EMBALAGENS IMPULSIONAM CERTIFICAÇÃO FSC NO BRASIL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2010

11 Junho 2010
Bruno Taitson, de Brasília
A marca do Conselho de Manejo Florestal (FSC), até alguns anos pouco conhecida no país, já faz parte da vida de milhões de brasileiros. Atualmente, é comum observar o selo FSC em embalagens de suco e leite, contas de telefone, publicações, extratos bancários e faturas de cartão de crédito.

A Tetra Pak, maior fabricante de embalagens do mundo, com duas fábricas e 1.200 funcionários no Brasil, anuncia que, em 2010, metade da produção brasileira da empresa terá o selo FSC. “São 5 bilhões de embalagens que chegarão aos lares com a marca da principal certificação do planeta”, afirma Fernando Von Zuben, diretor de meio ambiente da empresa.

O executivo destaca ainda que, até 2014, 100% das embalagens fabricadas pela Tetra Pak no Brasil – ou seja, 10 bilhões de unidades – terão a chancela do Conselho de Manejo Florestal. Empresas como Coca-Cola, Unilever, Pão de Açúcar, Carrefour, Walmart e Pepsico já aderiram à certificação em embalagens de lácteos, sucos e outros produtos.

A certificação FSC assegura que o processo produtivo certificado utiliza insumos em conformidade com critérios ambientais e sociais, seguindo condicionantes de sustentabilidade, e obedecendo às legislações trabalhista e fiscal.

Fernando Von Zuben acrescenta que, por uma política de sustentabilidade da empresa, os custos adicionais de uma embalagem certificada não são repassados para os clientes. “Não cobramos nada a mais das empresas por isso, nosso objetivo é aplicar, de fato, os conceitos de sustentabilidade”, disse. A Tetra Pak investe anualmente, no Brasil, R$ 7 milhões em ações voltadas para a sustentabilidade socioambiental.

Conservação e inclusão social

“O cliente que compra um produto que leva o carimbo do FSC pode ter a certeza de estar contribuindo para a conservação do meio ambiente e para a inclusão social de milhares de comunidades, que recebem um preço justo por sua produção”, avalia Mauro Armelin, coordenador do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável do WWF-Brasil.

Dados do Imaflora – certificadora independente credenciada pelo FSC – dão conta de que, no Brasil, a certificação por cadeia de custódia, que atesta a sustentabilidade socioambiental de toda a cadeia produtiva, cresceu 28% no ano de 2009, em comparação com o ano anterior.

“Os setores gráfico, de embalagens e de tissues [lenços de papel e similares] são os principais responsáveis por esse crescimento”, informa Luciana Papp, coordenadora de certificação do Imaflora.
Luciana Papp destaca que, nos últimos anos, a quantidade de áreas certificadas na Amazônia ficou estagnada, principalmente por questões ligadas à demora no licenciamento de projetos e a indefinições por parte do poder público. “Esperamos que, a partir do ano que vem, as áreas certificadas voltem a crescer com as concessões de florestas públicas para a atividade madeireira sustentável”, salienta a coordenadora.

Mauro Armelin, do WWF-Brasil, também demonstra otimismo em relação ao potencial de crescimento das áreas certificadas na Amazônia. “Depois de três anos arrumando a casa, tudo indica que o Serviço Florestal Brasileiro terá condições de implementar de forma efetiva as concessões. A expectativa é que sejam licitados 400 mil hectares ainda em 2010”, relata.

De acordo com a lei de concessões de florestas públicas, comunidades e empresas poderão explorar, de forma sustentável, áreas de florestas públicas. A ideia é que, com o modelo, criem-se condições de
geração de emprego e renda aliada à conservação das florestas.

No Brasil, atualmente, cerca de 5 milhões de hectares contam com a certificação FSC. O percentual é baixo, especialmente considerando-se a extensão de áreas florestais no país e levando-se em conta o fato de, no mundo, haver 130 milhões de hectares certificados.

