O MEIO AMBIENTE RUGE

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Outubro de 2010

Eleição mostra que deputados identificados com o desmatamento perderam votos. É sinal de que o eleitor quer ver o meio ambiente debatido no segundo turno.

Tom Jobim já dizia que o Brasil não é para principiantes. Enquanto os analistas se dedicam a explicar o resultado e a especular sobre o rumo que Marina Silva irá tomar diante da disputa entre Serra e Dilma no segundo turno, o Greenpeace acredita que é mais do que hora da questão ambiental – justamente a que catapultou a senadora no cenário político brasileiro – encontrar seu lugar entre os temas prioritários da agenda nacional, acabando com a síndrome de que político que fala em meio ambiente perde votos. Marina teve 20 milhões de votos.

Dilma e Serra não podem mais fugir do tema. Para além do que fazer em saúde, educação, segurança e emprego, que são alvo das promessas dos candidatos, o Greenpeace defende que há assuntos dentro da pauta ambiental que precisam ser priorizados no plano de governo de um futuro presidente da República.

O primeiro deles é a compatibilização entre a expansão da agricultura e a garantia da preservação das nossas florestas. Num país com mais de uma centena de milhões de hectares abandonados e outros tantos desmatados, dizer que é preciso desmatar mais para continuar plantando é repetir o velho mantra de que a destruição da natureza é o passaporte para o desenvolvimento.

Assim, a tentativa de acabar com o Código Florestal no Congresso Nacional, que conta com o apoio de setores dos mais diferentes partidos, incluindo o PT e o PSDB, é o primeiro tema que exige da sociedade uma atenção imediata. Qualquer dos dois candidatos que não deixar clara a importância do código para a proteção de nossas florestas vai se comprometer não com o futuro, mas com um Brasil atrasado.

Outro assunto fundamental é o que fazer para que o Brasil assegure o crescimento da sua economia sem sujar a nossa matriz de geração elétrica, baseada principalmente em fontes limpas e renováveis. Não bastasse o fato de estarmos aumentando a geração de energia a partir de fontes sujas, embarcamos na aventura do pré-sal sem medir os impactos ambientais e econômicos dessa opção.

Ela vai dobrar as nossas emissões dos gases de efeito estufa e certamente atrasará o esforço que o país precisa fazer para não perder a corrida tecnológica pela busca do combustível limpo e renovável que vai fazer o mundo se mover no século 21.

O candidato presidencial que decidir ignorar as questões ambientais daqui para a frente corre sério risco de entrar em choque com o eleitor. Se algum deles duvidar disso, basta estudar o que aconteceu na eleição para Câmara dos Deputados. Em todo o país, deputados identificados com a causa ruralista e que combateram o Código Florestal nos últimos meses, defendendo a anistia para desmatadores, viram emagrecer seu cabedal eleitoral ou simplesmente não foram eleitos, caso de Valdir Colatto (PMDB-SC).

Aldo Rebelo (PCdoB-SP), líder da ofensiva contra o Código Florestal, angariou o dobro de fundos mas perdeu 47 mil votos em relação a eleição de 2006. Abelardo Lupion (PMDB-PR), outro ruralista empedernido, foi eleito. Mas não por seus próprios méritos. Teve que se valer da força eleitoral de sua legenda. Com os deputados identificados com a defesa de nossas florestas aconteceu exatamente o contrário. Rebeca Garcia (PP-AM) teve 64 mil votos a mais do que na eleição passada. Ivan Valente (PSOL-SP), de 83 mil votos em 2006, saltou para 189 mil em 2010. O eleitor deu um recado. Ficar a favor do crime ambiental, definitivamente, não compensa.

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Direto ao ponto

Cansados de propostas vagas, ativistas do Greenpeace pedem a Dilma, pessoalmente, que assine compromisso pelo desmatamento zero e pela lei de renováveis.
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, tentou mais uma vez pintar sua campanha de verde. Nesta quarta-feira (20), no Hotel Nacional, em Brasília, ela assinou o documento “Compromissos de Dilma com o Meio Ambiente”, no qual se compromete a fazer do assunto prioridade do governo, caso seja eleita. Mas ativistas do Greenpeace consideraram o documento vago. Sem rodeios, ofereceram uma caneta à candidata e abriram um banner com uma pergunta direta: “Dilma, desmatamento zero e lei de renováveis: você assina embaixo?”

Dilma não assinou, apesar dos conselhos para assinar vindos de Pedro Ivo, assessor de Marina Silva, e do deputado Sarney Filho, ambos do PV e que tinham acabado de declarar apoio à candidata do PT. Irritada, bateu boca com as ativistas do Greenpeace, mas evitou que militantes exaltados partissem para a agressão física.

