COMUNIDADE CIENTÍFICA CONTRA MUDANÇA DO CÓDIGO FLORESTAL

Panorama Ambiental
São Paulo(SP) – Brasil
Abril de 2011

Para Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e para a Academia Brasileira de Ciências (ABC), nenhum cientista ou pesquisador foi consultado na elaboração do relatório de Aldo Rebelo

Brasília, 29 de abril de 2011 — Às vésperas da votação da reforma do Código Florestal na Câmara dos Deputados, prevista para os dias 3 ou 4 de maio, a SBPC e a ABC apresentaram o estudo "O Código Florestal e a ciência - contribuições para o diálogo", elaborado por um grupo de trabalho composto por 12 especialistas.

O documento posiciona-se contra o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdo B-SP), aprovado em julho do ano passado em comissão especial na Câmara dos Deputados. Para a SBPC e a ABC, Rebelo não consultou a comunidade científica para elaborar seu relatório, incorrendo em erros graves e potencialmente danosos para a saúde ambiental do Brasil. Entre outros pontos, os cientistas condenam na proposta a redução das áreas de proteção permanente de 30 metros às margens dos rios mais estreitos e pedem que o Congresso Nacional adie por dois anos a votação do novo Código Florestal, para que a decisão sobre a nova lei possa ser tomada com base em estudos científicos.

"Ainda que perigosamente tardio, foi muito bem-vindo o posicionamento da comunidade científica brasileira, já que o que está sendo proposto no relatório de Aldo Rebelo é extremamente perigoso em termos da sustentabilidade das áreas rurais”, afirma Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da Conservação Internacional. Segundo Prado, a proposta de mudança prejudica tanto a produção como o equilíbrio dos serviços ecossistêmicos, essenciais para a manutenção da vida em todos os seus usos.

Para Prado, o Código Florestal deve se pautar pelo conhecimento e predição de paisagem capazes de manter a produção do agronegócio com a manutenção de serviços ambientais essenciais, como água, solos, biodiversidade e microclimas. “O relatório Rebelo, se mantido sob a forma de Lei, poderá levar o país a um apagão hídrico e energético, já que prevê a supressão de Áreas de Preservação Permanente (APPs). A falta de embasamento científico é de uma enorme temeridade", conclui.

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Entidades lançam manifesto contra relatório Aldo Rebelo

Documento condena mudanças propostas pelo deputado do PC do B, como a diminuição das Áreas de Proteção Permanente e da Reserva Legal e a anistia aos desmatamentos realizados até 2008

Brasília, 07 de abril de 2011 — Foi lançado hoje em Brasília, por várias entidades da sociedade civil que participam dos movimentos social e ambientalista, um manifesto contra a aprovação do relatório Aldo Rebelo para a mudança do Código Florestal. Segundo as entidades, as mudanças previstas pelo relatório do deputado do PC do B de São Paulo só favorecem o agronegócio e o modelo de agricultura baseado na utilização em larga escala de agrotóxicos. Além disso, elas possibilitarão o desmatamento sem critério de biomas altamente ameaçados, como o Cerrado, a Caatinga e a Amazônia.

A Conservação Internacional (CI-Brasil) é uma das signatárias do documento, que defende a manutenção das Áreas de Proteção Permanentes (APPs). Essas áreas protegem os topos de morros e as margens de córregos e rios, evitando deslizamentos de terra e o asseoramento dos cursos d´água e permitindo a manutenção dos serviços ecossistêmicos providos pelos recursos naturais.

"Não acredito em suicídio. É incompreensível que a proposta Rebelo, apoiada pelos produtores rurais, não leve em consideração a necessidade de conservar água, solos, serviços ambientais e a biodiversidade, como se fosse possível sobreviver sem esses recursos", declarou Paulo Gustavo Prado, diretor de Política Ambiental da CI-Brasil.

O manifesto defende também o tratamento diferenciado para as propriedades de agricultura familiar e é assinado por diversas entidades de defesa dos pequenos agricultores, como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (FETRAF).

