PECUÁRIA NA AMAZÔNIA: UM PASSO DE CADA VEZ

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2010

Frigoríficos afirmam ter parado de comprar gado de terras indígenas e unidades de conservação, um ano após o lançamento do relatório do Greenpeace sobre pecuária na Amazônia.

Os três maiores frigoríficos do Brasil – JBS/Bertin, Marfrig e Minerva – anunciaram na última semana que deixaram de comprar gado de 221 fazendas localizadas dentro de terras indígenas, unidades de conservação ou próximas a áreas recém-desmatadas na Amazônia. Outras 1.787 propriedades, num raio de até 10 quilômetros de novos desmatamentos, unidades de conservação e terras indígenas, passam por averiguação. As empresas declararam também ter o ponto georreferenciado de mais de 12.500 fazendas, número que, segundo elas, representa 100% da cadeia de fornecedores diretos da região.

"A apresentação desses números é uma clara e bem-vinda sinalização de que o setor está de olho nas novas exigências do consumidor preocupado com o meio ambiente em todo o mundo. As empresas precisam agora ampliar e consolidar esse trabalho, realizando auditorias nos processos, garantindo transparência e confiabilidade aos dados e convencendo seus fornecedores a disponibilizarem mapas com os limites georreferenciados das propriedades", afirma Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.

Os resultados entregues, nove meses após a assinatura de acordo entre os frigoríficos e o Greenpeace (assinado em outubro do ano passado), correspondem à primeira etapa do compromisso assumido pelas empresas-líderes do setor da pecuária com desmatamento zero na Amazônia: cadastrar e mapear todas as fazendas de seus fornecedores diretos, para não comprarem mais gado proveniente de áreas recém-desmatadas na região, de terras indígenas e áreas protegidas.

O monitoramento dessa cadeia produtiva é essencial para que clientes e consumidores de produtos bovinos não contribuam indiretamente para a destruição da maior floresta tropical do mundo. No entanto, para que esse processo ocorra de forma eficaz e transparente, é indispensável a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) das propriedades, ferramenta que possibilita monitorar por satélite e identificar com segurança todos os fornecedores – tanto os que produzem sem desmatar quanto os que desmataram a floresta após outubro de 2009.

No Mato Grosso, detentor do maior rebanho do país, menos de 5% das fazendas estão cadastrados no sistema de licenciamento ambiental do governo do estado. A exigência do cadastro é lei e tem prazo para ser cumprida: novembro deste ano. No Pará, o número de fazendas registradas junto ao CAR – Cadastro Ambiental Rural – saltou, em menos de um ano, de cerca de 300 para 19 mil propriedades inscritas, devido às pressões exercidas por consumidores e pela atuação do Ministério Público Federal, que moveu ações obrigando parte da cadeia a realizar o cadastramento. Porém, esse número ainda representa apenas 9% do total de propriedades do Estado.

"As pressões dos frigoríficos são fundamentais para promover o cadastramento das fazendas nos Estados. Também vamos cobrar daqueles que ainda não assumiram nenhum compromisso com a floresta. Os consumidores precisam saber quem ainda não está se mexendo para tirar o desmatamento de seu negócio", afirma Adário.

Os três frigoríficos responderam, em 2009, por 36% do abate feito na Amazônia Legal. O restante vem de pequenos, médios e grandes frigoríficos que até agora não assumiram compromisso com o desmatamento zero e vendem seus produtos para os consumidores, por meio de supermercados que ainda não limparam suas prateleiras de passivos ambientais e sociais.

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Cargill de volta à berlinda

Com dez anos de atraso, empresa apresenta Estudo de Impacto Ambiental de seu terminal de grãos em Santarém. Ministério Público aponta dados falsos no documento.

em Santarém. ©Greenpeace/Carlos Matos
Há dez anos enroscada na Justiça com o terminal graneleiro que construiu irregularmente no porto de Santarém, Pará, a Cargill continua tendo que se explicar. Na última sexta-feira, dois dias após a audiência pública que discutiu o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do empreendimento, os Ministérios Públicos Estadual e Federal do Pará entraram com um pedido de abertura de inquérito policial para investigar o uso de dados falsos no documento.

O possível uso de informações manipuladas foi anunciado durante a audiência pública, por uma equipe técnica do MPE que analisou o documento. Segundo a promotora de Justiça do órgão, Lilian Braga, o caso será apurado não só pela Polícia Civil, mas pelo próprio Ministério Público. “Foram constatados alguns dados que não estão de acordo com a fonte citada, e outros que são de períodos diferentes do informado”, explica Lilian. “Isso nos preocupou, porque é esse EIA que está subsidiando o licenciamento. Imagina a licença ser concedida a partir de dados inadequados?”.

A investigação deve ser finalizada até o fim de agosto. Enquanto isso, fica nas mãos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) a decisão de dar ou não a licença para a empresa, que pretende ainda expandir a capacidade do terminal em 50%. “Não temos ingerência para dizer à Sema que pare o processo de licenciamento por conta da investigação”, informa a promotora. Mas, caso a secretaria resolva atropelar a denúncia, o MP pode entrar com uma nova ação civil pública.

Assim como o Ministério Público, outras instituições e organizações entregaram análises técnicas à Sema apontando falhas no EIA da Cargill. “Independentemente desse inquérito policial, o EIA apresentado tem falhas graves. Diferentes instituições identificaram isso e encaminharam seus pareceres à secretaria, como o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Frente de Defesa da Amazônia e o próprio Ministério Público”, diz Raquel Carvalho, da campanha Amazônia do Greenpeace.

A governança frouxa no caso da Cargill gera preocupação, não só pela intenção da empresa em expandir suas atividades, mas também pelos novos empreendimentos que devem chegar à região. Um novo terminal de grãos já está em processo de licitação para o Porto de Santarém, e há dois outros lotes disponíveis para arrendamento de terminais similares.

“Se o governo não estabelecer e cobrar regras claras para operações de escoamento de grãos pelo porto de Santarém, podemos ter um novo ciclo de devastação na região”, alerta Raquel Carvalho.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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