostas abruptas, podem ser vistos os ninhos das fragatas. Os atobás, as grazinas e as demais aves que usam a ilha como ninhal fazem o cerimonial: elas acompanham as embarcações que chegam na região de perto. Para chegar em Abrolhos, é necessário ir até Caravelas, no sul da Bahia e, de lá, embarcar em catamarãs e seguir até o parque nacional.


 

ICMBio - Instituto Chico Mendes
Ascom

 
 
 
 

 

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