GESTÃO DE CULTURAS AGROENERGÉTICAS EM HARMONIA COM BIODIVERSIDADE EM SE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2010

(09/07/2010) Foi dado, de 5 a 7 de julho, o primeiro passo do projeto ‘Planejamento do Projeto Gestão Ambiental e Proteção da Biodiversidade em Culturas Energéticas no Entorno de Unidade de Conservação em Sergipe’.

O encontro inicial do projeto reuniu pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), autoridades ambientais estaduais e da cidade de Capela, no Leste Sergipano, além de produtores agroindustriais e assentados que vivem e produzem cana-de-açúcar no entorno do Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco.

A ação, que tem a parceria da Embrapa, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos de Sergipe (Semarh), Prefeitura de Capela e Ministério do Meio Ambiente (MMA), é parte integrante do Projeto Nacional de Ações Integradas Público-Privadas para a Biodiversidade (Probio II / GEF-MMA) e tem recursos do Banco Mundial. O objetivo do projeto é integrar procedimentos de gestão ambiental em estabelecimentos rurais dedicados ao setor agroenergético, visando organizar esforços de proteção da biodiversidade em áreas de conservação.

Articulação

A primeira parte do encontro aconteceu no dia 5, na sede da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Aracaju. Pesquisadores, bolsistas e gestores do projeto realizaram o nivelamento das informações gerais e da metodologia. Na terça-feira, 6, o grupo seguiu para Capela, a 45 quilômetros da capital, para visita e apresentação da equipe do projeto às autoridades e instituições municipais, bem como a administradores e o Conselho Gestor da Unidade de Conservação.

Na sexta-feira, 7, na sede do refúgio, a equipe do projeto se reuniu com as partes interessadas ao som das vocalizações dos grupos de macacos guigó (Callicebus coimbrai), espécie endêmica da região de mata atlântica da Bahia e Sergipe, ameaçada de extinção.

O momento serviu para que o coordenador da Unidade de Conservação, Raone Beltrão, apresentasse os dados do refúgio, que tem 895 hectares em duas áreas, e foi criado em dezembro de 2007 por decreto estadual. Os principais objetivos da UC são proteger a nascente do Riacho Lagartixo e as populações do macaco guigó. As estimativas são de que cerca de 12 a 15 grupos com até cinco primatas habitem o local.

Riachos e nascentes com límpidas águas, além de imponentes árvores como o cedro e a massaranduba, encantam os que visitam o refúgio e cruzam as trilhas na companhia dos guias florestais e sob a proteção dos brigadistas.

No final da manhã, os membros do projeto seguiram pelas picadas e viram de perto as belezas e a biodiversidade do que ainda resta de mata atlântica em Sergipe. A emoção de ver o macaco guigó saltar pelos galhos e emitir sons que ecoam pela da densa floresta é única.

Metodologia

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Geraldo Stachetti Rodrigues, coordenador do projeto, apresentou a metodologia de pesquisa aos agricultores do assentamento José Emídio dos Santos, onde se encontra a área de proteção. Segundo ele, os estados de Sergipe, Minas Gerais e Pará serão pioneiros no estudo.

“Além da produção sucroalcooleira em Capela, iniciamos as articulações institucionais para desenvolvimento do projeto na Estação Biológica de Caratinga (MG), habitat do macaco muriqui-do-norte e que tem no seu entorno floresta energética de eucalipto, bem como o noroeste da floresta amazônica, em Tailândia, PA, com interação com produção de dendê para biocombustível”, revelou.

Segundo Stachetti, em 2011, o projeto se estenderá a áreas de plantação de soja para biodiesel.

A metodologia envolve o levantamento de extensos dados ambientais e socioeconômicos da localidade para traçar um diagnóstico com indicadores de sustentabilidade ambiental, como qualidade da água, ar e solo, além de ecologia da paisagem (biodiversidade vegetal e animal) e nível de amadurecimento da gestão e administração.

Todos os conhecimentos e tecnologias desenvolvidas ao longo o estudo são transferidos para os produtores que atuam e moram na área, além dos demais atores envolvidos na conservação do refúgio. O objetivo é garantir a sustentabilidade da atividade agroenergética com a proteção da biodiversidade, uma prioridade do MMA.

De acordo com o pesquisador, a partir de agosto a equipe do projeto deve retornar à Unidade de Conservação para iniciar a execução dos trabalhos, com levantamento de dados em campo e diálogo com os produtores locais. Serão iniciadas conversas com o Incra e lideranças para planejar trabalhos de campo.

Visões

O agricultor Manoel Farias é secretário executivo da cooperativa dos assentados Cooperleste e membro do assentamento José Emídio dos Santos, instituído em 2005 com homologação e assentamento das famílias em fevereiro de 2006. Lá habitam 280 famílias distribuídas em oito agrovilas – são 972 tarefas de cana mantidas por 82 agricultores, dos quais 35 trabalham com manejo sustentável. A maior parte da produção é vendida às usinas da região para o processamento.

Para Seu Manoel, é preciso que os assentados também criem a consciência de se adequar às novas realidades. “A chegada dos trabalhos de pesquisa traz uma nova dinâmica, que precisamos entender e nos enquadrar para não ficarmos para trás. Nós também precisamos fazer nosso dever de casa em relação à questão ambiental”, acredita.

Farias entende que é preciso intensificar as ações de educação ambiental junto aos assentados para que possam desenvolver ações de mitigação dos danos já causados e plantar e produzir sem danos à área de conservação. “A história nos mostrou que a condenação sumária dos companheiros que porventura causaram danos à mata não resolve o problema. O diálogo, a cooperação e o aprendizado contínuo são a chave para que possamos produzir de nos sustentar em harmonia com o meio ambiente”, defende.

Geraldo Stachetti destacou a grande receptividade e o apoio dos assentados e das instituições municipais e estaduais ao projeto. “A acolhida dos principais atores, que são os produtores rurais, principalmente do assentamento, é fundamental para o sucesso da iniciativa”, ressalta.

Participaram do encontro, pela Embrapa, além de Stachetti, os pesquisadores Edmar Siqueira e Júlio Amorim, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, e de Nilza Patrícia Ramos e Marcos Neves, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente.
Saulo Coelho


 

Fonte: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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