ANGRA 3: SAMBA DE UMA NOTA SÓ

Panorama Ambiental
São Paulo(SP) – Brasil
Novembro de 2010

Banco BNP Paribas, por trás do financiamento de Angra 3, ignora potencial das renováveis e só investe em nuclear. Nós fomos pedir para mudarem a letra em evento na França.

Em plena final do torneio French Masters de tênis, ativistas do Greenpeace dançaram um "samba de uma nota só", em homenagem às avessas ao banco BNP Paribas, patrocinador do evento, que só sabe investir em nuclear e ignora o potencial das energias renováveis.

O BNP Paribas é o maior financiador do mundo de energia nuclear. Está por trás, inclusive, da construção de Angra 3, no Rio de Janeiro.

Quatro ativistas do Greenpeace, com faixas dizendo "BNP, pare os investimentos radioativos", levaram a mensagem aos espectadores do jogo, muitos clientes do banco, antes de serem levados pelos seguranças. Ontem, outro protesto também realizado durante o torneio passou a mesma mensagem.

"O banco está brincando com a segurança dos brasileiros. Ao utilizar o dinheiro de seus clientes para financiar a construção de Angra 3, o BNP investe em um programa nuclear perigoso e obsoleto", afirma André Amaral, coordenador da campanha de nuclear do Greenpeace no Brasil. "O Brasil não precisa de um reator nuclear. O país tem bastante potencial para basear-se em fontes de energia renováveis. A construção de Angra 3 tem de ser cancelada."

A construção de Angra 3 começou em 1984 e foi interrompida em 1986, depois do desastre nuclear de Chernobyl, quando os bancos retiraram seu financiamento de projetos do tipo. A maioria dos equipamentos que serão usados para finalizar o reator é anterior a Chernobyl e mofa no local há 25 anos. Na França, por exemplo, país-sede do BNP, eles não poderiam ser usados - mas no Brasil nada é questionado.

Outros problemas demonstram que a construção de Angra não deveria sair do papel. Só existe uma estrada de acesso ao local, que é frequentemente bloqueada devido a deslizamentos de terra. O Brasil ainda não apresentou uma solução permanente e segura para a estocagem dos rejeitos nucleares, assim como nenhum outro país do mundo.

Não houve nenhuma análise adequada de segurança da usina, com violação de normas internacionais. Em julho, um promotor público brasileiro chegou a recomendar à Eletronuclear e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que brecassem o projeto.

"Os clientes do BNP deveriam exigir que o banco use seu dinheiro para apoiar uma corrida na direção de um futuro energético seguro e renovável, ao invés de ressuscitar um artefato perigoso", afirma Jan Beránek, coordenador da campanha de nuclear do Greenpeace Internacional. "O Brasil não precisa de mais energia nuclear, pois tem recursos hídricos, eólicos e de biomassa abundantes para gerar energia – todas as opções são mais baratas e não trazem passivos ambientais e de segurança."

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Prateleiras fora da lei

Apesar das promessas, supermercados continuam vendendo carne ilegal, tornando seus clientes cúmplices do desmatamento e da invasão de terras indígenas.
Há 40 anos, os Xavantes, tribo do Mato Grosso, lutam pelo direito de ocupar sua própria terra. Expulsos na década de 60 pelo governo, ganharam o direito de voltar na década de 11000 e encontraram seu território tomado por fazendas de gado. Na outra ponta desta ocupação ilegal, estão clientes de produtos pecuários no mundo todo, incluindo os supermercados brasileiros, que compram a carne vendida por estas fazendas, transformando seus consumidores patrocinadores involuntários de um crime humano e ambiental.

Uma equipe do Greenpeace foi convidada pelos Xavantes para conhecer a situação da terra indígena Maraiwatsede, palco da disputa. “Vimos invasão, desmatamento e o desrespeito total à lei” diz Márcio Astrini, da Campanha da Amazônia. Um pouco do que encontramos lá pode ser visto no vídeo abaixo. No último mês, a repórter do jornal O Globo, Liana Melo, também conheceu de perto a realidade local. Seu relato saiu em reportagem no último domingo.

Na aldeia, grande parte das crianças está doente, a população bebe água contaminada e os conflitos violentos são uma constante. Devido ao desmatamento, não há caça, nem madeira para fabricação dos produtos essenciais para a vida dos indígenas. Até mesmo o peixe, antes abundante, hoje tem que ser comprado. É neste cenário que se desenvolve a pecuária. “A realidade é que esta carne, vinda de fazendas dentro de terras indígenas como a de Maraiwatsede, podem estar tranquilamente expostas nas prateleiras de qualquer supermercado no Brasil, ou em qualquer parte do mundo”, diz Astrini.

O caso dos índios Xavantes é só um exemplo do que acontece em tantas outras terras indígenas e unidades de conservação na Amazônia e mostra as consequências da falta de governança, aliada ao descontrole do mercado. A Amazônia já perdeu aproximadamente 730 mil quilômetros quadrados, 80% fruto do desmatamento para pecuária. É uma área maior que países como Holanda, Alemanha e Inglaterra juntos. "É possível alcançarmos o desmatamento zero, produzindo mais e melhor sem derrubar mais nenhum hectare de floresta”, conclui Astrini.

Enquanto isso na Terra Indígena Marawãtsede

Após a divulgação do relatório Farra do Boi, do Greenpeace, e pela sua repercussão na mídia, em dezembro de 2009, a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) anunciou, com a presença do então ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, um acordo para frear o desmatamento da Amazônia estimulado pela pecuária. Para enfrentar a ameaça de perder mercado, comprometiam-se a eliminar das prateleiras qualquer carne com origem em áreas recém desmatadas na Amazônia, com trabalho escravo e em terras indígenas e áreas protegidas. Ficaram só na promessa.

Os três gigantes do setor Wal-Mart, Carrefour e Pao de Açúcar também se comprometeram em não comprar mais de fazendas envolvidas nessas mesmas condições na Amazônia, mas até agora não apresentaram nenhuma ação concreta sobre como irão implementar esse compromisso.

Para atestar que cumprem sua palavra, os supermercados precisam ter controle sobre quem fornece a carne de suas prateleiras e apresentar estes dados com transparência. Para isso, é fundamental somente comprar carne que venha de fazendas com Cadastro Ambiental Rural (CAR), primeira etapa do licenciamento ambiental de uma propriedade, com o qual é possível cruzar os dados com mapas de satélite da floresta e identificar o responsável pelo desmatamento.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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