CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS CONSTATA SITUAÇÃO DE MISÉRIA E PRECONCEITO EM ÁREAS INDÍGENAS EM MS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2010

Enviado por Lilian Beraldo, seg, 08/03/2010 - 19:23
Lisiane Wandscheer
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), visitou hoje (8) áreas indígenas no município de Dourados (MS) onde foram constatadas condições degradantes e miseráveis. O objetivo da visita é verificar as denúncias de violações contra indígenas Kaiowá e Ñandeva, da etnia Guarani, e elaborar um relatório com recomendações às autoridades estaduais e federais.

Segundo o diretor de Defesa de Direitos Humanos da SEDH, Fernando Matos, em vários locais faltam alimentos e água, há problemas na demarcação da área e preconceitos na região contra os indígenas. “Vivemos como porcos no chiqueiro”, disse Matos, citando a frase de um cacique.

Matos disse ainda que os indígenas estão impedidos de realizar atividades de subsistência típicas de sua etnia como a caça e a pesca e que há denúncias de homicídios.

“Nós tememos que haja algum tipo de retaliação em função da vinda do conselho. Pediremos, amanhã, que sejam tomadas medidas que preservem a integridade destas pessoas”, afirmou Matos.

Pela manhã, o grupo esteve na aldeia de Passo Piraju, a 20 quilômetros de Dourados, onde conversaram com lideranças. Depois, o grupo seguiu para o presídio Harry Amorim Costa. O local concentra a maior população carcerária indígena do país, com aproximadamente 100 índios.

O advogado do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Rogério Batalha, que participa das visitas, disse que Mato Grosso do Sul tem a pior situação de demarcação de terras do país e a segunda maior população indígena do Brasil com cerca de 70 mil indígenas.

“A fronteira agrícola avançou nos anos 70, mas houve poucos avanços no reconhecimento das áreas indígenas. A falta de regularização desencadeou problemas sociais, violência, consumo de drogas e álcool e o maior índice de assassinatos de índios no país”, destacou o advogado do Cimi.

De acordo com o procurador do Ministério Público Federal de Dourados, Marco Antônio Delfino, antes, os indígenas viviam na região de forma pacífica, mas com a expansão da fronteira agrícola, a destruição da floresta e a expulsão dos índios de suas terras, o clima mudou.

“Hoje a situação é explosiva na região, próxima a chegar a um estopim”, alerta Delfino. Durante a tarde, o grupo percorreu as comunidades Guarani Kaiowá e Guarani Ñanderu Laranjeira, a 50 quilômetros de Dourados, e amanhã (9) estará em Campo Grande para se reunir com autoridades locais e federais.

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Cimi reclama da demora no processo de demarcação de terras indígenas no MS

Enviado por João Carlos Rod..., qua, 10/03/2010 - 17:29
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Egon Heck, reclama que o governo do Mato Grosso do Sul, prefeituras e fazendeiros estão usando recursos judiciais e administrativos para inviabilizar o processo de demarcação das terras indígenas na região de Dourados, no sul do estado.

“Há uma intenção clara de impedir que qualquer trabalho seja feito até julho”, disse o coordenador, afirmando que não acredita que possa haver encaminhamento da demarcação de terras para os índios Guarani (Kaiowá e Ñandeva) a partir daquele mês, durante a campanha eleitoral.

Segundo ele, quem se opõe à demarcação usa “estratagemas” e recorre a “medidas protelatórias” como a exigência determinada pela Justiça de aviso prévio de 30 dias aos ocupantes das terras em análise para realização de trabalho de campo para a demarcação; e como a participação de representantes do governo estadual nos grupos de trabalho que devem fazer estudos das áreas.

De acordo com nota da Fundação Nacional do Índio (Funai), “os estudos de identificação das terras indígenas no Mato Grosso do Sul foram interrompidos em setembro de 2008, até a publicação da Portaria nº179, de 26 de fevereiro de 2009, que estabeleceu os procedimentos a serem adotados pelos grupos de trabalho da Funai. No documento, fica garantida a participação de um servidor indicado pelo governo do estado do Mato Grosso do Sul para acompanhar os estudos de identificação e delimitação”.

Na opinião de Egon Heck, os setores contrários à demarcação “dizem que querem resolver, mas não deixam resolver”.

A avaliação do coordenador geral do Cimi destoa da percepção de Percílio de Sousa Lima Neto, vice-presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH). Ele esteve no estado nos últimos três dias liderando a comissão que foi verificar as denúncias de violações dos direitos dos indígenas e elaborar um relatório com recomendações ao Conselho Nacional de Justiça, Procuradoria-Geral da República, Ministério da Justiça e ao governo do Mato Grosso do Sul.

Segundo Percílio, o contato com autoridades e empresários evidenciou “a disposição muito forte de todos em querer resolver” e “retomar o diálogo”. Segundo o vice-presidente do CDDPH, “a indefinição jurídica acaba gerando um estado de insegurança” aos produtores e governantes. A comissão esteve em audiência com o governador do MS, André Puccinelli (PMDB), e com a diretoria da Federação da Agricultura do Estado do Mato Grosso do Sul (Famasul).

A comissão também visitou a aldeia da comunidades Kaiowá/Guarani Ñanderu Laranjeira e a aldeia Passo Piraju, próximas a Dourados. De acordo com Percílio Neto, “os índios vivem em absoluto estado de miserabilidade”.

O vice-presidente do CDDPH disse que o “contraste é forte” entre a situação dos índios e a pujança econômica da região, mas ele não quis “satanizar a opulência”. Para Percílio, é preicso resgatar os índios”.

Na próxima terça-feira (16), em Brasília, será apresentada uma nota sobre a viagem da comissão na reunião do CDDPH, que completa 46 anos. O principal assunto da reunião, no entanto, será o debate sobre a terceira edição do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3). Entre as ações programáticas do PNDH 3 está “garantir demarcação, homologação, regularização e desintrusão das terras indígenas, em harmonia com os projetos de futuro de cada povo indígena, assegurando seu etnodesenvolvimento e sua autonomia produtiva”.

 


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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