A candidata se comprometeu com o veto a anistia de desmatadores e com a redução de áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal, propostas de seu companheiro de coligação Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para mudar o Código Florestal. Também afirma que cumprirá as metas de redução de emissão de gases-estufa, assumidas pelo presidente Lula no fim do ano passado na Conferência do Clima.

Porém, ao não assinar, ela contradiz o que ela disse no mesmo local: tolerância zero para desmatador. Agora o Greenpeace espera que a contradição se transforme em afirmação pró-floresta.

“Não queremos um presidente que seja ambientalista desde criancinha, mas que assuma o compromisso e diga com clareza como vai pôr um fim no desmatamento e dar ao país o máximo de participação das energias renováveis em sua matriz energética”, disse Sergio Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace. “Essas são apenas duas das principais demandas que o Brasil tem para sair na frente e se tornar uma potência verde no futuro. Vocação nós já temos.”

A ação dos ativistas faz parte da campanha “Vote por um Brasil mais verde e mais limpo”, iniciada este mês pela organização. Diante da apatia dos candidatos em relação aos temas ambientais, o Greenpeace resolveu pedir uma posição mais clara de Dilma Roussef e José Serra (PSDB). Por meio de uma petição online, em uma semana mais de 10 mil pessoas perguntaram aos dois como eles vão garantir que as árvores parem de cair na Amazônia e que fontes limpas como o Sol e o vento entrem de vez na matriz energética do país.

“Os candidatos têm a oportunidade e a obrigação de dizer aos eleitores por qual Brasil eles vão lutar: um verde e desenvolvido ou um devastado e atrasado”, afirma Leitão.

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Mais uma chance perdida

O Greenpeace questionou pessoalmente o candidato José Serra (PSDB) sobre seu compromisso com a manutenção das florestas e uma matriz energética renovável. Mas ele deixou a oportunidade escapar e postergou a decisão para um futuro não definido.

Ponta Grossa, 21 de outubro de 2010 – O candidato José Serra (PSDB) até que tentou, mas não passou do “trololó” quando o assunto foram seus compromissos por um Brasil mais verde e limpo, caso eleito presidente. Na dúvida, um grupo de ativistas do Greenpeace foi pessoalmente questioná-lo em Ponta Grossa, interior do Paraná.

Ele foi interpelado na rua, onde iniciava uma carreata de campanha, com uma faixa onde estava escrito “Serra, desmatamento zero e lei de renováveis: você assina embaixo?” e uma caneta, para assinar uma carta com seu comprometimento com a manutenção das florestas brasileiras e com uma matriz energética limpa.

Serra afirmou para os ativistas que não assinaria na hora e que analisaria o documento em São Paulo.

Uma explicação para a resposta é a diferença de público a quem se refere nas diferentes praças. Em evento em São Paulo, Serra posou de defensor do ambiente; no Paraná, reduto de ruralistas, ele tirou o corpo fora. “Serra teve a oportunidade de comprovar aqui o que vem alardeando em sua campanha, de que é um ambientalista desde criancinha. Por enquanto, ficou só no discurso”, afirma Marcio Astrini, coordenador de campanha do Greenpeace.

A candidata Dilma foi a primeira a desperdiçar sua chance. Ao ganhar de nossos ativistas a mesma carta que selaria um compromisso com o Brasil do futuro, ontem, em evento de lançamento de sua plataforma ambiental em Brasília, apesar do incentivo de aliados, também não assinou.

“Até agora, nenhum dos dois candidatos foi capaz de assumir um posicionamento claro sobre dois temas cruciais tanto para o desenvolvimento quanto para a preservação dos recursos naturais do país e do planeta: o futuro de nossas florestas e o aumento de energias limpas e renováveis”, diz Astrini.

O desmatamento zero baseia-se no fato de que já existem áreas desmatadas suficientes no Brasil para que a produção agropecuária se expanda, sem que seja necessário cortar mais árvores. Já o pedido do Greenpeace por uma matriz limpa vem do imenso potencial de geração de energia a partir do Sol e do vento mal aproveitado no país, e que pode ganhar fôlego com a aprovação do projeto de lei 630/2003, parado no Congresso.

“Os presidenciáveis esperam do eleitor um cheque em branco na questão ambiental. Nós queremos projetos concretos, que mostrem ao povo brasileiro que tipo de presidente pretendem ser, o que luta por um país verde e desenvolvido ou que promove um devastado e atrasado”, conclui Astrini.

Frente ao desinteresse dos candidatos à Presidência em relação a temas ambientais, o Greenpeace iniciou a campanha “Vote por um Brasil mais verde e mais limpo”. Por meio de uma petição on-line, perguntamos aos dois como eles vão garantir o desmatamento zero e o incentivo às fontes limpas de energia.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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