MOVIMENTOS SOCIAIS PROTESTAM CONTRA
CRIAÇÃO DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2010

Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Ambientalistas e representantes de movimentos sociais se reuniram hoje (10), em frente a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), para um ato contra o novo Código Florestal, em discussão no Congresso Nacional. Eles afirmam que a medida vai prejudicar a agricultura familiar e destruir as áreas de Preservação Permanente (APP).

“Mais alimento e menos desmatamento”, defendem os ambientalistas e agricultores familiares que participaram da manifestação. Agricultores familiares afirmam que a nova lei não vai beneficiar os pequenos agricultores. “A agricultura familiar vai ser prejudicada diretamente pela própria expansão do agronegócio sobre as terras desmatadas e sobre as áreas da agricultura familiar”, disse Fernando Moura, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Os movimentos sociais Via Campesina, MST e os representantes dos agricultores familiares que participaram do ato disseram que a proteção ambiental não prejudica a agricultura familiar. “Essa nova proposta vai facilitar o desmatamento, vai dificultar a proteção dos rios e das florestas e ainda permitir a expansão do agronegócio nessas áreas desmatadas. Essa proposta é um imenso retrocesso. Se for aprovada, vai trazer imensos problemas do ponto de vista climático e no equilíbrio ecológico e vai dobrar o desmatamento no país. Além disso, o Brasil não vai poder diminuir em 39% o desmatamento, como acertou no Acordo de Copenhague”, disse Moura.

O representante da organização não governamental (ONG) Greenpeace, Paulo Adário, afirmou que o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator da proposta de alteração do Código Florestal na comissão especial criada pela Câmara dos Deputados, acredita que o desmatamento irá promover o crescimento do país. “A nova proposta permitirá o esquartejamento do Código Florestal, ela abriu uma brecha para acabar com a reserva legal e com as APP. Ele [Rebelo] acredita que quem preservar é contra o desenvolvimento do país. Nós sabemos que não precisa desmatar para o Brasil crescer.”

Segundo o representante da ONG SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, a quantidade de terras já desmatadas é o suficiente para a produção e expansão da agricultura. “Estudos comprovam que o que já existe de área aberta poderia produzir três ou quatro vezes mais”, disse Mantovani.

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Setor madeireiro se moderniza a partir do combate ao desmatamento na Amazônia

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um levantamento inédito sobre a produção de madeira na Amazônia Legal aponta uma queda significativa no consumo de madeira em tora entre 1998 e 2009. No final da década de 90, o consumo foi de 28,3 milhões de metros cúbicos. No ano passado, o volume caiu pela metade e atingiu 14,2 milhões de metros cúbicos.

Para Alberto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a redução da produção de madeira tem a ver com mudanças no mercado (substituição do uso da madeira por plástico PVC, metais e madeira de florestamento – MDF) e com o aumento da fiscalização. Para ele, o mercado está “mudando de perfil” e caminha para o fornecimento regular (sem problema de licenciamento) de produtos uniformes com origem certificada.

O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) - órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e parceiro do Imazon na realização do levantamento -, Antônio Carlos Hummel, também confirma a modernização do setor.

Para Hummel, a queda ocorreu por causa da diminuição de produção ilegal de madeira graças à chamada “política de comando e controle” (fiscalização), à suspensão dos planos de manejo em terra pública e à substituição das antigas autorizações de transporte de produtos florestais – ATPF, que eram impressas (e falsificadas), pelo Documento de Origem Floresta (DOF) que tem controle eletrônico.

De acordo com Alberto Veríssimo, as medidas resultaram no fechamento de muitas madeireiras. “Houve uma crise severa para quem dependia da atividade ilegal.” Ele aponta, no entanto, que há saída e compara a situação dos municípios vizinhos de Tailândia e Paragominas (ambos no nordeste do Pará). Segundo ele, Paragominas mantém a produção com madeira de reflorestamento e Tailândia ainda vive problemas com o fechamento das antigas madeireiras.