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Código Florestal: ambientalistas demandam posicionamento de presidenciáveis

15 Junho 2010
Um conjunto de 13 organizações não-governamentais enviou nesta terça, 15 de junho, uma carta aberta aos candidatos à Presidência da República. O documento pede que os presidenciáveis se posicionem de forma contrária às ameaças à legislação ambiental brasileira, protagonizada por parlamentares ruralistas.

Nesta terça, em reunião da Comissão Especial do Código Florestal, na Câmara, parlamentares contrários à proposta de mudança apresentada pelo Deputado Aldo Rebelo pediram vista do projeto. Uma nova sessão foi marcada para segunda-feira, 21 de junho (atualização: a sessão foi adiada para 28 de junho). Eis a íntegra da carta enviada aos presidenciáveis:

Carta-consulta aberta aos candidatos Presidência da República sobre o Código Florestal Brasileiro

A Câmara dos Deputados criou em 2009 a Comissão Especial para propor a revisão do Código Florestal, presidida pelo deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), tendo como vice-presidente o deputado Anselmo de Jesus (PT-RO) e relator o deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP). O relatório final do deputado Aldo Rebelo foi apresentado no dia 9 de junho.

Entre vários retrocessos identificados na proposta como, por exemplo, contrariar o princípio constitucional da função social da propriedade (rural e urbana), o relatório propõe anistia nos cerrados e florestas da Amazônia a mais de 40 milhões de hectares de desmatamentos ilegais verificados depois de 1996. Essa anistia corresponde a 14,6 bilhões de toneladas de CO2 emitidas ilegalmente.

O relatório propõe ainda que cada estado brasileiro possa, a seu critério, reduzir em até 50% os limites definidos pela legislação federal nas áreas de preservação permanente, que correspondem às matas protetoras dos cursos d'água em margens de rios, lagos e nascentes. Estes mesmo espaços territoriais, não por acaso, são considerados pela Defesa Civil como áreas de risco em função dos eventos climáticos extremos, tais como cheias e trombas d'água, que já desalojaram milhares de famílias, principalmente na região Sul e Sudeste do país, nos últimos anos.

Outra medida grave proposta no relatório é a isenção da exigência de reserva legal para imóveis de até quatro módulos fiscais em todo território do país. Isso pode significar, somente na floresta Amazônica, a eliminação da reserva legal em até 70 milhões de hectares. Supondo que metade dessas áreas já esteja desmatada, ainda assim o projeto de lei retira a proteção legal de pelo menos 35 milhes de hectares de florestas.

Se aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República, estarão liberados legalmente cerca de 12,8 bilhões de toneladas de CO2 hoje estocados nas florestas da Amazônia. Isso corresponde a três vezes a meta brasileira de redução de emissões por desmatamento apresentada em dezembro de 2009 pelo Brasil em Copenhague.

A conclusão é que a proposta em debate praticamente anula os esforços da Lei de Política Nacional de Mudanças Climáticas (Lei Federal 12.187), aprovada em dezembro de 2009. A legislação estabelece uma meta nacional voluntária de redução de CO2 estimada entre 36,1% e 38,9 % das emissões projetadas até 2020, além de praticamente revogar por completo o Código Florestal.

Nesta terça, 15 de junho, foi concedida vista coletiva ao relatório a deputados membros da Comissão Especial do Código Florestal. O relatório será colocado em votação no próximo dia 21 de junho na comissão, onde parlamentares ruralistas têm ampla maioria.

Diante do exposto, as organizações da sociedade civil abaixo signatárias solicitam um posicionamento conclusivo e público dos candidatos à Presidência da República a respeito do relatório do deputado Aldo Rebelo, antes de sua votação da Comissão Especial.

A falta de posição pública e clara dos candidatos será interpretada como conivência diante desta ameaça, que pode comprometer por completo a política nacional de mitigação das mudanças climáticas com impactos para além do próximo mandato presidencial.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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