BNDES BANCA CALHAMBEQUE ATÔMICO

Panorama Ambiental
São Paulo(SP) – Brasil
Abril de 2011

Greenpeace simula acidente nuclear na sede do banco no Rio de Janeiro e cobra a suspensão do investimento em Angra III para garantir a segurança do país.

Na véspera do aniversário de 25 anos do acidente nuclear em Chernobyl, na antiga União Soviética, uma ‘nuvem radioativa’ cobriu a sede do BNDES, no Rio de Janeiro. A fumaça laranja que subiu aos céus no Largo da Carioca, endereço do banco no centro da cidade, foi ao mesmo tempo um alerta sobre os perigos de um acidente nuclear e um apelo para que o BNDES suspenda o financiamento para a construção da usina nuclear de Angra III.

Por volta das nove e meia da manhã, ativistas do Greenpeace vestidos como equipes de resgate em acidentes nucleares dispararam sinalizadores de fumaça na frente do prédio do BNDES, simulando contaminação por radiação. Um cartaz pedia ao BNDES para não financiar uma geração de energia tão insegura, como provam Chernobyl e Fukushima.

O governo brasileiro tem na manga cinco projetos de novas usinas nucleares. Quatro ainda estão sem endereço definido. Jacques Vagner, governador da Bahia, torce para levar a maior parte delas para seu estado. A quinta está para ser construída em Angra dos Reis, no litoral Sul fluminense, no complexo que já abriga as usinas nucleares de Angra I e II. A nova unidade, Angra III, já custou aos cofres públicos 1 bilhão de reais e a estimativa do seu custo total ultrapassa 10 bilhões de reais. É muito dinheiro para se investir em uma usina que até seus criadores, os alemães, consideram uma espécie de calhambeque atômico.

Os planos de Angra III datam da década de 70 e empregam tecnologia alemã. Seus reatores podiam ser chamados de modernos nos anos 80, quando foram construídos. Hoje, são peças de museu. Após o acidente no complexo nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, em 11 de março, o governo alemão, antigo parceiro na empreitada atômica brasileira, anunciou a revisão da fiança de 3 bilhões de reais que havia estendido ao projeto de Angra III. A chanceler alemã Ângela Merkel foi apenas coerente com o que está fazendo em casa.

Pressionada nas urnas a abandonar os planos nucleares, Merkel cancelou as operações de sete reatores fabricados na década de 80 em seu país, similares ao que será instalado em Angra III. E mandou investigar a fundo seus protocolos de segurança. Foi um claro sinal de que a Alemanha acha que reatores fabricados há três décadas são ultrapassados e perigosos.

“Angra III não tem plano de segurança adequado e não apresenta destinação para o lixo radioativo, a exemplo das outras duas usinas em operação na região. Se a Alemanha, detentora da tecnologia dos reatores, já admitiu que não considera a tecnologia segura, por que insistimos em seguir adiante com uma obra de alto risco?”, questiona Ricardo Baitelo, responsável pela Campanha de Energia do Greenpeace.

Desde o acidente no Japão, governos de vários países como Rússia, Bélgica, Suíça, Itália e China já se manifestaram contrários ao investimento em geração nuclear. Uma pesquisa de opinião de âmbito mundial, levada a cabo aqui no Brasil pelo Ibope, revelou que 54% da população brasileira se opõe às usinas nucleares. A mesma pesquisa, que rendeu reportagem no jornal O Estado de S. Paulo do último dia 19 de abril, mostra que, em outros países, a oposição à energia nuclear também é majoritária.

“Resta ao BNDES pensar melhor destino para o dinheiro público do que o investimento em uma fonte insegura, altamente perigosa, cara e desnecessária. O Brasil tem potencial para se tornar 100% renovável com energia limpa e totalmente segura como eólica e solar a custo muito menor”, afirma Baitelo.

A data do protesto foi escolhida para relembrar o pior acidente nuclear que o mundo já assistiu, em Chernobyl, atual Ucrânia. No dia 26 de abril o acidente completa 25 anos, mas continua a fazer vítimas. O perigo da energia nuclear, no entanto, parece não querer ser esquecido. O recente acidente em Fukushima, no dia em que completou seu primeiro mês, foi elevado à categoria 7, mesmo nível de gravidade de Chernobyl.

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Um tempo que nunca passa

Quase 25 anos se passaram desde que a explosão de um reator em Chernobyl tornou-se o maior desastre nuclear da história. Este ano, o aniversário do acidente, lembrado no fim de abril, poderia passar despercebido, não fosse um novo caos nuclear assolar o Japão. Para o Greenpeace, Chernobyl nunca foi esquecido. Uma equipe esteve lá e revelou: o drama continua.

Nas proximidades da cidade ucraniana, que na época da explosão ainda pertencia à antiga União Soviética, o leite consumido pelas crianças, algumas frutas silvestres e cogumelos apresentaram níveis de contaminação por césio-137 muito acima do recomendado para a saúde humana. Foi o que detectou o time de especialistas em radiação que esteve recentemente na cidade.

Na época do acidente, quando uma violenta explosão destruiu o revestimento de um reator e causou a liberação de níveis extremos de radiação no ar, 18 mil km2 de plantações de alimentos foram contaminados. Nos anos seguintes ao desastre, o governo ucraniano fez uma série de análises nos alimentos, mas há dois anos não volta na região, ou publica dado novo.

Este é o principal erro para Iryna Labunska, pesquisadora do Greenpeace Internacional que esteve envolvida no monitoramento. “É preciso que haja pesquisa mais aprofundada sobre a contaminação na agricultura ucraniana hoje”, afirma. “A radiação dos alimentos afeta pessoas que vivem até a quilômetros da cidade, mas que consomem a produção local”, complementa.

Em 1986, ano do acidente, a área afetada pelo desastre nuclear foi equivalente à cinco vezes o território da Holanda. Sete milhões de pessoas, destas, três milhões de crianças, moravam em áreas próximas à Chernobyl. Cerca de 350 mil tiveram que abandonar suas casas. Estima-se que o número de mortes por casos de doenças relacionadas à radiação seja em torno de 100 mil.

“Estamos assistindo no caso de Fukushima a uma situação muito parecida acontecer com o leite e vegetais consumidos pelos japoneses”, diz Labunska. Em vilarejos fora do raio de evacuação estipulado pelo governo, uma equipe do Greenpeace encontrou níveis de contaminação muito elevado nos alimentos e populações ainda não devidamente alertadas para o perigo.

“Só há uma maneira de evitarmos casos como estes”, alerta Labunska. “Acabar com a produção de energia nuclear no mundo”.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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