O Imazon prepara-se para divulgar novo diagnóstico do setor moveleiro no qual verificará o aumento da produção de MDF em todo o país (originário de plantações de pinus e eucalipto), inclusive na Amazônia.

“A madeira tropical (como cedro, ipê e maçaranduba) será usada apenas para o mercado de luxo”, prevê Alberto Veríssimo que imagina que a Amazônia, que vende 72% da sua produção de madeira em forma de tábua (sem valor agregado), sofisticará a produção unindo tecnologia para a produção de piso e esquadrias, por exemplo.

Veríssimo e Hummel alertam, no entanto, para as mudanças propostas no Código Florestal, segundo relatório elaborado pelo deputado federal Aldo Rabelo (PCdoB-SP), que deverá ir a votação na próxima semana em comissão especial da Câmara dos Deputados. “Esse relatório tem equívocos conceituais graves e merece um debate maior. É um retrocesso”, classificou Hummel.

Alberto Veríssimo avalia que o relatório “é muito parcial” e sinaliza “um afrouxamento das regras”.

Para Hummel, a saída para o setor madeireiro é fazer manejo florestal em áreas concedidas como na Floresta Nacional de Jamari (RO). Segundo ele, até o final do ano, 900 mil hectares serão concedidos para exploração legal de madeira nas florestas nacionais de Jamari (RO), Saraca-Taquera, Amana e Crepori, no Pará.

Em 2009, a indústria madeireira da Amazônia Legal gerou 204 mil postos de trabalho diretos e indiretos e movimentou cerca de R$ 5 bilhões. O Pará participou com 43% da receita, Mato Grosso, com 33%; e Rondônia, com 15%. Os três estados são historicamente os que mais desmatam a floresta.

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Aldo Rebelo reconhece que votação do relatório sobre o Código Florestal deve ser adiado novamente

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O relator da proposta do novo Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), admitiu hoje (22) que a votação do seu relatório deve ser adiada novamente. A proposta deveria ter sido apreciada no último dia 15, mas a votação foi postergada para o dia 21 e depois remarcada para a próxima segunda-feira (28).

A mudança nas datas ocorre devido a disputa entre os deputados ruralistas, que querem que a votação ocorra o mais rápido possível e os ambientalistas, que defendem que haja mais tempo para apreciar a matéria. A intenção da bancada ligada ao meio ambiente é que o tema seja apreciado após as eleições.

Apesar de o relator ressaltar que a decisão cabe ao presidente da comissão especial da Câmara que trata do assunto, Moacir Micheletto (PMDB-PR), ele ponderou que apenas em oito dias não se resolvem divergências que se arrastam por meses. “Não estamos querendo atropelar ninguém, não é uma corrida de Fórmula 1, e se fosse, não seria eu o Felipe Massa”, disse após participar do Congresso Madeira 2010.

Rebelo também rebateu algumas críticas que o seu relatório recebeu. Ele classificou de “risível” a possibilidade apontada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, de que a proposta criaria o risco da disputa entre os estados para atrair investimentos.

De acordo com o deputado, a possibilidade dos estados poderem legislar sobre o tamanho das áreas de preservação permanente afeta somente os pequenos proprietários, porque as quantidades de terras envolvidas não são significativas em grandes propriedades.
Rebelo também negou que o projeto de lei incentive o desmatamento. Ele ressaltou que a proposta prevê uma moratória de cinco anos sem expansão da fronteira agrícola. Em relação a reserva legal, o deputado ressaltou que está previsto somente para quem derrubou as matas até 2008, estes não necessitarão plantá-las novamente, mas não será permitido o desmatamento do que ainda está de pé.

“Ele [produtor] não está dispensado de manter o que ele tem de mata. Ele não está autorizado a se desfazer de nada, está desobrigado de recompor”, destacou.

O relator disse que as alterações na lei não trazem o risco de que haja boicote internacional aos produtos agrícolas brasileiros. Na opinião de Rebelo, as exportações brasileiras já são penalizadas com as restrições ambientais e com as barreiras tarifárias impostas por determinados países. “Os nossos produtos já estão sofrendo as barreiras ambientais e tarifárias”.


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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