Leia abaixo a íntegra do manifesto:
Por uma lei florestal justa e efetiva: não à aprovação do relatório Aldo Rebelo para mudança do Código Florestal

Está para ser votado na Câmara dos Deputados um dos maiores crimes contra o nosso país e sua imensa biodiversidade: a destruição do Código Florestal. A nossa lei que protege as margens de rios e as encostas da erosão e dos deslizamentos, que mantém parte de nossas florestas, cerrados e caatingas preservados e que estimula o manejo sustentável de nossas riquezas naturais está na mira da bancada ruralista! Alegando que a lei atrapalha o agronegócio brasileiro, os ruralistas encomendaram ao deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP) uma proposta de alteração que está prestes a ser votada e que, dentre outras coisas, pretende:

a) anistiar os desmatamentos ilegais realizados em APPs até 2008: não será mais necessário recuperar os desmatamentos ilegais realizados em encostas, beiras de rio e áreas úmidas, beneficiando quem desrespeitou a lei e prejudicando a sociedade, que terá que conviver para sempre com rios assoreados, deslizamentos de encostas, águas envenenadas, casas e plantações levadas por enchentes, dentre outros.

b) diminuir a proteção aos rios e topos de morro: prevê que os rios menores, justamente os mais abundantes e frágeis, terão uma proteção menor, que pode chegar a ¼ da atual. Da mesma forma, retira toda e qualquer proteção aos topos de morro, áreas frágeis e sujeitas a deslizamentos e erosão em caso de uso inadequado. Somada à anistia, significará uma perda muito significativa de proteção a essas áreas.

c) diminuir a reserva legal em todo o país: isenta os imóveis de até 4 módulos fiscais de recuperar a reserva legal, e para todos os demais diminui a base de cálculo, o que significa diminuir ainda mais uma área que já é considerada por todos como pequena para proteger a biodiversidade. Isso sem contar a possibilidade de fraude, com fazendas maiores se dividindo artificialmente para não ter que recuperar as áreas desmatadas.

d) permitir a compensação da reserva legal em áreas remotas, sem nenhum critério ambiental: passando a levar em consideração apenas o valor da terra, e não a importância ambiental ou a necessidade de recuperação ambiental da região onde ela já deveria estar. Essa proposta terá repercussões na estrutura agrária em todo o país, expulsando agricultores familiares e camponeses, povos indígenas e quilombolas.

e) possibilitar que municípios possam autorizar o desmatamento: o que significa criar o total descontrole na gestão florestal no país, já que são muitos os casos de prefeitos que têm interesse pessoal no assunto, configurando um inadmissível conflito de interesses. Para quem defende essa proposta, o que interessa é manter monoculturas envenenadas com agrotóxicos, movidas a trabalho escravo e permitindo uma destruição ambiental constante. Não é isso que interessa ao país.

Nós, organizações ambientalistas, movimentos sociais do campo e sindicalistas de todo o Brasil, defendemos valores e práticas bem diferentes. Por isso defendemos uma proposta diferente para o Código Florestal, que deve prever, dentre outros:

f) Tratamento diferenciado para a agricultura familiar, que tem no equilíbrio ambiental um dos pilares da sua sobrevivência na terra, com apoio técnico público para recuperar suas áreas e gratuidade de registros;

g) Desmatamento Zero em todos os biomas brasileiros, com exceção dos casos de interesse social e utilidade pública, consolidando a atual tendência na Amazônia e bloqueando a destruição que avança a passos largos no Cerrado e na Caatinga;

h) Manutenção dos atuais índices de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente,mas permitindo e apoiando o uso agroflorestal dessas áreas pelo agricultor familiar;

i) Obrigação da recuperação de todo o passivo ambiental presente nas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, não aceitando a anistia aos desmatadores, mas apoiando economicamente aqueles que adquiriram áreas com passivos para que recuperem essas áreas;

j) A criação de políticas públicas consistentes que garantam a recuperação produtiva das áreas protegidas pelo Código Florestal, com a garantia de assistência técnica qualificada, fomento e crédito para implantação de sistemas agroflorestais, garantia de preços para produtos florestais e pagamentos de serviços ambientais;

A sociedade brasileira exige do Congresso Nacional e da Presidente eleita que este relatório nefasto não seja aprovado, e que em seu lugar seja colocado um texto que interesse a todos os brasileiros, ou seja, que não diminua a proteção de áreas ambientalmente importantes, mas que crie condições para que elas sejam efetivamente protegidas.

Por isso milhares de pessoas estão organizadas hoje para gritar: NÃO AO RELATÓRIO DA BANCADA RURALISTA! POR UM CÓDIGO FLORESTAL QUE DE FATO GARANTA PRODUÇÃO E PROTEJA AS FLORESTAS!


 

Fonte: Conservação Internacional Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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